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Trilhas da Educação

Sucesso de projeto na periferia de São Paulo leva professora à final do Global Teacher Prize

  • Sexta-feira, 01 de março de 2019, 10h51
  • Última atualização em Sexta-feira, 01 de março de 2019, 11h08


A iniciativa de Débora Garofalo visa envolver crianças em ações de pertencimento por meio do uso da tecnologia para alavancar a aprendizagem (Arte: ACS/MEC)
São Paulo, 1º/3/2019
– Vila Babilônia, periferia de São Paulo. Ali vivem os alunos da professora Débora Garofalo, de 39 anos, estudantes da Escola Municipal Almirante Ary Parreiras. Quando a professora chegou à escola, há quatro anos, enfrentou baixo desempenho escolar e desmotivação das crianças. A falta de infraestrutura da comunidade resultava no acúmulo de lixo, causando doenças como a leptospirose e a dengue.

Atenta e motivada a encontrar algo que pudesse melhorar a vida desses estudantes, Débora apostou no ensino da programação, aliado a atividades sustentáveis. Foi quando nasceu o projeto Robótica com Sucata, cujo objetivo é envolver as crianças em ações de pertencimento por meio do uso da tecnologia para alavancar a aprendizagem.

O trabalho, que transforma diretamente a vida de 600 jovens e crianças que participam do projeto, vem mudando até mesmo a relação dos estudantes com a comunidade em que vivem. A iniciativa ganhou no ano passado o Prêmio Professores do Brasil, do MEC, e agora é finalista do Global Teacher Prize – prêmio internacional considerado o nobel da educação. O vencedor do Global Teacher Prize será conhecido ao final de março.

“É importante mostrar a essas crianças que elas podem ser construtoras da sua própria aprendizagem, podem ser protagonistas, mas que também podem intervir na sociedade, propondo que os alunos recolhessem esses materiais, trazendo aqui para o laboratório, para sala de aula”, frisa a professora.

A temática escolhida por Débora ultrapassou as fronteiras da escola e ela passou a dar aulas públicas sobre sustentabilidade, descarte do lixo, reciclagem e reutilização de materiais – temáticas que alunos vivenciam na prática: materiais recicláveis, como garrafas pet, podem ser usados na criação de sistemas automatizados, por exemplo. Além disso, o projeto já retirou uma tonelada de recicláveis das ruas.

“Pensando esses materiais, lavando, identificando, separando, é possível transformar esses objetos em estudo, utilizando as diversas áreas do conhecimento para transformar isso em protótipo”, explica Débora Garofalo. “Os próprios alunos relatam que alguns lugares que alagavam devido ao lixo não alagam mais, e a própria comunidade está reconhecendo a melhora.”

O primeiro protótipo construído foi um carrinho movido a balão de ar. A partir daí os alunos puderam criar protótipos de diferentes modalidades e funcionalidades, o que os motivou para o aprendizado na escola fora dos horários de aula, levando-os a construir objetos e, principalmente, ocupar outros territórios, como eventos de tecnologia. Além disso, os pais também passaram a acompanhar todo o movimento.

Resultado - Não demorou para que as mudanças começassem a aparecer. O índice de evasão caiu, juntamente com a indisciplina. O desempenho apareceu também nos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da escola. “Nosso Ideb saiu de 4.2 para 5.2. É um avanço. Nós tivemos uma redução da evasão escolar na escola e do trabalho infantil, já que muitos alunos que tinham essa condição começaram a se sentir pertencentes ao trabalho e a retornar à escola em horário diferenciado, deixando as ruas”, comemora a professora.

Os meninos e meninas participantes passaram a planejar os próximos passos dentro da trajetória escolar, tentando ir mais longe, dando sequência aos estudos e escolhendo uma profissão. Para a professora Débora, essa é outra conquista do projeto – além de possibilitar às meninas uma chance de explorar uma área que ainda registra menor participação feminina. “Existia o tabu de que as meninas não mexem com ferramentas, não põem a mão em furadeira, e isso vem caindo por terra, agora elas também trabalham com ciência”, observa a professora.

Para Débora Garofalo, valorizar o aluno, permitir que sua voz ganhe força, representa uma verdadeira mudança cultural. “Ficamos muito focados na necessidade de ter uma estrutura de primeiro mundo, que precisamos tem muitos recursos, mas precisamos é de trazer um pouco mais para realidade das crianças. E olhar um pouco para a questão da sustentabilidade e trazer essa aprendizagem criativa, que a chamamos de mão na massa, para vivenciar o currículo de uma outra forma”, conclui Débora.

Assessoria de Comunicação Social

 

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