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Em Cuiabá, o transporte escolar faz a diferença

  • Terça-feira, 27 de novembro de 2007, 11h31
  • Última atualização em Quarta-feira, 28 de novembro de 2007, 17h59

A aluna Michela de Almeida enfrenta uma hora e meia de ônibus para chegar à escola (Foto: João Bittar)Distrito Nossa Senhora da Guia (MT) ― Pedras, buracos, vegetação assolada pela queimada e muita poeira formam a paisagem de casa até a escola. As irmãs Gisele, Daniele, Gabriele e Michela de Almeida Campos enfrentam uma hora e meia de viagem no ônibus escolar para ir ao colégio. Elas moram numa chácara, no vilarejo de Rio Azul. Junto com elas, outros 600 alunos da escola estadual Filogônio Correa dependem do transporte para chegar à escola.

O colégio fica no distrito Nossa Senhora da Guia, a 26 quilômetros de Cuiabá, e atende em torno de 15 comunidades rurais próximas, entre chácaras, fazendas, assentamentos e vilarejos. A escola oferece turmas de 3ª a 8ª séries do ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos.

Gisele, Daniele, Gabriele e Michela saem de casa debaixo de sol forte, logo depois do almoço, e só retornam à luz da lua. De uma família de sete irmãos ― os outros três já terminaram o ensino médio ― as meninas fazem parte do perfil socioeconômico mais comum das crianças da região. “Nossos alunos são muito carentes. Nem cobramos uniforme porque a maioria não teria como comprar”, afirma o coordenador pedagógico José Aparecido de Souza. O pai das meninas é chacareiro e a mãe, dona-dCriança vendo as chamas do incêndio pela janela do ônibus (Foto: João Bittar)e-casa. A maior parte dos pais de alunos são trabalhadores rurais.

Pelo caminho, entre brincadeiras, música e algazarra, cai a noite, iluminada não só pela luz da lua, mas também pelas chamas de mais um incêndio. A paisagem corriqueira ainda espanta. Grudado na janela do ônibus, um dos meninos exclama: “Nossa, com tanta fumaça, não dá para respirar” e outro conta o que concluiu de uma das aulas de ciências: “A gente precisa cuidar da natureza”. O incêndio extenso acompanha boa parte do trajeto.

Crianças se dividem na função de abrir caminho para o ônibus (Foto: João Bittar)Durante a viagem, no lugar de semáforos, o ônibus pára diante das porteiras. É preciso abri-las e o motorista conta com a ajuda dos alunos que se dividem na função de abrir caminho para o ônibus. A tarefa é coisa séria para quem assume o trabalho de abrir as porteiras. O ajudante da vez se sente importante, pois, afinal, controla as chaves de cada porteira confiadas ao motorista pelas famílias da região.

Enquanto as crianças do ensino fundamental e os alunos da 1ª e 2ª séries do ensino médio terminam o dia letivo, adultos da educação de jovens e adultos e do último ano do ensino médio entram no ônibus. As aulas ainda vão começar para eles. Quando Gisele, Daniele, Gabriele e Michela finalmente chegam em casa, a trabalhadora rural Marielza Nascimento e o filho Adeílton iniciam a viagem deles rumo à escola.

A mãe, de 46 anos, e o filho, de 17 anos, estudam juntos na mesma sala da 3ª série do ensino médio. A mãe alcançou o filho, depois de ficar 25 anos longe das salas de aula. “A gente morava longe da escola e meus pais não me deixavam andar os 12 quilômetros sozinha. Depois, passei a trabalhar para ajudar a família na lavoura”, conta Marielza.

Ela voltou aos estudos há seis anos, dos quais cinco passou na educação de jovens e adultos, e não encontra mais problemas para chegar à escola. Hoje, Marielza compartilha com o filho os planos de prestar vestibular. Ela pretende cursar gastronomia. Adeílton quer ser médico. Marielza diz que vai tentar conseguir uma bolsa para prosseguir os estudos no ensino superior. “Vou fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e, se tirar boa nota, posso conseguir uma bolsa na faculdade privada”, acredita. Caso não dê certo, Marielza vai tentar uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni). “Voltei a estudar porque tenho vontade de aprender mais”, resume.

Para levar os alunos da zona rural à escola, o estado disponibiliza, por meio de convênio com a prefeitura municipal, cinco veículos: quatro ônibus e uma microvan. O transporte escolar é fundamental para assegurar o acesso seguro e rápido de alunos da zona rural à escola e é uma das metas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).

Maria Clara Machado

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