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  • As merendeiras e os merendeiros de escolas públicas da educação básica de todo o país têm até a próxima segunda-feira, 26, para se inscrever no concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. Realizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao Ministério da Educação, o concurso tem o objetivo de valorizar o papel desses profissionais na promoção de uma alimentação saudável e adequada ao ambiente escolar, além de mobilizar a comunidade escolar sobre o tema.

    As 15 melhores receitas serão premiadas e o primeiro colocado de cada região do país irá ganhar R$ 6 mil e uma viagem ao Caribe para conhecer o programa de alimentação escolar da República Dominicana. Os segundos colocados receberão R$ 3 mil e os terceiros, R$ 1 mil. Para fazer a inscrição, é necessário acessar a página eletrônica do concurso e inserir dados como CPF, o código do Inep da escola onde atua, informações pessoais, e responder um breve questionário. Depois, basta cadastrar a receita. Cabe observar que será permitida inscrição de somente uma receita por candidato, mesmo que o participante trabalhe em mais de uma escola.

    O concurso terá quatro fases, sendo a primeira delas eliminatória. A segunda etapa é uma seleção estadual; a terceira, uma regional; e a quarta e última, a etapa nacional. Os critérios de avaliação incluem criatividade e valorização de hábitos locais.

    Durante a última etapa, os 15 finalistas viajarão a Brasília e terão que preparar a receita que cadastraram durante a inscrição. Os pratos serão degustados por um júri composto de um estudante, um nutricionista, um conselheiro de alimentação escolar, um chefe de cozinha reconhecido pela crítica e um representante das entidades parceiras do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). As despesas relativas à viagem, como hospedagem, passagens e alimentação, serão custeadas por parceiros do concurso.

    Esta é a segunda edição do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. Na primeira, realizada em 2015, o prêmio principal foi uma viagem de intercâmbio ao Chile.

    Para se inscrever, ter acesso ao regulamento do concurso e obter mais informações, basta acessar a página eletrônica do concurso. Dúvidas podem ser enviadas para o e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

    Assessoria de Comunicação Social 

  •  A proposta do concurso é valorizar o papel das merendeiras e incentivar a prática de hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar (arte: ACS/MEC)“Você conhece a história da Marta Lagarta?” A pergunta faz parte da primeira lição do dia das crianças da creche municipal Ronald Berger, na área rural do município de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo. A contadora da historinha é a merendeira Leila Foss, 45 anos, que todos os dias passa de sala em sala com uma rápida historieta para despertar o interesse da meninada para a merenda escolar.

    “Eu entro em sala com uma alface na mão e distribuo pedaços de folhas para eles comerem enquanto falo que a dona Marta Lagarta trocou chiclete, biscoito recheado e picolé pela alface”, conta Leila. O teatro com a hortaliça é uma introdução para o cardápio da merenda do dia: omelete nutritiva assada.

    O prato inventado por Leila, que leva dentre outros ingredientes ervilha em vagem, salsa e cebolinha, lhe rendeu um dos 15 lugares na final do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. Promovido pelo Ministério da Educação, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o concurso celebra os 60 anos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

    Nos dias 28 e 29 de janeiro próximos, Leila estará em Brasília para preparar a omelete na etapa final do concurso. A expectativa de Leila é que sua iguaria esteja entre as cinco vencedoras. “Quando entrei no concurso me questionei aonde chegaria com uma omelete. Estou chegando na capital do país!”, impressiona-se.

    Leila trabalha na creche Ronald Berger há 13 anos. Antes, cursou magistério, chegou a lecionar pouco tempo na educação de jovens e adultos e foi auxiliar de sala de aula por três anos, mas a realização profissional veio como merendeira. Diz sentir-se mais à vontade e bem nesta função.

    “Vez ou outra sou pressionada a seguir a carreira de magistério, mas não me deixo abalar. Consigo fazer mais onde estou. Como merendeira me sinto útil. Estou próxima dos alunos para passar dicas de alimentação saudável, além de criar histórias”, afirma.

    Leila Foss cursou magistério e chegou a lecionar na educação de jovens e adultos, mas a realização profissional veio como merendeira (Foto: divulgação)O orgulho de Leila nos últimos dias é ser reconhecida na rua pelos meninos maiores que já passaram pela creche, depois que sua fama de finalista de concurso se espalhou. “Eles me tratam com carinho. Lembram que cuidei deles e agora que sabem do concurso me chamam de a merendeira do ano (risos).”

