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Diversidade

Crianças participam do Seminário Diferentes Diferenças

  • Quinta-feira, 07 de dezembro de 2006, 12h55
  • Última atualização em Segunda-feira, 14 de maio de 2007, 10h04

“Se você fosse um rio, seria um rio bonito ou poluído? Se fosse uma flor, seria tulipa ou margarida? E se você fosse gente, como eu, que tipo de gente você queria ser?” Com estas perguntas, por meio de uma apresentação teatral, seis crianças e adolescentes da região do Semi-Árido baiano despertaram, na manhã desta quinta-feira, dia 7, a reflexão dos participantes do Seminário Diferentes Diferenças, em Brasília.

Filhas de famílias pobres de cidades próximas a Feira de Santana, elas deixaram o trabalho em pedreiras, carvoarias e no corte do sisal para passar o dia na escola, estudando e representando. As crianças fazem parte do programa Bolsa-Família, do governo federal, e do Baú de Leitura, criado pela organização não-governamental Movimento de Organização Comunitária (MOC), apoiado pelo Ministério da Educação.

Segundo a coordenadora de educação do campo do MOC, Vera Carneiro, a realidade de trabalho infantil no Semi-Árido nordestino mudou com a implantação de ações socioeducativas na região. “As famílias achavam que, por serem pobres, as crianças tinham que trabalhar. Conseguimos mudar essa cultura. Hoje, elas entendem que a renda do trabalho infantil é menos importante do que a formação que as crianças estão recebendo”, disse.

Mariana Alves, 14 anos, estudante da oitava série do ensino fundamental, diz que o programa vai ampliar as possibilidades de ter um futuro melhor. “Minha mãe só sabe assinar o nome, mas eu quero ser enfermeira”, afirmou. Magna Santana, 15 anos, cursa a primeira série do ensino médio. Ela se diz encantada com a leitura e não pretende parar com o hábito tão cedo. Já para Breno Santiago, dez anos, o projeto serve para despertar o lado artístico. “Quero ser ator. Gosto de cantar e dançar”, disse.

O Baú de Leitura atende cerca de cem famílias da Bahia e de Sergipe a partir da distribuição, em escolas do campo, de 1,1 mil baús com 45 livros cada um. As obras abordam questões de diversidade, como etnia e gênero, meio ambiente e tecnologia (como o homem interfere e modifica a natureza), e cidadania. Durante seis meses, os livros são lidos e interpretados por cada turma, que escolhe as formas de representar o conteúdo a outros alunos. Após esse período, os baús são trocados entre as salas de aula contempladas.

Interpretação — A apresentação que abriu o seminário é fruto da interpretação do livro Jeito de Ser, da escritora Nye Ribeiro. A obra incentiva a reflexão dos alunos sobre a diversidade cultural e étnica brasileira.

Criado em 1999, o Baú de Leitura já promoveu a formação de mil educadores, com apoio do MEC e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O MEC comprometeu-se a adotar a metodologia na melhoria da qualidade do ensino nas escolas do campo.

Licenciatura — Para ampliar a oferta de ensino em comunidades do campo, o coordenador de educação do campo da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), Antônio Marangon, informou que será criado o curso de licenciatura de professores do campo. Inicialmente, cinco universidades federais — de Brasília, Minas Gerais, Sergipe, Paraíba e da Bahia — foram selecionadas para desenvolver o curso.

A proposta pedagógica será voltada para disciplinas que tenham relação com a educação no campo, como ecologia, meio ambiente, reflorestamento, ciências agrárias e desenvolvimento sustentável, além daquelas do currículo comum. Os professores formados atuarão na educação básica. As aulas devem começar no próximo ano.

Maria Clara Machado

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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