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  • Um exemplar da primeira edição do livro Assucar, de Gilberto Freyre, é a grande estrela da exposição que pode ser vista na Fundaj (Foto: Divulgação/Fundaj)

    Recife, 15/3/2019 – Ao completar 70 anos, a Fundação Joaquim Nabuco, com sede em Recife, inicia, nesta sexta-feira, 15, uma série de comemorações. A instituição celebra 40 anos do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), 119 anos do criador Gilberto Freyre e 80 anos de seu livro Assucar. A primeira festividade será a Exposição Assucar, cuja abertura, às 10h, será na data de nascimento do autor, considerado um dos mais importantes sociólogos do século 20.

    A exposição, disponível para visitação gratuita na sala Mauro Mota da Fundaj Casa Forte, homenageia a obra e resgata a sociologia do açúcar, item que faz parte de nossa história. “Como teríamos sido sem o açúcar? Nunca vamos saber. Mas sabemos como foi com ele”, destaca a antropóloga do Muhne, Ciema Mello, responsável pela curadoria da exposição.

    Segundo Ciema, o homem do Nordeste foi formado pelo açúcar e, desde o cafezinho com bolo no fim da tarde, até um majestoso bolo de casamento, existe uma função social na iguaria. E para uma maior experiência dos prestigiadores do evento, haverá, logo após a abertura, uma mesa no quintal do casarão com comidas tradicionais, cujas receitas estão no livro. No cardápio, desde doces de Chica, filha de Lia de Itamaracá e assídua na Fundação Joaquim Nabuco, até tapioca feita na hora. Os doces serão de batata, banana em rodelas, de leite, de jaca e passa de caju. Terá também munguzá e o clássico queijo do reino. Já o chefe Tito Fernandes vai trazer o cachorro quente caipira, feito com linguicinha, molho de vinho tinto e mel de engenho.

    Ambientação - O açucarado universo do livro de Gilberto Freyre foi recriado na exposição para materializar a cultura açucareira do século passado. Pelo menos 150 peças do Museu do Homem do Nordeste foram reunidas, como pinças de açúcar, açucareiros, enfeites de papel crepom simulando suspiros, jogos de louça, prataria e toalhas de cetim. “A exposição se esforça para reproduzir o tom da obra, que é um tom de convivialidade do açúcar. É um ritual cotidiano brasileiro”, afirma Ciema.

    A grande estrela, o livro de Gilberto, ganha destaque no centro da mesa com um exemplar da primeira edição. Ciema explica que, há 80 anos, não existia uma antropologia da alimentação. Freyre foi precursor tanto na predição da especialidade quanto na divulgação de receitas. “Algumas delas, na época, eram mantidas em segredo, como o famoso Souza Leão. Ele divulgou três receitas que membros da família revelaram em primeira mão.”

    Assessoria de Comunicação Social

  • Os participantes do seminário, entre eles o presidente do FNDE, Carlos Decotelli, enalteceram a obra de Gilberto Freyre (Foto: Divulgação)

    Recife, 26/3/2019 – O olhar afetivo de Gilberto Freyre sobre o Recife e Olinda foi o tema do primeiro seminário de Tropicologia de 2019, realizado pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) no bairro de Casa Forte, em Recife. O evento homenageou o aniversário das cidades-irmãs Recife e Olinda e do livro Olinda – Guia Prático Histórico e Sentimental de Cidade Brasileira, que acabou de completar 80 anos. O seminário ocorreu na manhã desta terça-feira, 26, na sala Gilberto Freyre.

    O presidente da Fundação, Alfredo Bertini, realizou a abertura da sessão: “Quero deixar registrada minha imensa satisfação em participar dessa temática tão importante para a comemoração dos 70 anos de história da Fundaj. Debater sobre o olhar sentimental de Gilberto por Recife e Olinda é fundamental.” Bertini se disse um grande admirador da história de Gilberto e lembrou que as comemorações transformam esses encontros em grandes ações, como o Seminário de Tropicologia. “Estamos trabalhando com uma programação aliada ao pensamento de Joaquim Nabuco”, comentou.

    A coordenadora do Seminário de Tropicologia, Fátima Quintas, que trabalhou durante 37 anos na Fundaj, comandou o debate e frisou o olhar sensível, apaixonado e sentimental de Gilberto. Ela também comentou sobre a trajetória e história do tradicional evento da casa. “É uma alegria imensa participar e dar continuidade ao seminário na Fundaj. O formato do Seminário de Tropicologia passou por diversas mudanças de caráter evolutivo e de local, mas sua característica fundamental permaneceu. A interdisciplinaridade e multiplicidade temática sempre foram as bases da natureza acadêmica”, disse a antropóloga.

    Fátima explicou que Gilberto foi o primeiro antropólogo e sociólogo a usar fotografias na década de 30 por metodologia. Dessa forma, ele conseguiu inovar o recurso da pesquisa social. “Com o seu olhar sensível e sua simplicidade, ele foi dosando seus estudos com sentimentos envolventes e apaixonados”, acrescentou.

    O presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Carlos Decotelli, também fez parte da mesa e debateu sobre a temática: “É muito bom ser brasileiro e vivenciar esses encontros que nos aproximam da cultura pernambucana. Falar sobre o tema também é uma maneira de conhecer como a cidade do Recife criou sua própria identidade.” Decotelli explicou que o FNDE é o braço financeiro do Ministério da Educação para o planejamento estratégico financeiro voltado para melhorias na educação. Segundo ele, é dessa forma que o povo brasileiro pode contribuir e construir sua identidade, além de realizar o sonho de termos oportunidades para todos. “Temos a convicção de transformar o FNDE em um agente gestor estratégico para a educação brasileira", pontuou.

    A parceria do FNDE com a Fundaj, juntamente com a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o Banco do Nordeste (BNB), visa a criação de um núcleo para ouvir, divulgar e acrescentar melhor as informações do Nordeste. "Este novo desafio vem para acrescentar a nossa responsabilidade em pensar nos demais, em construir novas gerações com valores que aprendemos e que devem ser compartilhados. O pensamento de Gilberto Freyre mostra a tradição da herança e do aprendizado gerado na cidade”, completou.

    Por fim, o seminarista Abraham Sicsu falou sobre a paixão de Gilberto por Recife e Olinda e, também, a regionalidade que ele expressava. “Apesar do crescimento brusco das cidades, o autor sempre teve um laço afetivo muito grande com o lugar onde viveu. Ele tratava a cidade com muito amor e paixão. E isso foi claramente mostrado neste seminário.”

    Assessoria de Comunicação Social

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