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Enem

Jovens ou veteranos, participantes do exame sonham com o ingresso na educação superior

  • Sábado, 03 de dezembro de 2016, 17h50
  • Última atualização em Sábado, 03 de dezembro de 2016, 17h54

 

Cada um no seu ritmo. Uns calmos, outros apressados. Jovens mães com seus bebês, o senhor de cabelos brancos, o estudante que saltava porque tinha um pé machucado, o outro que chegava em cadeira de rodas, o que esqueceu a caneta preta, a precavida que levava quatro na bolsa e o que vinha logo atrás, com um saco cheio de jujubas. Cada um com suas particularidades e seus pequenos truques para aliviar a ansiedade e aguentar o esforço de quatro horas e meia de exame. Mas todos que atravessam o portão naquele local de provas, em Brasília, estavam focados no mesmo objetivo: obter uma boa nota de desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Neste sábado, 3, estudantes do Distrito Federal e de 22 estados que não participaram do Enem de 2016, realizado em 5 e 6 de novembro, por causa das ocupações de instituições de ensino, puderam fazer as primeiras provas da segunda aplicação. “Achei horrível o adiamento das provas, chorei bastante e sofri durante uma semana porque estava emocionalmente preparada”, disse Eduarda Adão, 18 anos, aluna do Colégio Militar de Brasília. Ela pretende usar a nota do Enem para tentar vaga no curso de psicologia na Universidade de Brasília. Com o adiamento das provas, ela aproveitou para rever os resumos e resolver a prova que não pôde fazer em novembro.

Para segurar a ansiedade, a jovem trazia na bolsa chicletes, um lanchinho, água e quatro canetas esferográficas na cor preta. “Sou precavida”, avisou. Os candidatos tiveram quatro horas e meia para as provas deste sábado, 3, primeiro dia da segunda aplicação, referentes a ciências humanas, da natureza e suas tecnologias. “É para dar energia”, explicou Eduardo Menezes Gomes, 17 anos, que carregava um saco cheio de jujubas de todas as cores. É a terceira vez que ele faz o Enem. “Mas agora não é mais treino, é pra valer”, diz o estudante, que terminou o ensino médio em uma escola particular e quer usar a nota para disputar vaga no curso de engenharia mecatrônica.

Redação ─ No domingo, dia 4, os estudantes terão cinco horas e meia, uma hora a mais por conta da redação. “Eu gostei muito do tema da intolerância religiosa do Enem que não pude fazer porque a UnB estava ocupada”, comentou Marcela Antunes, 18 anos, aluna do Centro de Ensino Médio 1 do Paranoá, cidade do Distrito Federal. “Mas nossa professora de redação da escola é muito boa, e treinamos temas relacionados ao negro e à obesidade”, acrescentou a estudante, que vai tentar vaga em biologia.

Amiga de Marcela, Cléia Alves, 17 anos, não se importou com o adiamento do Enem. “Aproveitei que tinha mais tempo para estudar funções orgânicas, em química, e história do período do Brasil colonial e da era Vargas”, disse.

A estudante Eduarda, prevenida, levou quatro canetas de cor preta e pretende usar a nota do Enem para tentar vaga no curso de psicologia (foto Mariana Leal/MEC)

Sentada num meio-fio, num canto à sombra do sol forte de meio-dia, Edinalva Conceição Cavalcante, 45 anos, uma baiana indígena, descendente da etnia taxá, nem se dava ao direito de ficar nervosa. “Não estudei nada e estou aqui com a cara e a coragem”, contou. Ela mora numa reserva indígena em área de preservação ambiental próxima ao Setor Habitacional Noroeste, em Brasília, onde vivem 130 indígenas de cinco etnias: tuxá, fulni-ô, cariri-xocó, guajajara e xucuru. Edinalva trabalha como cuidadora de uma idosa de 91 anos. Há dois anos, terminou o ensino médio ─ frequentou aulas em turma da educação de jovens e adultos. Ela sonha em estudar engenharia florestal por ter interesse na preservação ambiental das áreas indígenas no Brasil.

Próximo a Edinalva, também acomodada no meio-fio, de guarda-chuva aberto, Adriana Pereira de Souza, de 20 anos, aguardava a abertura do portão. “Esperava chuva, mas serviu para o sol”, comentou. É a segunda vez que ela tenta o Enem. “Ano passado, morava em Tapiramutá, interior da Bahia, e não pude ir ao local de prova, que ficava em outra cidade”, explicou a candidata, que não tinha dinheiro para o transporte. “Eu me preparei para essa prova por conta própria, estudando pelo site Hora do Enem e assistindo a aulas no Youtube”, disse a jovem, que sonha em fazer fonoaudiologia. “Pode ser até numa faculdade privada porque posso conseguir uma bolsa integral ou um financiamento estudantil.”

Ao toque da sirene, às 13h, quem ainda estava na iminência de não passar pelo portão apressou os passos. Um casal com um bebê foi o último a entrar. Dois jovens chegaram atrasados. Ela entrou de volta no carro que a levara ao local de aplicação, olhou entristecida para o portão, mas não quis dizer nada aos jornalistas. Outro jovem aproximou-se do portão fechado e, aparentemente, não se abalou muito. Disse que não se importava tanto porque era um Enem para servir de teste.

Neste domingo, os portões serão abertos ao meio-dia, horário de Brasília.

Rovênia Amorim
Assessoria de Comunicação Social 

Assunto(s): Enem , segunda aplicação
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