Jogos tornam matemática atrativa para alunos em escola do interior gaúcho
Para muitos estudantes, a matemática não é apenas difícil; é chata. Para mudar esses conceitos, professores usam a criatividade e tentam atrair a atenção dos alunos. Dionéia Boch de Castilhos, professora do Colégio Marista Maria Imaculada, em Canela, Rio Grande do Sul, criou o projeto Jogos Matemáticos, no qual propõe desafios aos estudantes e os incentiva a inventar brincadeiras para aprender.
“Tento transmitir um pouco do prazer que a matemática pode nos dar. Ao propor problemas desafiadores, o projeto leva o aluno a investigar e a descobrir caminhos para chegar a tal resultado e perceber que a matemática não é nenhum bicho-papão”, diz a professora.
O projeto é desenvolvido desde 2005 com alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental. Segundo a coordenadora da escola, Liane Ramirez, o jogo tornou-se instrumento pedagógico para a introdução e fixação de conteúdos matemáticos. “Sendo a matemática um objeto de uso sociocultural e por estarmos imersos em um mundo no qual a quantificação, as relações espaciais e temporais permeiam o nosso cotidiano, necessário se faz refletirmos sobre as diversas situações do dia-a-dia e trazermos esse mundo matemático para a sala de aula, criando e aproveitando todas as possibilidades práticas e significativas de uso para os alunos”, afirma.
Liane explica que o trabalho com jogos tem como objetivo proporcionar aos alunos um contato mais prático com o componente curricular, desenvolver o raciocínio lógico, a habilidade de cálculo mental e possibilitar a compreensão de conteúdos matemáticos de uma maneira lúdica e atraente.
Dionéia lembra que a matemática está diretamente ligada ao dia-a-dia e, por isso, trabalha para que os estudantes a relacionem com a realidade. “Os alunos evoluíram no aprendizado ao demonstrar mais interesse pela matemática”, diz. “No sétimo ano, por exemplo, começamos a trabalhar com a regra de sinais. Depois da aplicação dos jogos, o entendimento melhorou muito, pois o aluno percebeu o porquê e a aplicação prática das regras em uma brincadeira.”
Segundo a professora, os métodos utilizados são simples. Desde um jogo de botão, para trabalhar números inteiros, a um de baralho, o pife matemático. “Também utilizo jogos de varetas, de computador, de tabuleiro, todos adaptados ao conteúdo trabalhado”, afirma. “Muitas vezes, o jogo ilustra a aula, e o aluno aprende por um método lúdico e divertido.”
A coordenadora conta que os alunos do sétimo ano confeccionaram uma “lata para calcular”, com a qual é possível realizar adição algébrica de números inteiros. Já os estudantes do sexto ano utilizaram jogos de baralho e adivinhações para desenvolver o cálculo mental. “Os alunos também criam, em grupos, jogos matemáticos. Durante essa criação, eles têm total autonomia na invenção de regras”, diz. “Os jogos criados ou adaptados serão apresentados em outubro à escola toda.”
Na opinião de Dionéia, é importante criar metodologias para formar estudantes responsáveis pelo próprio aprendizado. “Precisamos formar estudantes autônomos e criativos, competentes para estudar e pesquisar por si mesmos, visando também às exigências da sociedade e do mercado de trabalho”, destaca. “A matemática, aprendida de maneira adequada, é útil nas profissões e na formação de cidadãos.”
Rafania Almeida
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