Países de língua portuguesa debatem educação de jovens e adultos
Representantes de sete nações da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) vão se reunir para falar, pela primeira vez, sobre a educação de jovens e adultos. De segunda-feira, dia 14, até quinta, 17, no Naoum Plaza Hotel, em Brasília, cerca de 40 representantes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Brasil estarão reunidos para debater a Cooperação Sul-Sul.
A proposta, segundo o professor Timothy Dennis Ireland, diretor do departamento de educação de jovens e adultos (EJA) do Ministério da Educação, é criar um espaço para o debate construtivo, incluindo as práticas em alfabetização, escolarização e educação continuada entre as nações da comunidade, de forma a possibilitar uma troca de experiências para melhorar o trabalho realizado em cada país, respeitadas as especificidades culturais.
No encontro, promovido pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), em parceria com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), serão respondidas questões sobre as demandas que o Brasil recebe de outros países de língua portuguesa para a cooperação técnica em alfabetização e educação de jovens e adultos. Também serão identificados os principais esforços governamentais para esse segmento. Uma das propostas, segundo o Ireland, é formar uma rede de parcerias, com uma agenda articulada para atingir as metas da Década da Alfabetização da Unesco.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 33 milhões de analfabetos funcionais — pessoas com menos de quatro anos de estudo — e 16 milhões de pessoas com mais de 15 anos ainda não alfabetizadas. Um dado relevante aponta que a taxa de analfabetismo é maior entre os mais velhos (34% têm mais de 60 anos) e também entre as pessoas com menor rendimento familiar (28% ganham até um salário mínimo).
Indicadores — Em Moçambique, o índice de analfabetismo atinge 56,2% da população. Mesmo tendo o português como idioma oficial, a população convive com mais de 25 línguas nacionais e 33 dialetos.
Em fase de reestruturação política após a guerra civil, a Guiné-Bissau tem um quadro crítico em relação à alfabetização e à educação de jovens e adultos. Os dados do Ministério da Educação Nacional apontam, em algumas regiões do país, índice de analfabetismo superior a 91%. Na capital, Bissau, o percentual é de 48%.
O arquipélago de Cabo Verde, no Oceano Atlântico, tem como língua oficial o português, mas quase todos os cabo-verdianos falam o crioulo. Lá, a taxa de analfabetismo atinge 25% da população.
Depois da guerra, que durou 41 anos, Angola apresenta 58,3% da população analfabeta. O português é a língua oficial, mas o país tem inúmeros dialetos e 20 línguas nacionais.
Em São Tomé e Príncipe, duas ilhas do Golfo da Guiné, a taxa de analfabetismo chega a 20%. O pedagogo brasileiro Paulo Freire (1921-1977) foi o responsável pela implementação de um método de erradicação do analfabetismo no país, com grandes resultados.
Localizada a noroeste da Austrália, a pequena ilha de Timor-Leste já foi colônia portuguesa. Dos 800 mil habitantes, mais de 40% são analfabetos. Apesar de a língua portuguesa ter sido declarada oficial, apenas homens e mulheres com mais de 40 anos falam o idioma. A língua nacional é o tetum. (Assessoria de Comunicação da Secad)