União de forças para alfabetizar pescadores
O Ministério da Educação e a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca formalizaram nesta segunda-feira, 29, um acordo de cooperação que prevê ações de alfabetização de pescadores, jovens e adultos, nos 853 municípios que têm atividade pesqueira. A parceria vai permitir a união de forças entre os programas Brasil Alfabetizado, do MEC, e o Pescando Letras, da Seap.
O objetivo do MEC e da Seap é abrir oportunidades de alfabetização e oferecer educação de jovens e adultos a cerca de 400 mil pescadores, número que corresponde a 79% dos jovens e adultos da atividade que não sabem ler e escrever ou são analfabetos funcionais. Para atender de forma correta a esse grupo, o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que o programa Brasil Alfabetizado está fazendo adaptações na metodologia de ensino e organizando um calendário que leva em conta as características da atividade.
“Se não há consideração e respeito às especificidades, não adianta ter recursos e professores, porque as pessoas não serão atendidas e os indicadores educacionais não vão melhorar”, explicou. O ministro também destacou que é urgente uma ação do Estado para atender os pescadores, especialmente pelo baixo nível de escolaridade detectado. Enquanto o índice geral de analfabetismo no país é de 11%, entre os pescadores a porcentagem sobe para 79%.
De acordo com o ministro-chefe da Seap, José Fritsch, os pescadores são os mais pobres entre os brasileiros considerados de baixa renda, e essa realidade tem a ver com a ausência da escola. Para ele, o protocolo assinado com o MEC cria uma possibilidade real de resgatar essa dívida com “os mais esquecidos”.
A ação conjunta prevê uma divisão de responsabilidades entre MEC e Seap. Caberá à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC) identificar no cadastro do programa Brasil Alfabetizado os jovens e adultos que trabalham na pesca, definir a carga horária, a flexibilidade e os meses de aula e garantir recursos para a capacitação e para pagar as bolsas dos alfabetizadores. Já a Seap terá, entre suas atribuições, definir os estados e os municípios prioritários e as metas anuais para a alfabetização e articular parcerias em âmbito nacional, estadual e municipal e com organismos internacionais para a obtenção de meios técnicos, tecnológicos, materiais e operacionais que possam potencializar o trabalho.
Metas – A ação pretende multiplicar o número de pescadores alfabetizados e cursando a educação de jovens e adultos. Em 2003, quando foi criado, e em 2004, o Pescando Letras levou para as salas de aula cerca de 30 mil jovens e adultos trabalhadores da pesca. Em 2005, a expectativa é elevar esse número para 70 mil. E ao final de 2006, atingir outros 100 mil.
Repórter: Ionice Lorenzoni