MEC e FAO iniciam experiência com hortas escolares em três estados
Técnicos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) começam neste sábado, 18, a visitar 60 escolas públicas de municípios de Goiás, Bahia e Rio Grande do Sul para iniciar o projeto-piloto a Horta Escolar como Eixo Gerador de Dinâmicas Comunitárias, Educação Ambiental e Alimentação Saudável e Sustentável.
O projeto, que envolve 33 escolas públicas de Bagé (RS), 17 de Santo Antônio do Descoberto (GO) e 10 de Saubara (BA), será desenvolvido numa parceria entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), a FAO, as prefeituras e pequenos agricultores. De acordo com o representante da FAO no Brasil, José Tubino, o projeto de hortas escolares envolve diversos atores: os estudantes, que vão aprender a cultivar, a se alimentar com produtos saudáveis e que vão estudar isso na sala de aula; os professores, que serão formados sobre a importância e como se prepara uma nutrição saudável; os produtores locais, que vão ajudar na construção das hortas e na produção e o FNDE e a FAO, que vão assessorar o projeto e custear parte dele.
Parceria – Para José Tubino, que participou em Brasília de uma oficina sobre educação alimentar, nutricional e ambiental, promovida pela FAO, “o Brasil tem as peças completas do quebra-cabeça, mas elas estão dispersas”. Ele disse que será preciso juntar as peças para fortalecer o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae/MEC), que tem 50 anos de experiência, e que as parcerias – MEC, FAO, alunos, professores, comunidade, prefeitura e produtores – constituem o melhor caminho. Para o sucesso do projeto, ele também sugere o treinamento das merendeiras e uma ação direta da TV Escola para aumentar e melhorar a informação.
A coordenadora do Pnae, Albaneide Peixinho, disse que entre os desafios do programa está como inserir na vida da escola os conceitos de alimentação, nutrição e saúde associados à educação. “Alimentação escolar não é simplesmente merenda, como se convencionou chamar”, explicou. Outro desafio é levar as prefeituras e escolas a respeitarem os hábitos alimentares dos alunos. Essa, disse, é uma das tarefas do Conselho de Alimentação Escolar (CAE). Albaneide sugere que as prefeituras dêem preferência à aquisição de alimentos produzidos na região que, além de atender o gosto dos estudantes, vai dinamizar a agricultura familiar nos pequenos municípios e movimentar a economia local.
Refeitórios – Em Bagé (RS), as escolas públicas que vão participar do projeto FAO/MEC terão um reforço do Programa Fome Zero, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). O Fome Zero, em parceria com a Associação dos Pequenos Produtores e a prefeitura, está implantando no pátio de escolas do município, 34 refeitórios-padrão e hortas. O objetivo é ensinar a produzir alimentos, montar um cardápio, usar os produtos da estação para a nutrição correta dos alunos. A participação da Associação dos Pequenos Produtores de Bagé, diz seu presidente, Vanderlei Born Caldeira, será fazer e ensinar a fazer as hortas nas escolas, plantar e colher os alimentos e, também, fornecer produtos colhidos em suas propriedades. A associação, explica Vanderlei Caldeira, se compromete a abastecer as escolas com oito produtos, mas vai começar com cenoura, beterraba, couve, repolho e batata-inglesa.
Repórter: Ionice Lorenzoni