MEC lança coleção Caminhadas de Universitários de Origem Popular
As dificuldades enfrentadas por um agricultor analfabeto até os 37 anos de idade que, hoje, aos 45 anos, cursa o segundo ano de agronomia na Universidade Federal do Ceará (UFC) e a escalada de Giselle Pinto, 23 anos, estudante de mestrado na Universidade Federal Fluminense (UFF), em busca da realização do sonho de estudar. Estas duas histórias compõem a primeira coleção de sete livros do programa Conexões de Saberes: Caminhadas de Universitários de Origem Popular, que será lançada nesta terça-feira, 16, pelo Ministério da Educação, em Brasília.
A coleção engloba aproximadamente 200 histórias de vida e depoimentos de universitários da rede pública, que relatam as batalhas vividas e as dificuldades que tiveram de transpor para a concretização do sonho de estudar.
O programa Conexões de Saberes, desenvolvido por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), conta com a parceria do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro. O programa consiste em um conjunto de ações destinadas a acolher o estudante universitário de origem popular nas universidades públicas, identificando seus saberes e as principais dificuldades para a sua permanência nas instituições federais de ensino superior (Ifes). Isso gera subsídios para a elaboração de políticas públicas que atendam, de fato, a esse público.
Ricardo Henriques, titular da Secad, ressalta que o programa do MEC expressa de forma nítida a luta contra a desigualdade, em particular, no âmbito educacional. "O programa procura estreitar os vínculos entre as instituições acadêmicas e as comunidades populares, e também melhorar as condições objetivas que contribuem para os estudantes universitários de origem popular permanecerem e concluírem com êxito a graduação e pós-graduação nas universidades públicas."
Os livros fazem parte de um trabalho acadêmico desenvolvido por um conjunto de bolsistas das Ifes que participam do programa Conexões de Saberes. Este ano, o MEC vai publicar 14 livros. Atualmente, 31 Ifes integram o programa e estão envolvidas num projeto comum para a permanência de estudantes de origem popular nas universidades e, ao mesmo tempo, para a intervenção na realidade dos espaços sociais de referência.
Caminhadas de Universitários de Origem Popular é composto por sete volumes produzidos por estudantes das universidades federais da Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Rio Grande do Sul, Fluminense e Universidade de Brasília. Em agosto, serão publicados outros sete volumes: das Ifes do Amazonas, Pará, Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Paraíba.
Para o pesquisador Jaílson de Souza e Silva, do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, as publicações fazem parte de um projeto maior, que é o de tornar a universidade brasileira efetivamente pública. "Dar visibilidade às histórias é permitir que uma parcela invisível da população se coloque como sujeito na sociedade", explica.
A coleção será lançada nesta terça-feira, 16, às 20h, na livraria Café com Letras, na 203 Sul, em Brasília. Estão confirmadas as presenças de universitários de todas as Ifes participantes do projeto.
Repórter: Sonia Jacinto