    A omelete criada por Leila entrou na alimentação escolar da creche em 2014. Segundo ela, o cardápio daquele ano chegou com sugestão de fritada de ovos e ela incrementou com os outros ingredientes até sair a omelete nutritiva.

    A fartura da zona rural de Santa Maria de Jetibá contribui com o incremento da alimentação nas escolas na região. Com isso, a merendeira dispõe de um leque de verduras e legumes para ajudá-la a reinventar o cardápio da merenda escolar.

    Leila revela que o concurso fez as ideias borbulharem. “Estou criando novos cardápios para submeter à aprovação da nutricionista e preparar para a criançada”, diz. Empolgada, a merendeira do município capixaba tem anotado as receitas que vêm à cabeça. “Quem sabe eu não participo de novos concursos”, almeja.

    Conheça a receita da omelete nutritiva assada

    Assessoria de Comunicação Social

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  • Chegou a hora de nutricionistas do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e presidentes dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAE) escolherem as receitas de seus estados que seguirão para a etapa regional do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. Promovido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao MEC, o concurso visa valorizar o papel dos merendeiros na promoção de uma alimentação saudável e adequada nas escolas brasileiras.

    Com mais de 2 mil inscritos, a segunda edição do concurso já passou da fase eliminatória e, agora, as 1.284 receitas selecionadas seguirão para votação estadual. Assim como na primeira edição, a criatividade é o principal componente dos pratos, que são feitos com ingredientes típicos de todas as regiões brasileiras, a exemplo do pequi, vinagreira, tucupi, açaí, pinhão e taioba.

    “Além de valorizar o trabalho de quem tanto se esforça para garantir uma alimentação de qualidade às nossas crianças, queremos mostrar o quanto o Brasil é rico em variedades de alimentos que podem ser oferecidos de maneira saudável e criativa nas escolas. Acreditamos que as receitas apresentadas poderão inspirar profissionais que trabalham com a merenda nos mais variados lugares do país”, afirma o presidente o FNDE, Silvio Pinheiro.

    Cada nutricionista e presidente de CAE tem até o dia 15 de agosto para escolher quatro receitas que melhor representam seus estados. É importante que sejam observados os critérios criatividade, valorização de hábitos locais e viabilidade da receita no PNAE – ou seja, possibilidade de replicação da receita no contexto da alimentação escolar.

    As escolhidas seguirão para a etapa regional e, em seguida, para a etapa nacional, na qual as 15 receitas finalistas serão degustadas por um júri composto por cinco pessoas: um estudante da rede pública acima de 12 anos, um nutricionista, um conselheiro de alimentação escolar, um chefe de cozinha reconhecido pela crítica e um representante das entidades parceiras do Pnae. O júri vai apontar, então, as cinco receitas vencedoras do concurso, uma por região. Os campeões receberão um prêmio de R$ 4,8 mil e uma viagem internacional.

    As receitas selecionadas na etapa eliminatória e o link para votação estão disponíveis na página do concurso.

    Assessoria de Comunicação Social, com informações do FNDE

  • As inscrições para a segunda edição do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar foram prorrogadas até 26 de junho próximo. Com isso, merendeiras de todo o país terão mais tempo para mostrar seus talentos culinários e, ainda, concorrer a diversos prêmios, entre eles uma viagem de intercâmbio ao Caribe.

    O concurso é organizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao MEC. O objetivo é incentivar, nas cantinas escolares, a criação refeições mais saudáveis e saborosas. “Os merendeiros são essenciais para o sucesso do Programa Nacional de Alimentação Escolar [Pnae], que oferece 50 milhões de refeições diárias”, explicou o presidente do FNDE, Silvio Pinheiro.

    Além de valorizar o papel desses profissionais na promoção de uma cozinha mais adequada ao ambiente escolar, a iniciativa visa promover a mobilização da comunidade acadêmica e moradores vizinhos para a temática da Educação Alimentar e Nutricional (EAN).

    Inscrições – “No ato de inscrição, é preciso relatar uma atividade de EAN [da teoria à prática] com a receita indicada”, destacou a coordenadora-geral do Pnae, Karine Santos.Segundo Karine, a atividade relatada deve contar com a parceria de um nutricionista responsável (cadastrado pelo FNDE), outro ator importante na execução do Pnae. O merendeiro ou merendeira deve apresentar apenas uma receita, com detalhes no formulário sobre os ingredientes, as medidas (caseiras ou oficiais), o modo de preparo e o rendimento das porções. 

