Alfabetizandos criam cadeia produtiva
Colchas, tapetes, almofadas, panos-de-prato, bolsas de palha de milho, toalhas com fitas e bordados de Brazlândia, Distrito Federal. Requeijão, queijo, peças de carne suína e também artesanato do assentamento Chico Mendes, no município de Arinos, Minas Gerais. Os produtos são fabricados por comunidades que são alfabetizadas e, simultaneamente, constituem cadeias produtivas e geram renda.
As duas comunidades são ligadas ao projeto-piloto Alfa-Inclusão, apresentado por gestores, alunos e professores nesta segunda-feira, dia 4, durante o seminário Diferentes Diferenças: Caminho de uma Educação de qualidade para todos, que prosseguirá até sexta-feira, 8, na Academia de Tênis de Brasília. O projeto é uma parceria do MEC com a Fundação Banco do Brasil.
“Tem sido uma grande honra a oportunidade de estudar. Nesse caminho, estou encontrando muitos objetivos”, afirmou o lavrador Geraldo Rafael Ramos, 53 anos, do assentamento Chico Mendes. O mineiro, recém-alfabetizado, destacou que sabia plantar e colher, mas não sabia transportar. Agora, Geraldo Rafael e outros colegas, além de aprenderem a ler e a escrever, comercializam as colheitas. As mulheres produzem e vendem artesanato.
Eles contam com o apoio da professora Petronília Teixeira da Silva. Para conter a evasão, ela caminha longas distâncias na área rural, à procura dos alunos. “Vou além do que seria minha obrigação. Tenho aprendido muito também com os alfabetizandos”, disse.
Na opinião do diretor do Departamento de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), Timothy Ireland, o momento é de celebrar a alfabetização no País, valorizar e respeitar as diferenças em comunidades tratadas, às vezes, como exóticas. O seminário apresenta experiências de alfabetização de grupos indígenas, movimento de mulheres, negros, trabalhadores do campo e defensores do meio ambiente, por exemplo.
Segundo Ireland, em quatro anos, o Brasil Alfabetizado, programa criado pelo MEC em 2003, já alfabetizou 7,2 milhão de jovens e adultos.
O Alfa-Inclusão teve início este ano, no assentamento Chico Mendes, em Arinos e em Brazlândia, com quatro turmas, num total de 90 alunos, quatro professores e dois consultores.
Susan Faria
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