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Pesquisas e dados

Pesquisa associa obesidade infantil à tevê

  • Sexta-feira, 21 de janeiro de 2005, 15h44
  • Última atualização em Quarta-feira, 09 de maio de 2007, 07h38

Duas pesquisas realizadas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 2004, revelaram que é grande a exposição à publicidade de guloseimas nos intervalos de programas infantis na televisão. A nutricionista responsável pelo estudo, Paula Morcelli de Castro, afirma que para cada dez minutos de propaganda, um minuto tem o objetivo de promover o consumo de produtos alimentícios, contribuindo para gerar hábitos nem sempre saudáveis.

Segundo ela, "isso indica que as crianças são estimuladas a consumir diariamente comidas muito calóricas e pouco nutritivas. A nossa preocupação é que esse hábito continue na adolescência e na idade adulta, levando à obesidade", afirma. Para chegar a essas conclusões, a pesquisadora gravou dez horas de programação infantil em duas das maiores emissoras do país, no horário das 8h às 12h, em julho, mês de férias escolares. A idéia do projeto era verificar a quantidade dos anúncios e o perfil dos produtos. Dos 600 minutos gravados, cinco minutos e três segundos foram gastos com a venda de produtos alimentícios. Estudo da Organização Mundial de Saúde apontou que apenas 30 segundos de propaganda já são suficientes para exercer forte influência sobre as crianças.

De acordo com a nutricionista, o consumo das guloseimas é facilitado pelo preço das marcas e pela variedade e disponibilidade no mercado. Ela reconhece que para os pais também é mais fácil dar um pacote de salgadinhos e um refrigerante do que cozinhar para seu filho. "A praticidade é tentadora", explica.

Guloseimas - Outro estudo da Unifesp, concluído em 2003, identificou que bolacha recheada e salgadinhos já são sinônimos de refeição para os pequenos estudantes. O trabalho de mestrado da nutricionista Gabriela Halpern partiu da gravação de um mês de propaganda nas três maiores emissoras de televisão do país - 37% faziam referência a bolachas, doces e balas - e de entrevistas com 235 alunos de 8 anos de idade, em média, de escolas das redes pública e privada.

A conclusão foi preocupante: apenas 9% das crianças identificaram seu lanche com o produto da televisão, porém todos os alimentos anunciados na programação infantil foram consumidos no lanche escolar ou solicitados de alguma forma aos pais durante o período da pesquisa. O trabalho também mostrou que entre os alunos de classe média das escolas particulares a dupla favorita, salgadinho e bolacha com recheio, pode ser encontrada em 50% das lancheiras. Já os alunos da rede pública, embora consumissem a merenda oferecida pela escola, freqüentemente pediam aos pais para ir a lanchonetes.

Soluções - Na opinião dos nutricionistas, a solução para o problema passa por uma regulamentação mais adequada das propagandas e da conscientização dos profissionais. "Seria interessante que as agências de publicidade consultassem um profissional de nutrição antes de criar uma campanha. Faltam informações nutricionais e as pessoas não sabem o que estão comprando", disse José Augusto Taddei, chefe de nutrição e metabolismo da Unifesp. Ele destacou a importância de se ter em casa um hábito alimentar estabelecido pelos pais para que as crianças comam guloseimas só de vez em quando. "O que não pode acontecer é a substituição da refeição por esses alimentos", ressalta.

Enquanto isto não acontece, Taddei aconselha que os pais fiquem atentos ao consumo exagerado de alimentos gordurosos e calóricos por seus filhos. A sugestão é tentar convencê-los a trocar, no primeiro momento, salgadinhos, bolachas e refrigerantes pelas versões diet ou light desses produtos, que não contêm açúcares e gorduras.

Ensinando a comer - Pesquisadores de nutrologia ligados à Unifesp criaram o jogo Prato Feito em conjunto com uma empresa fabricante de brinquedos para ensinar crianças acima de sete anos a fazer uma alimentação equilibrada e montar refeições diversificadas e apetitosas.

Brincando com os grupos alimentares (energéticos, reguladores e construtores) a criança aprende a identificar os nutrientes de cada alimento e substituí-los por outros que tenham a mesma propriedade nutricional. Podem participar de duas a quatro pessoas e vence o jogo o participante que montar primeiro o seu prato com itens de todos os grupos da pirâmide e completar o caminho do tabuleiro. (Sonia Jacinto, com informações da Assessoria de Imprensa da Unifesp)

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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