    Os julgamentos serão em quatro fases: eliminatória, estadual, regional e nacional. Os critérios de avaliação incluem criatividade e valorização de hábitos locais. Os prêmios iniciais são certificados de participação a todos os aprovados na fase eliminatória, kits para manipulação de alimentos aos 135 escolhidos na estadual e aos 15 finalistas da regional um curso culinário de boas práticas, de dois dias, em Brasília, com todas as despesas custeadas por parceiros.

    Na etapa nacional, prevista para outubro, os 15 selecionados terão os pratos degustados por um júri especial, composto por um estudante, um nutricionista, um conselheiro de alimentação escolar, um chefe de cozinha reconhecido pela crítica e um representante das entidades parceiras do Pnae. Os cinco primeiros lugares (um por região) ganharão R$ 6 mil e uma viagem ao exterior. Outros cinco, na segunda colocação, receberão R$ 3 mil e os demais, R$ 1 mil.

    Viagem – Aos grandes vencedores, o prêmio maior será uma viagem ao Caribe, para conhecer o programa de alimentação escolar da República Dominicana. Na primeira edição do concurso, a visita de intercâmbio foi ao Chile. “Muitos países que participam dessas cooperações criam seus programas inspirados na experiência e em diretrizes brasileiras”, informou a coordenadora do Pnae.

    Mais detalhes sobre as inscrições podem ser vistos na página do concurso.

    Assessoria de Comunicação Social, com informações do PNDE

  • A pernambucana Gilda Rosângela Cordeiro foi a vencedora da região Nordeste no Concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar, com o Caldo Nordestino Nutritivo (Foto: Mariana Leal/MEC)

    Após alguns meses de expectativa e depois de passarem por quatro fases do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar, as merendeiras vencedoras de cada região do país foram anunciadas no último dia 26. A competição, promovida pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao Ministério da Educação, teve o objetivo de valorizar o papel dos profissionais da merenda na promoção de uma alimentação saudável e adequada nas escolas públicas brasileiras. As receitas vencedoras serão divulgadas na íntegra nas próximas semanas no portal do MEC.

    A merendeira Gilda Rosângela Cordeiro foi a representante do estado de Pernambuco, ganhadora da região Nordeste. Ela trabalha na Escola Estadual Juazeiro, no município de Tacaratu, na região do sertão pernambucano, e escolheu participar da competição com o prato Caldo Nordestino.

    O Caldo Nordestino de Gilda é feito com mandioca, couve e coxão de bode, itens advindos da agricultura familiar e da horta da escola. A merenda é servida para os 259 alunos da escola. “O principal ingrediente do meu prato é amor e carinho pelos estudantes. Amo minha profissão; para mim, é a mais importante do mundo”, destaca Gilda, sem esconder a felicidade por sair vitoriosa na disputa e faturar o prêmio de R$ 6 mil e uma viagem ao Caribe, com tudo pago.

    Confira a receita:

    O caldo nutritivo de Gilda leva carne de bode e mandioca, entre outros ingredientes (Foto: Mariana Leal/MEC)Caldo Nordestino Nutritivo
    Tempo de preparo – 1h30
    Número de porções – 10


    Ingredientes:

    1kg de carne de ovino (bode)
    200g de cebola crua
    150g de tomate vermelho maduro cru
    100g de pimentão verde cru
    30g de alho cru
    10g de pimenta de cheiro
    10g de açafrão
    20g de folha de louro
    20ml de limão tahiti espremido
    20g de sal de cozinha
    20g de semente de cominho
    100g de couve crua
    1kg de mandioca crua ou cará
    3L de água

    Modo de Preparo:

    Cozinhe a mandioca ou o cará com 2 litros de água
    e reserve. Tempere a carne de bode com sal, alho, limão, tempero seco, folhas de louro e o açafrão. Junte o tomate, a cebola, o pimentão, a pimenta de cheiro e refogue por 2 minutos.

    Acrescente 1L de água, o coentro e cozinhe até que a carne fique bem macia. Bata a mandioca ou o cará no liquidificador com a água do cozimento em velocidade máxima por aproximadamente 3 minutos. Misture a macaxeira ou cará batido no liquidificador com a carne de bode cozida; caso seja necessário, acrescente um pouco mais de água.

    Corte a couve em tirinhas bem finas e misture ao caldo. Leve para cozinhar em fogo baixo por dez minutos, mexendo de vez em quando. Desligue o fogo, salpique cheiro verde e sirva.

