MEC faz balanço de ações de apoio ao Museu Nacional
Rio de Janeiro, 13/12/2018 – O Ministério da Educação divulgou, nesta quinta-feira, 13, um balanço das ações de apoio à recuperação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, o maior museu de história natural e antropologia do Brasil, desde o incêndio que sofreu em 2 de setembro. Também foi anunciada a liberação de R$ 2,5 milhões da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a manutenção de programas de pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que funcionam no local: antropologia social, arqueologia, geociências: patrimônio geopaleontológico, ciências biológicas (zoologia) e linguística e línguas indígenas.
“É preciso uma valorização de uma universidade forte, de um museu presente e de servidores que estão com a sua alma, seu coração e seu intuito de fazer com que esse museu seja vivo e presente na memória e na vida de todos os cariocas, brasileiros e da população mundial que aqui nos cerca”, afirmou o secretário-executivo do MEC, Henrique Sartori. “Gostaria de agradecer imensamente e fazer esse registro público de que a equipe do MEC tem se esforçado e tem trabalhado fortemente para que isso possa ser uma realidade constante. Para que a memória cultural possa ser valorizada na nossa rede federal de educação superior”, completou o secretário-executivo.
Para o reitor da UFRJ, Roberto Leher, o Museu Nacional do Rio de Janeiro é uma instituição que guarda o imaginário do Brasil. “Toda essa tarefa de reconstrução tem um trabalho institucional que abarca diferentes esferas. O MEC, na noite de 2 de setembro, já estava ao nosso lado, solidário, buscando ações para a reconstrução do museu”, disse Roberto Leher. “Trata-se de um reconhecimento institucional, da ação proativa, sensível, visionária e republicana da equipe que está à frente do MEC e que esteve a todo momento ao lado da UFRJ.”
Acervo virtual – Durante o evento, o Google lançou, por meio do Google Arts & Culture, um acervo virtual com obras e artefatos pertencentes ao Museu Nacional. Em colaboração com a UFRJ e o Ministério da Educação, a plataforma traz imagens em alta resolução de 164 relíquias distribuídas em sete exposições, além de um passeio por ambientes internos do museu com imagens capturadas pelo Google Street View antes do incêndio. Essa experiência interativa está ao alcance de todos, de forma gratuita, na plataforma do Google Arts & Culture, com tradução do conteúdo em inglês e espanhol. O objetivo é ajudar os brasileiros, as futuras gerações e a todos, ao redor do mundo, a redescobrir e aprender sobre o incrível conteúdo que havia no Museu.
O Google Arts & Culture possui mais de 1.500 instituições culturais parceiras em 70 países, que assim mantêm seus trabalhos ao alcance global. São mais de 6 milhões de fotos, vídeos, manuscritos e outros documentos de arte, cultura e história, representados por mais de 7 mil exposições digitais em toda a plataforma.
Além do balanço do que já foi feito, o MEC divulgou uma parceria com a Agência Brasileira de Cooperação, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a fim de subsidiar estudos, pesquisas, metodologias e projetos técnicos para a reconstrução e restauração do Paço de São Cristóvão e de bases para o novo Museu Nacional. O MEC está investindo R$ 5 milhões nesse trabalho, que é realizado por especialistas da Unesco, com o apoio do corpo docente e técnicos da UFRJ.
Esse valor se soma aos R$ 10 milhões já repassados pelo MEC à UFRJ para obras emergenciais no Museu Nacional. “O MEC tem prestado todo apoio institucional possível ao Museu e à UFRJ, gestora do Museu, especialmente por meio da articulação com órgãos e entidades nacionais e internacionais envolvidas ou interessadas”, afirma Henrique Sartori.
Medidas urgentes – Após o incêndio, o Governo Federal adotou medidas urgentes para assegurar a preservação e restauração do Museu Nacional. Dentre elas, foi editada a Medida Provisória nº 850, que estabeleceu a possibilidade de atuação do MEC na prática de atos urgentes e necessários destinados à preservação e restauração do patrimônio e do acervo do museu.
Na sequência, o MEC publicou a Portaria nº 991, em 27 de setembro, que estabelece competências e atribuições do Ministério e da UFRJ relacionadas às ações emergenciais de preservação e restauração do patrimônio e do acervo do Museu Nacional. Essa Portaria foi amplamente discutida no âmbito do MEC e elaborada de forma conjunta com a UFRJ e a direção do Museu Nacional.
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), destinou recursos para a edificação da infraestrutura acadêmica dos cursos de pós-graduação, assim como apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), que está assegurando bolsas de pesquisa para que a infraestrutura dos pesquisadores possa ser recuperada.
