Professores de assentamentos rurais concluirão curso superior em 2006
Pela primeira vez, professores e diretores de escolas de assentamentos da reforma agrária de nove estados do Norte e Nordeste (Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Piauí e Pará) concluirão, em julho de 2006, o curso de graduação em pedagogia da terra oferecido pelo Departamento de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O curso, com 54 alunos, é uma parceria da UFRN com o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Os estudantes são indicados pelos movimentos sociais e assumem o compromisso de continuar na comunidade. Construído na pedagogia da alternância, que permite ao aluno estudar e permanecer na atividade rural, o curso tem atividades na universidade durante 45 dias por semestre, em regime de internato. Depois, o aluno volta para a comunidade onde vai trabalhar e pesquisar sob a orientação de um monitor.
Para a coordenadora do curso da UFRN, Marta Pernambuco, a formação é importante porque na maioria dos assentamentos da reforma agrária não há escola. Em outros, a escola é precária, os professores não têm formação e o analfabetismo é alto. Com a qualificação dos professores, os assentamentos passam a ter quadros para coordenar projetos exercendo poder multiplicador das ações locais. Marta Pernambuco informa que outra carência dos assentamentos é a oferta de educação média. Quando a UFRN fez a chamada para o curso nos 260 assentamentos do Rio Grande do Norte, encontrou dez candidatos com ensino médio completo.
Resultados - O Pronera tem parcerias com 30 universidades públicas, federais e estaduais, que executam 50 convênios. As ações envolvem a alfabetização de jovens e adultos, cursos de nível médio e técnico-profissionalizante e cursos superiores em áreas como pedagogia da terra, agronomia, ciências agrárias. Desde 1998, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) coordena a execução do programa, que envolve articulação interinstitucional de estados, universidades e movimentos sociais para fortalecer a educação nos assentamentos.
Os objetivos são reduzir o índice de analfabetismo entre trabalhadores rurais jovens e adultos residentes nos acampamentos e assentamentos, elevar a escolarização formal e ampliar o acesso à educação básica, com prioridade à oferta de formação técnico-profissional.
Repórter: Ionice Lorenzoni