Programa concede bolsas para estudantes cotistas
O governo federal está lançando o seu primeiro programa de bolsas de estudo para alunos negros cotistas de instituições públicas de ensino superior. O Programa Integrado de Ações Afirmativas para Negros (Brasil Afroatitude) favorece, inicialmente, estudantes de dez universidades públicas. Cerca de 500 universitários vão receber bolsas de estudos no valor de R$ 241,51 mensais para fazer pesquisas relacionadas à Aids e sobre a situação social, econômica e cultural dos afrodescendentes.
O Brasil Afroatitude é gerido, por meio do Programa Nacional de DST/Aids, pelo Ministério da Saúde. O programa integra as ações afirmativas para negros e é desenvolvido em parceria com a Secretaria de Ensino Superior (SESu/MEC), Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH/PR) e Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir/PR). O objetivo é fortalecer o combate à epidemia e possibilitar práticas de implementação de ações afirmativas inclusivas e permanentes aos universitários negros e cotistas.
A consultora de Ações Afirmativas da SESu, Deborah Silva Santos, é responsável pela coordenação de três instituições que fazem parte do programa: Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) e Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Segundo Deborah, "o Brasil Afroatitude é o primeiro incentivo de permanência voltado para os alunos negros cotistas".
A maioria das universidades conveniadas ao Brasil Afroatitude já está implementando o programa. É o caso da Universidade de Brasília (UnB), a primeira instituição a inaugurar o programa, no início deste mês, tendo ampliado de 50 para 70 o número de beneficiados. Na UnB, os cotistas participam de 21 projetos de ensino, pesquisa e extensão. Eles passam pelo curso Promoção da Saúde Sexual e Reprodutiva e Prevenção de DST/Aids, organizado pelo professor do Departamento de Serviço Social, Mário Ângelo Silva, coordenador do Brasil Afroatitude na UnB.
Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), as ações do Brasil Afroatitude resultarão de parcerias com o Centro de Estudos Afro-Orientais e Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, com a prefeitura do município de Lauro de Freitas e com ONGs como o Grupo de Apoio e Prevenção à Aids (Gapa) e o Grupo Gay da Bahia (GGB). Na UFBA, o programa será coordenado por Paula Cristina da Silva Barreto, professora do Departamento de Sociologia.
Na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o programa será lançado em abril, com a coordenação do professor Jorge Riscado, do Departamento de Medicina Social. "Teremos uma primeira fase de preparação dos alunos, com seminários e oficinas, para desenvolver planos de trabalho dos projetos", explicou o coordenador. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o programa recebeu a parceria do governo estadual e as ações serão desenvolvidas no Vale do Ribeira, uma das regiões mais pobres do estado.
Pesquisa - O programa foi lançado no último dia 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Os incentivos serão distribuídos de acordo com os planos de ação apresentados pelas universidades. As bolsas vão abranger três áreas distintas: pesquisa de iniciação científica para investigar as relações entre vulnerabilidade ao HIV/Aids e as políticas públicas para os negros; intervenção com populações vulneráveis, em parceria com entidades da sociedade civil, na forma de extensão universitária; e atividade de monitoria para ações acadêmicas inclusivas nas disciplinas correspondentes.
Os alunos serão selecionados de acordo com o rendimento escolar e o projeto apresentado. O Brasil Afroatitude ajudará a sistematizar informações bibliográficas sobre estudos e pesquisas, nacionais e internacionais, sobre DST/Aids e a população negra.
As universidades que participam do programa são: Universidade de Brasília (UnB); Universidade Federal do Paraná (UFPR); Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Universidade Federal de Alagoas (Ufal); Universidade Federal da Bahia (UFBA); Universidade Estadual da Bahia (Ueba); Universidade Estadual de Londrina (UEL); Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS); Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ); e Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG).
Sonia Jacinto