A UFRJ contou com o apoio da bancada federal do Estado do Rio de Janeiro, por meio de uma emenda parlamentar de bancada no valor de R$ 55 milhões, que viabilizará a recuperação da fachada e a realização de reforços estruturais, bem como construir as novas instalações de pesquisa, ensino e administração dos cursos de pós-graduação. A emenda parlamentar de bancada apoiará também a infraestrutura para as coleções e as atividades de ensino e extensão, ações que terão início em 2019.
“Até agora, avançamos em muitas frentes para a recuperação e preservação do maior museu de história natural e antropologia do Brasil”, afirmou o reitor da UFRJ, Roberto Leher. “O Museu Nacional é também a mais antiga instituição científica do país, e é parte fundamental da memória do mundo e do povo brasileiro.”
Peças resgatadas – Durante o evento, a direção do Museu Nacional apresentou peças resgatadas recentemente por uma equipe composta por 57 servidores e 3 colaboradores. Até 4 de dezembro foram encontrados mais de 1.500 itens, entre peças das coleções, equipamentos, objetos pessoais e fragmentos arquitetônicos.
Entre as peças já recuperadas, estão duas bonecas carajás, registradas em 2012 como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Livro dos Saberes e no Livro das Celebrações; uma urna funerária marajoara com decoração; pontas de flechas indígenas, provavelmente coletadas pela Comissão Rondon, no início do século 20; uma tigela etnográfica; uma tigela carenada com decoração ungulada tupi-guarani; dois zoolitos, um em forma de pássaro e outro em forma de peixe, ambos da Ilha de Santana, em Santa Catarina; um machado semilunar, do Maranhão; um peso de rede, que pertence à coleção tombada Balbino de Freitas, concernente à região de Torres, no Rio Grande do Sul; um quartzo rosa; um vaso antropomorfo peruano, adquirido por D. Pedro II; uma ametista; um citrino e um cristal de turmalina negra.
“Estamos muito felizes com o apoio do MEC. Foi uma resposta muito rápida do governo brasileiro diante dessa enorme tragédia que atingiu o Museu Nacional”, disse o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner. “Agora é absolutamente fundamental que o governo brasileiro continue nessa linha para que possamos recuperar o quanto antes a instituição Museu Nacional para a sociedade brasileira e para as nações de todo mundo, que é o anseio da comunidade científica nacional e internacional.”
Frentes – A UFRJ atua com o objetivo de reconstruir a edificação histórica do Museu, assegurar novos espaços para as coleções científicas, laboratórios, gabinetes de trabalho e salas de aula, e realizar buscas ativas de acervos, tanto na edificação atingida pelo incêndio, como por meio de doações e empréstimos de acervos de outros museus.
O incêndio não interrompeu as atividades acadêmicas do Museu e, por isso, foi necessário agir rápido pela continuidade de programas de pós-graduação e de atividades educativas. A Capes atua em duas frentes – fomento e avaliação dos cursos – para a recuperação do trabalho de pesquisa da pós-graduação do Museu.
Após o incêndio, foram abertas várias frentes de ação envolvendo diversas instituições. Segundo a UFRJ, a primeira etapa foi a contratação, com apoio do MEC, de uma empresa altamente especializada para fazer o reforço estrutural do prédio e trabalhar na remoção qualificada de escombros, por meio de uma arqueologia dos acervos no interior do Museu.
A segunda etapa tem seu foco na busca de acervos e na institucionalização da colaboração de instituições nacionais e internacionais. O Museu tem contado com forte apoio de governos e instituições de outros países, como França, Egito, Portugal, Alemanha, Canadá e China.
No início das obras emergenciais, foi anunciado o resgate de Luzia, fóssil humano mais antigo do Brasil, de 11,5 mil anos, e do meteorito Angra dos Reis, encontrado no litoral fluminense em 1869. Aproximadamente 2 milhões de peças estão intactas, sob guarda em prédio anexo ao principal, e mantêm o Museu Nacional como um dos mais importantes museus da América Latina.
O Museu Nacional começou a primeira etapa das obras emergenciais, de escoramento, no dia 21 de setembro. Nesta semana, a UFRJ concluiu 51% da primeira etapa da obra, que tem previsão de finalização para março. Essa etapa contempla as ações de contenção, estabilização e reforço das estruturas e alvenarias do prédio do Museu Nacional. O objetivo das obras emergenciais é garantir que o Palácio tenha condições de segurança mínima para as equipes entrarem e efetuarem os resgates.
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Assessoria de Comunicação Social