Parceria dá bons resultados em João Pessoa
João Pessoa — O campo de futebol, o laboratório dental e a biblioteca comunitária da Escola Estadual Tenente Lucena, no bairro dos Ipês, em João Pessoa, revelam a parceria bem-sucedida entre funcionários da escola e a comunidade. A escola atende 958 alunos, matriculados no ensino fundamental e médio. Eles são moradores de comunidades de baixa renda próximas da escola.
O campo, “do tamanho do Maracanã”, segundo o diretor da escola, Emanuel Caldas, abriga seis campeonatos de futebol amador da região. Para o laboratório dental, pais e funcionários ajudam a comprar os remédios. A biblioteca foi erguida em mutirão, nos fins de semana, com apoio da comunidade. Caldas explica que a parceria dá certo por ser uma via de mão dupla — assegura o interesse dos moradores pela escola e eles desfrutam dos benefícios proporcionados pelo trabalho conjunto.
O campo de futebol (66m x 110m) fica nos fundos da escola. Mesmo sem grama e sem arquibancadas, serve a 4.375 atletas, entre pais, alunos, professores e outros interessados pelo esporte. Eles formam times amadores e disputam, entre si, competições anuais. Não há inscrição. O prêmio se resume a um troféu de plástico, que simboliza, em proporção reduzida, o orgulho de quem compete.
O importante é a diversão e a interação entre escola e comunidade. Para iluminar as partidas, foi preciso comprar refletores. O dinheiro foi angariado por pais, mães e jogadores, que promoveram rifas para conseguir a quantia necessária. O time que prefere jogar à noite ajuda a pagar a conta de luz — contribui com R$ 40,00, depositados diretamente na conta da Secretaria de Educação. “Afinal, cada lâmpada do refletor custa R$ 180”, esclarece Caldas.
O laboratório dental também reflete a relação entre escola e comunidade. Na pequena sala, com uma única janela e pouca infra-estrutura, o laboratório funciona desde 1985, com o auxílio da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que empresta cinco estagiários e dois dentistas à escola. Eles atendem alunos e pessoas da comunidade três vezes por semana. Os remédios e anestésicos são, em parte, comprados pela escola ou doados pelos moradores. Os tratamentos são de prevenção e limpeza. “Deixam a boca das crianças um brinco”, avalia o diretor.
Biblioteca — A biblioteca comunitária, também aberta ao público, funciona aos sábados. A ampla sala, com prateleiras de ferro cheias de livros enviados pelo Ministério da Educação e por doadores, foi construída por pais, mães, funcionários da escola e voluntários, há sete anos. A obra levou 90 dias para ficar pronta. “Eu também coloquei a mão na massa”, revela o diretor. Ele conta que a sala precisou ser construída porque, em 2000, a escola recebeu 16 computadores e três impressoras do MEC, mas não tinha lugar para acomodá-los. “Improvisamos um laboratório de informática na antiga sala de leitura e construímos a biblioteca comunitária”, conta.
As parcerias levam pais e mães para dentro da escola e interferem na vida do aluno, com repercussão positiva no aprendizado. Por isso, a escola, fundada em 1985, está na quarta posição entre as melhores da Paraíba. O diretor está certo de que a interação com a comunidade é fundamental para manter a qualidade do ensino. “Sem a comunidade, a gente não vive”, resume.
Novas parcerias — A escola está formando nova parceria com a UFPB para implantar a horta escolar. A universidade vai emprestar um engenheiro agrônomo e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão rural (Emater) vai doar as sementes para plantio. O projeto deve ajudar nas aulas de ciências e, ainda, fornecer ingredientes para a merenda escolar. Os alunos plantarão tomate, cebola, coentro, raízes para chá, acerola e maracujá.
A direção pretende também conseguir ajuda para gramar o campo de futebol e construir um ginásio de esportes.
Maria Clara Machado