Pesquisa pioneira aponta novo mal associado à chikungunya
Pesquisadores do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) constataram que a febre chikungunya, além da já conhecida inflamação das articulações, que dificulta a locomoção das pessoas contaminadas, pode provocar lesões vasculares irreversíveis. A pesquisa começou a ser feita em março de 2016, quando cirurgiões vasculares passaram a observar o inchaço das pernas em pacientes infectados pelo vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Até então, não havia disponível na literatura médica a associação desse sintoma com a doença. Estudos mais detalhados da equipe confirmaram as suspeitas e a associação, pela primeira vez, da lesão dos vasos linfáticos com a febre chikungunya e comprovaram uma nova manifestação clínica.
O trabalho é pioneiro no mundo. Para ser realizado, envolveu 32 pacientes, entre 30 e 80 anos — não foi identificada, ainda, uma população de risco. Eles foram submetidos a exames de sangue, ultrassom nos membros inferiores e ecocardiograma, a fim de afastar outras possíveis causas de edemas. Tiveram também de passar por exame de linfocintilografia para observação de possíveis lesões dos vasos linfáticos como causa do edema.
A sorologia dos pacientes foi realizada no Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco, responsável por estudos e diagnósticos que incluem a área epidemiológica. O laboratório é parceiro do Hospital das Clínicas da UFPE, administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao Ministério da Educação. “O Hospital das Clínicas foi muito importante para o nosso estudo ao permitir o uso de sua estrutura”, disse a cirurgiã vascular Catarina Almeida. A pesquisa, apresentada no 14º Congresso Brasileiro de Flebologia e Linfologia, em São Paulo, recebeu o prêmio de melhor trabalho.
Além de Catarina Almeida, fazem parte da equipe responsável pelo estudo no Hospital das Clínicas o professor Esdras Marques, cirurgião vascular e chefe do serviço de cirurgia vascular, e a professora Simone Brandão, chefe do serviço de medicina nuclear.
Cuidados — O edema linfático não tem cura definitiva. O tratamento baseia-se na redução dos sintomas a partir do uso de meias de compressão, em fisioterapia e, em casos específicos, em medicação. “Mas a pesquisa segue em andamento, à espera de outros pacientes, para entendermos melhor o mecanismo de formação do edema linfático na chikungunya”, diz Catarina.
Boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revela que em 2016 foram registrados 271.824 casos prováveis de febre chikungunya no Brasil. A Região Nordeste apresentou a maior taxa de incidência, com 415,7 casos por 100 mil habitantes. Entre as unidades federativas que encabeçam a lista de infectados destacam-se Rio Grande do Norte (723,1 casos por 100 mil habitantes), Ceará (537,7) e Pernambuco (522,3)
A Ebserh administra 39 hospitais universitários federais. Em parceria com as universidades federais, a atuação da empresa permite aperfeiçoar os serviços de atendimento à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e promover o ensino e a pesquisa nas unidades.
Criada em dezembro de 2011, a Ebserh é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações nas 50 unidades de saúde que integram a rede.
Assessoria de Comunicação Social, com informações da Ebserh