MEC quer diálogo entre estudantes e reitoria da UnB
O diálogo. É esse o caminho que o ministro da Educação, Fernando Haddad, indicou nesta terça-feira, 8, como forma de buscar uma solução para o impasse criado dentro da Universidade de Brasília (UnB), desde o último dia 3, com a tomada do gabinete do reitor pelos estudantes. Eles pedem o afastamento do reitor Timothy Mulholland.
Haddad disse que, até o momento, os estudantes não pediram reunião com o ministério, mas que está aberto a recebê-los para dialogar sobre a situação. A Associação dos Docentes e o reitor tiveram audiências, em separado, com Haddad, nesta terça-feira. A associação, segundo o ministro, veio dizer que é contrária à intervenção do MEC nos assuntos da UnB e reafirmar o princípio da autonomia universitária nas questões internas.
A esse pedido, o ministro respondeu que não há intenção do governo em desrespeitar a autonomia da universidade, que a lei impede a intervenção e que não existe amparo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para que isso ocorra. A disposição do ministério é colaborar para “abrir canais” que possam facilitar o fim da crise.
Também Timothy Mulholland reiterou o princípio da autonomia e disse que qualquer resolução que venha a ser tomada deve passar pelas instâncias formais da UnB. “Ele pede que seja assegurado o direito de ampla defesa e não aceita julgamento sumário”, disse Haddad. O papel do MEC nesse caso, explica, é apoiar e promover o diálogo entre as partes, para ajudar a restabelecer o funcionamento pleno da instituição. “É nisso que vamos insistir.”
Entre as sugestões que o ministro apresentou à Associação dos Docentes e ao reitor, é que solicitem ao interventor da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), nomeado pela justiça há cerca de dois meses, que torne público parte do que já apurou. O interventor poderia esclarecer, por exemplo, se apurou alguma irregularidade, qual a gravidade, se há sinais de ilegalidade. Isso, diz o ministro, pode sinalizar a retomada do diálogo.
A Finatec, instituição ligada à UnB, é acusada de usar recursos da universidade na reforma do apartamento funcional do reitor e na compra de móveis e utensílios domésticos. O uso dos recursos é a causa principal do atrito entre os estudantes e o reitor.
Ionice Lorenzoni
Imagens: Tadeu Felipe