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Educação superior

Arqueólogos da UFPE resgatam registros da civilização brasileira

  • Quarta-feira, 25 de janeiro de 2006, 16h06

Uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) descobriu, no Amapá, 58 corpos do povo mazagão, que viveu na região há quase 500 anos. Os restos mortais estavam sob as ruínas da Igreja Nossa Senhora da Assumpção, localizada em um sítio arqueológico às margens do Rio Mutuacá, afluente do Amazonas.

Cinco séculos depois, os restos mortais dos primeiros mazagões brasileiros foram sepultados com honras militares, num mausoléu construído especialmente para eles. O funeral aconteceu no último dia 23, data da chegada ao Brasil dos primeiros habitantes de Mazagão – oriundos do Marrocos, na África. O cortejo teve a presença maciça da comunidade local, dos embaixadores do Marrocos e de Portugal, políticos, pesquisadores e de um pelotão do 34º Batalhão de Infantaria da Selva do Exército, já que foram encontradas condecorações militares, como a Cruz de Malta, em alguns corpos.

Segundo o professor Marcos Albuquerque, coordenador da equipe de arqueólogos da UFPE, a descoberta é de suma importância para os registros da civilização brasileira, porque resgata o cotidiano de um povo.

História – A Igreja Nossa Senhora da Assumpção também foi descoberta pela equipe de arqueólogos da UFPE. Fazia parte de uma cidade erguida no século XVIII. O rei português, D. José I, tinha um projeto de cercar a Amazônia brasileira, para marcar domínio territorial.

Para isso, determinou por decreto, ao marquês de Pombal, que transferisse 436 famílias da cidade fortificada de Mazagão, no Marrocos, para o extremo norte do Brasil. Na época, Portugal havia perdido uma guerra contra os mouros e a cidade de Mazagão estava cercada. Essas famílias foram alojadas em uma vila planejada às margens do rio Mutuacá, enquanto aguardavam a construção de casas no Amazonas.

O rei D. José acreditava que o povoamento e a fortificação de pontos estratégicos poderia lhe garantir a posse e o domínio do Amazonas. Em 1781, a maioria do povo mazagão foi dizimada por uma epidemia de cólera. Desgostosos com a situação e atribuindo as moléstias aos ‘maus ares’, o restante da população migrou. Segundo as pesquisadoras Milena Duarte de O. Souza e Rúbia Nogueira de Andrade, graduandas em história pela UFPE, a formação da Vila de Mazagão e de outras vilas na região Amazônica foi fundamental para a delimitação das fronteiras ao norte do Brasil. “Daí a importância do estudo desta ocupação para a compreensão da atual formação territorial do país”, concluem as pesquisadoras no artigo O povoamento do Norte do Brasil no período pombalino, escrito para a revista do Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco (Cesvasf). Leia o artigo na íntegra.

Repórter: Sonia Jacinto

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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