Com pesquisa na área de saúde, governo poderá dar respostas à sociedade
O aumento da presença da mulher nos cursos da área de saúde, os problemas causados pelas desigualdades regionais e o apego dos jovens de baixa renda à conquista de uma vaga na medicina foram destacados pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, nesta terça-feira, 28, ao apresentar os dados do estudo A Trajetória dos Cursos de Graduação na Área da Saúde. O trabalho, realizado nos últimos quatros meses pelos ministérios da Educação e da Saúde, compreende o período de 1991 a 2004.
De acordo com Haddad, o estudo traz dados impressionantes que servirão "para o país refletir e para o governo dar respostas que a sociedade espera". Entre as ações que o MEC já vem promovendo com vistas a aumentar o acesso dos jovens pobres à universidade, o ministro da Educação citou o Programa Universidade para Todos (ProUni), que já abriu as portas da educação superior a mais de 200 mil alunos em 2005 e 2006. E aos estudantes que ingressaram em cursos com carga horária de seis ou mais horas diárias, o MEC oferece a bolsa-permanência no valor mensal de R$ 300,00 para manutenção.
"Começamos com a área da saúde e agora a bolsa será estendida a todos os alunos de cursos com mais de seis horas de aula. A meta é oferecer de quatro a cinco mil bolsas anuais", disse.
Acesso - O estudo realizado pelos ministérios da Educação e da Saúde, segundo Haddad, aponta também a carência de profissionais da saúde nas regiões Norte e Nordeste. "Precisamos alocar médicos, enfermeiros e fisioterapeutas para essas regiões para institucionalizar o Sistema Único de Saúde de forma universal e efetiva." Segundo o secretário de gestão do trabalho e educação em saúde do Ministério da Saúde, Francisco Eduardo de Campos, a formação de pessoal para estas regiões é uma "questão crucial".
O Ministério da Saúde, disse Campos, tem recursos para ampliar de 25 mil para 30 mil as equipes do programa Saúde da Família, mas não tem médicos e enfermeiros com a formação necessária para atender aos requisitos do programa. Os profissionais existem, explica, mas são formados com uma visão de atendimento hospitalar e não preventiva, que caracteriza o Saúde da Família. Para Haddad, o grande desafio dos dois ministérios "é repensar o acesso do jovem de baixa renda à educação superior e o acesso das regiões pobres aos serviços proporcionados pelos profissionais formados nas nossas universidades".
Ionice Lorenzoni