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Dia do professor

Formação para magistério exige visão ampla da escola e da sociedade

  • Quinta-feira, 15 de outubro de 2009, 11h52
  • Última atualização em Quinta-feira, 15 de outubro de 2009, 14h46

Um “chamado da sociedade” fez o engenheiro José Thiago da Silva Muniz, 46 anos, tornar-se professor de física e matemática. Há 11 anos, a Secretaria de Educação de Pernambuco convocou profissionais com bacharelado em cursos da área de exatas para suprir a carência de professores. “Os alunos estavam sem aula. Senti a responsabilidade de repassar algum aprendizado para aquelas pessoas tão carentes, que tinham todo o direito ao conhecimento, como eu tive um dia”, lembra Muniz.


Assim como ele, milhares de professores atuam na área por talento e vontade de fazer a diferença. Entretanto, uma parcela não tem formação adequada. Para tornar-se professor, é necessário ter diploma de licenciatura nas áreas específicas ou em pedagogia, para as séries iniciais.


Doutora em educação e pesquisadora na área de formação de professores, Kátia Augusta Cordeiro da Silva, da Universidade de Brasília, diz que não apenas dom e técnica formam um professor. “Um professor precisa ter um conhecimento específico da sua área e saber como repassá-lo. Sua formação é a de um profissional capaz de mediar o saber”, afirma.


De acordo com Kátia, os cursos de licenciatura consistem em um conhecimento teórico e prático relacionado à construção do profissional no processo de ensino e aprendizagem. Entre as disciplinas básicas do curso estão a ética, a estética e as políticas para a educação. “É estudar a formação do sujeito, compreender as técnicas do processo pedagógico, adquirir competência técnica do seu campo de formação e proporcionar um prazer pelo conhecimento”, explica.


O engenheiro José Thiago, que leciona em uma escola pública de Recife, sabe dessa diferença e pretende ingressar em um curso de licenciatura. “Sempre gostei de dar aulas. Reunia os colegas para ensinar no colégio e na universidade. Sei que tenho o dom, mas minha preocupação é apenas levar conhecimento e cidadania a essas crianças e adolescentes.”


José Thiago só precisa de tempo para se dedicar a um curso de licenciatura, pois ainda se divide entre a sala de aula e o escritório de engenharia.


Visão — Coordenadora de pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ângela Soligo diz que não basta conhecimento específico de matemática, física ou língua portuguesa para se tornar um professor, como nos cursos de bacharelado. “Para se tornar um professor, é preciso ter conhecimento da história da educação, das políticas da área, como elas interferem na vida de cada um”, destaca. “É preciso saber psicologia, sociologia, filosofia para entender como o conhecimento específico se relacionada com a sociedade com a organização do sistema educativo. Essa é uma formação que o bacharelado não dá.”


No passado, o bacharelado era considerado um curso de formação de pesquisadores e a licenciatura, de professores. Ângela entende que a história mudou. “Hoje, o professor também é um pesquisador da educação. A diferença é que ele também é um formador”, avalia.


Segundo Ângela, o professor com formação adequada tem uma visão mais ampla da escola e da sociedade. “Ele conhece a relação entre professor e aluno, entre o aluno e a vida da comunidade. Compreender tudo isso torna o profissional mais sensível às necessidades do aluno e mais engajado nas políticas educacionais.”

Rafania Almeida

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Assunto(s): magistério , vocação , formação
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