Universidade regional promove cultura indígena na região das Missões
Aumentar o diálogo e a prática intercultural na região das Missões, no Rio Grande do Sul, é a meta do projeto da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), que vai distribuir material sobre a milenar cultura indígena para 50 escolas públicas da região em 2006. O projeto foi um dos 40 selecionados este ano pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para receber recursos do programa Criança Esperança, da Rede Globo.
“O objetivo é iniciar um diálogo hoje e utilizar a educação formal do ensino fundamental para discutir a questão das culturas M’bya Guarani e Kaingang sob a perspectiva do indígena. Temos escolas que ainda falam da cultura indígena na perspectiva do século 16, quando ela estava totalmente separada da civilização ocidental. Por isso, estamos consultando os indígenas. Só será publicado o que deixarem”, diz Antônio Dari Ramos, coordenador do projeto e dos cursos de história e geografia da universidade.
A URI já recebeu metade dos R$ 100 mil destinados ao projeto pela Unesco. O valor foi gasto na montagem da estrutura. Os professores querem produzir material étnico-histórico multidisciplinar para valorizar o patrimônio e a cultura indígena. O material deve ficar pronto em julho de 2006 e poderá ser trabalhado nas licenciaturas de história, geografia, letras e biologia. A meta é atender às universidades mais próximas e cerca de 3,5 mil alunos de 50 escolas de ensino fundamental da rede pública da região, que abrange 40 municípios.
Oficinas – Após finalizar o projeto, a universidade pretende realizar oficinas pedagógicas e minicursos de formação de professores, além de um simpósio nacional sobre educação formal e inclusão indígena para que a comunidade e pesquisadores aprofundem a discussão sobre as políticas pró-educação indígena.
O MEC, que edita material produzido pelos indígenas, aprova a iniciativa. “O projeto é interessante porque vai permitir o diálogo intercultural em uma região com muitos sítios arqueológicos, com a produção de um material de qualidade que vai renovar as concepções e mentalidades das culturas Kaingang e M’bya Guarani”, afirma Susana Guimarães, consultora da Coordenação-Geral de Educação Escolar Indígena, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC).
Repórter: Raquel Sá