Participar mais da vida da escola é o desejo dos pais
Aulas de informática, oferta de ensino profissionalizante, aumento das reuniões na escola é o que reivindicam 96% dos pais de alunos das escolas públicas do ensino fundamental, da zona urbana, segundo pesquisa nacional divulgada nesta segunda-feira, 23, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aníso Teixeira (Inep/MEC).
O Inep foi a campo pela primeira vez na sua história para ouvir os pais sobre o que eles acham da qualidade da escola de seus filhos, da atuação de professores e diretores e da infra-estrutura dos espaços. A pesquisa nacional Qualidade da Educação: a Escola Pública na Opinião dos Pais foi realizada em janeiro e fevereiro deste ano com dez mil pais de todas as regiões do país, quando foram ouvidas 370 famílias por estado, 19 escolas por estado e 20 famílias por escola. Ao dar notas – de 0 a 10 –, a localização da escola ficou com nota 8,7; as condições da sala de aula, 7,9; o espaço do recreio, 7,8; a conservação do prédio, 7,6. As notas mais críticas foram atribuídas ao acesso à informática, que ficou com 2,9, e para a biblioteca, que obteve 6,5.
Na avaliação do presidente do Inep, Eliezer Pacheco, a pesquisa mostra uma série de problemas da escola pública de ensino fundamental, mas revela que ela é vista pelos pais como “algo extremamente importante para a mobilidade social de seus filhos”. Pacheco destaca que os pais pedem acesso à informática e melhores bibliotecas, por exemplo, mesmo que 27% deles não saibam ler e escrever ou não completaram a 4ª série do ensino fundamental. Os pais também disseram que desejam participar mais da vida da escola, o que para o presidente do Inep sinaliza que as escolas devam convocá-los mais freqüentemente.
Comparação – Quando os pesquisadores pediram aos pais que comparassem a escola que eles freqüentaram com a dos filhos, eles disseram que a escola dos filhos é melhor (57,2%); que o ensino é melhor (57,3%); que o professor é melhor (54,7%); e que o filho está preparado para enfrentar a vida (72,1%). O Inep constatou também que os alunos das escolas públicas urbanas vêm de famílias com renda familiar baixa: 53,47% têm renda bruta mensal de até R$ 519,99 e apenas 0,40% têm renda superior a R$ 5.200,00. É crítico o nível de leitura dos pais. Quase 75% deles responderam que nunca ou raramente lêem jornal, livro ou revista, mas que assistir televisão é o principal lazer de 50% dos entrevistados.
Violência – Roubos, brigas, gangues, consumo e tráfico de drogas na escola e nos seus arredores também são problemas que preocupam os pais. Para o presidente do Inep, essa violência relatada não é diferente da que existe na sociedade, “porque a violência é também uma das faces da miséria” que deve ser resolvida com políticas afirmativas, de distribuição de renda e de uma cultura de paz. Eliezer Pacheco lembra que a abertura das escolas públicas nos finais de semana mostra que um ambiente de agregação social limita a violência, revelando a importância dessa iniciativa por meio da parceria entre estados, municípios, o Ministério da Educação em convênio com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Repórter: Ionice Lorenzoni