Diretriz inclusiva estimulará interação com diversidade de alunos
Monique Reis, 20 anos, estuda espanhol no Centro Interescolar de Ceilândia (Cilc), ao lado de uma colega com deficiência mental leve. Durante uma de suas aulas, o professor perguntou à jovem com deficiência: “Em que você tem dificuldade?”. Ela respondeu que tinha dificuldades em aprender. Curioso, o professor voltou-se para a turma e lançou outra pergunta: “Quem aqui tem dificuldades em aprender?”. Todos ergueram os braços em resposta.
São exemplos como esse que a Secretaria de Educação Especial (Seesp/MEC) pretende estimular por meio da inclusão dos alunos com deficiência – física, sensorial ou mental – no ensino regular e tecnológico. Em parceria com ONGs, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de todo o Brasil e outras entidades, os assessores da Seesp discutem diretrizes nacionais para a educação especial. A informação é da coordenadora do programa Incluir na Diversidade, Denise Alves. “As atuais diretrizes são de 2001 e não contemplam a evolução do nosso trabalho”, avalia. “Ainda conservam o caráter substitutivo do ensino.”
Denise se refere à política de ensino que prevê escolas especiais para alunos com deficiência. Com as novas diretrizes inclusivas, os alunos, independentemente do grau e tipo de deficiência, deverão ser integrados ao ensino regular comum. “A intenção não é acabar com as escolas especiais, como as Apaes, mas torná-las centros de excelência”, completa.
Apaes – As Apaes irão se transformar em locais de complementação do ensino regular, onde o aluno com necessidades especiais terá ajuda para assimilar melhor o conteúdo escolar. Por exemplo, o aluno surdo terá aula da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e o aluno com deficiência visual poderá aprender o sistema Braille. As Apaes deverão investir na formação profissionalizante, como o que já ocorre na unidade de Contagem (MG).
As novas diretrizes vão colocar o Brasil à frente de muitos países das Américas e da Europa, que não permitem a inclusão de seus deficientes no ensino comum, segundo Denise. A conclusão surgiu na semana entre 17 e 21 de outubro, quando a coordenadora representou o MEC no Fórum Internacional sobre Síndrome de Down, em Campinas (SP).
As novas diretrizes para a educação especial devem ser finalizadas até o fim do ano e abrangem instruções para a inserção do aluno com deficiência, também, no ensino técnico-profissionalizante.
Maria Clara Machado