Brancos são vinte pontos percentuais a mais nas universidades do que na população geral
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) divulgou hoje, 15, dados preliminares sobre o percentual de estudantes da educação superior por raça e cor. O trabalho analisa a série histórica 2000-2003, utilizando informações do Questionário Socioeconômico do Exame Nacional de Cursos e os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados apontam que a cor da população da educação superior é bastante diferente da cor da população brasileira. Segundo o IBGE, em 2003 os brancos representavam 52% dos brasileiros. Já a população branca na educação superior é de 72,9%, o que significa mais de vinte pontos percentuais a mais de brancos nas Instituições de Educação Superior (IES) do que na população geral. "Esses dados demonstram a necessidade das políticas de cotas", analisa o presidente do Inep, Eliezer Pacheco.
A pergunta "Como você se considera? Branco? Negro ou preto? Pardo ou mulato? Amarelo de origem oriental? Indígena ou de origem indígena?" foi respondida por centenas de milhares de estudantes nos últimos anos pelos participantes do Exame Nacional de Cursos (ENC). Conforme o estudo, quando se comparam os percentuais das respostas dadas a estas perguntas com os dados do IBGE, no mesmo período, constata-se que a proporcionalidade existente entre raça e cor na sociedade como um todo não se reproduz entre os estudantes no campus.
A série histórica 2000-2003 indica que ao longo dos últimos anos vem diminuindo percentualmente a representação de brancos no campus (-7%), enquanto cresce a de pretos e pardos (+1,4% e +7%, respectivamente). A representação de amarelos e indígenas se manteve relativamente estável, com pequena diminuição em ambos os grupos. "Quando, no entanto, comparamos os percentuais históricos de estudantes brancos, negros e pardos no campus com os percentuais da população do IBGE percebemos que permanece bastante grande a diferença entre ambos e que há um longo caminho a ser trilhado até que se alcance a paridade destas representações", avalia o presidente do Inep. Os números mostram, ainda, que com o crescimento médio anual da população de negros e pardos no campus, de aproximadamente 0,4% e de pardos de 1,2%, mantidos os níveis atuais de crescimento da representação percentual da população no campus, a paridade só poderá ser alcançada daqui a 20 anos.
Percentual da população da educação superior por cor/raça 2000 - 2004
CorAno | 2000 | 2001 | 2002 | 2003 |
Branco | 80,5% | 83,7% | 76,2% | 72,9% |
Negro/Preto | 2,2% | 1,8% | 3,1% | 3,6% |
Pardo ou Mulato | 13,6% | 11,4% | 18,0% | 20,5% |
Amarelo (de origem oriental) | 2,6% | 2,1% | 2,2% | 2,0% |
Indígena (ou de origem indígena) | 1,1% | 0,9% | 0,5% | 1,0% |
Fonte: Deaes/Inep/Mec
Diferenças - Os dados gerais da população universitária por região, quando comparados com as respectivas representações regionais da população brasileira, mostram que na população branca, a diferença global, no país, entre o campus e a população geral, é de 20 pontos percentuais. A diferença no tocante à população branca é de 14,3% no Norte, 25,9% no Nordeste, 16,1% no Sudeste, 8,4% no Sul e 19,2% no Centro-Oeste, sempre em favor do campus. "As diferenças são, portanto, significativas. Observa-se ainda que, em todas as regiões do país a proporção de brancos no campus é superior à sua representação na população", revela o Inep.
Com relação aos negros e pardos, observa-se em geral exatamente o contrário. Apenas na região Norte a sua representação no campus supera a sua representação na população. Observa-se que no país há 5,9% de negros e no campus brasileiro, apenas 3,6%. No Nordeste, há 6,3% de negros na população e 6,2% de negros no campus; no Sudeste há 6,8% de negros na população e a metade (3,4%) de negros no campus; no Sul, são 3,6% de negros na população e menos da metade (1,4%) de negros no campus e, por fim, no Centro-Oeste há 4,5% de negros na população e 4,3% no campus. Verifica-se que o Sul e o Sudeste estão longe de terem atingido a paridade na representação. Importante é que quanto mais economicamente desenvolvida é a região, como o Sudeste e o Sul, menos a participação percentual de negros no ensino superior comparada às outras regiões brasileiras.
Percentual de estudantes da educação superior por cor/raça e região:
Cor/Raça | Brasil | Norte | Nordeste | Sudeste | Sul | Centro-oeste |
Branco | 72,9% | 40,5% | 51,4% | 78,1% | 90,6% | 62,1% |
Negro/Preto | 3,6% | 5,0% | 6,2% | 3,4% | 1,4% | 4,3% |
Pardo ou Mulato | 20,5% | 49,1% | 40,3% | 15,2% | 5,8% | 30,7% |
Amarelo (de origem oriental) | 2,0% | 1,5% | 0,9% | 2,6% | 1,7% | 1,7% |
Indígena (ou de origem indígena) | 1,0% |
Tema: Diversidade
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