Ensino de espanhol é debatido na Colômbia
Até 2010, os quase dez milhões de alunos do ensino médio estudarão espanhol. Conhecer na língua original clássicos como Dom Quixote ou se encantar com o mundo contemporâneo de Mafalda, a instigante personagem de quadrinhos da Argentina, é só uma das vantagens de aprender o idioma que reina em todo o universo latino-americano. A língua espanhola é falada na Espanha, e em quase toda a América, da região meridional da América do Norte até o cabo Hornos, no extremo sul da América do Sul, passando pela América Central e pelo Caribe.
O ensino do espanhol no Brasil — idioma que deve ser obrigatoriamente oferecido nas escolas públicas e particulares em função da Lei n° 11.161/05 — foi tema de destaque durante o 4º Congresso Internacional da Língua Espanhola, ocorrido em Cartagena, na Colômbia, entre os dias 26 a 29 de março.
Tradicionalmente aberto pelos reis da Espanha e pelo presidente do país anfitrião, o congresso — realizado a cada três anos — é o evento cultural mais importante do mundo hispânico, na avaliação do chefe da Assessoria Internacional do MEC, Alessandro Candeas, que representou o ministério no encontro. Artistas, escritores, intelectuais, acadêmicos, políticos e demais interessados reúnem-se, a cada edição, para discutir a cultura espanhola e sua disseminação pelo mundo.
Para Candeas, estimular o ensino do espanhol nas escolas permite, a um só tempo, estreitar laços culturais e promover um reencontro com as raízes ibéricas do Brasil. Responsável por apresentar um painel sobre o ensino da língua espanhola no país, Candeas recorreu à Lei nº 11.161/05, que demonstra o comprometimento das políticas de educação em relação ao tema.
Pela lei, as escolas têm até 2010 para adaptar seus currículos à inclusão da língua espanhola. A lei obriga o oferecimento do idioma pelas instituições de ensino como disciplina optativa para jovens do ensino médio de escolas públicas e privadas. É facultativa a inclusão da matéria nos currículos dos quatro últimos anos do ensino fundamental, a partir da 5ª série.
Hoje, há cerca de 14 mil professores nas redes pública e privada, sendo a maioria, 12.800, da rede pública. Para atender às cobranças da lei e garantir o ensino da língua espanhola até 2010, será necessário agregar mais de 29 mil profissionais à rede de ensino privada e aproximadamente 26 mil professores à rede pública.
“O governo brasileiro tem investido na formação de professores, com a abertura de mais vagas nas licenciaturas e de concursos públicos para docentes, entre outras medidas, além da capacitação daqueles que já dão aula”, disse Candeas. Ele adiantou que os representantes dos países latino-americanos e da Espanha, presentes no encontro, se comprometeram a ajudar o Brasil na implementação da lei do espanhol, como foi apelidada a Lei nº 11.161/05, especialmente no tocante ao intercâmbio de alunos e professores e à concessão de bolsas, além de programas conjuntos de formação de professores de espanhol.
Entre os participantes do congresso estavam o rei Juan Carlos e a rainha Sofia, da Espanha, o presidente Alvaro Uribe (Colômbia), os ex-presidentes Bill Clinton (Estados Unidos ), Belisario Betancur (Colômbia) e Julio Sanguinetti (Uruguai), os escritores Gabriel García Marquez e Carlos Fuentes, e a ministra da Educação da Colômbia, Cecilia Velez.
Maria Clara Machado