    Assessoria de Comunicação Social

  • A oficina de culinária é uma opção entre aquelas oferecidas pela escola gaúcha, como parte da educação integral (foto: arquivo da Emef 25 de Julho)Um livro digital, com as melhores receitas: bolo de cenoura, pé-de-moleque, pudim de sorvete, bolinho de chuva, milk shake, sonho, pastelão de mandioca, biscoito integral de goiaba. Ele foi escrito por crianças do quarto ao sexto ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental 25 de Julho, no município gaúcho de Picada Café.

    Em 2012, os alunos descobriram que uma cozinha improvisada na escola pode ser uma sala de aula rica em conhecimento e iguarias. Eles aprenderam que o mundo das receitas contém ingredientes para várias disciplinas. O projeto Aprendendo na Cozinha, desenvolvido ao longo de todo o ano letivo, conquistou alunos, professores, pais e comunidade. Acabou premiado pelo Ministério da Educação na sexta edição do Prêmio Professores do Brasil.

     

    A oficina de culinária é uma opção entre todas as oferecidas pela escola, que há seis anos trabalha com a educação integral. Os alunos que se inscreveram são apaixonados pela atividade de cozinhar. Outros preferiram judô, capoeira, balé, teatro, patinação e ginástica.

     

    Para as aulas práticas, foi montada uma cozinha na sala de artes. “Não poderíamos ter acesso à cozinha da escola porque é usada o dia inteiro pelas merendeiras”, explica a professora Silvania Linck, 49 anos, coordenadora do projeto, que não se restringiu ao cozinhar, mas se tornou um laboratório de aprendizagem de assuntos em diferentes áreas do conhecimento.

     

    Em matemática, por exemplo, as crianças visitaram o supermercado, anotaram preços de ingredientes, fizeram cálculos e aprenderam medidas de peso e capacidade, como gramas e mililitros. Em língua portuguesa, descobriram que as receitas são um tipo de texto. Daí, publicaram o livro digital, com as receitas, que ainda foram vertidas para o inglês e o alemão, idiomas oferecidos na grade curricular da escola.

     

    “Também trabalhamos com história e geografia, através da origem, cultura e região de onde é originária a receita”, diz Silvania. “Falamos ainda de imigração, pois temos uma colonização alemã forte na nossa região. Muitas receitas são típicas da Alemanha.”

     

    Evolução — Os estudantes fizeram pesquisas na internet, no laboratório de informática e montaram uma maquete para representar o progresso da cozinha, desde o homem das cavernas. “Assim, puderam aprender sobre a evolução da humanidade”, afirma a professora.

     

    As receitas foram obtidas pelos alunos em casa ou na internet. Um dos critérios para a seleção foi o resgate de receitas antigas, de família. Nessa atividade, eles descobriram a importância dos nutrientes, da alimentação saudável e da higiene — usaram luvas e toucas. Aprenderam ainda sobre a profissão dos chefes de cozinha, a formação superior em gastronomia e sobre pessoas que partem da cozinha da própria casa para abrir restaurantes.

     

    Os estudantes também deixaram a sala de aula para plantar hortaliças, aproveitadas como ingredientes, e conhecer mais sobre sustentabilidade ambiental. “Nossa escola não tinha horta, mas fizemos uma por causa do projeto” conta Silvania. “Plantamos temperinhos verdes, agrião e alface, tudo sem agrotóxico.”

     

    As aulas foram enriquecidas com palestras de especialistas. As famílias, também envolvidas, produziram receitas em casa, com as crianças. “Os alunos foram trazendo receitas e ideias”, lembra a professora. “Essa participação desperta o interesse.”

     

    A oficina Aprendendo na Cozinha era realizada duas vezes por semana, às terças e quintas-feiras, no turno da tarde. “Valeu muito a pena. A cozinha foi um espaço de aprendizagem e de socialização, amizade e afetividade entre todos”, comemora a professora. Em 2013, o projeto terá continuidade.

     

    Rovênia Amorim

     

    Saiba mais no Jornal do Professor

     

  • A proposta do concurso é valorizar o papel das merendeiras e incentivar a prática de hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar (arte: ACS/MEC)Quando soube do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar, a merendeira Silvana Aparecida Gentil Ribeiro, 43 anos, logo se animou. “Já sei o que vou fazer: lasanha de banana-da-terra”, ela disse às colegas de cozinha. “Que receita é essa?”, questionaram. “Não sei, inventei agora”, conta, caindo no riso. O prato, até então surgido apenas na cabeça da cozinheira, deu tão certo que virou um dos 15 finalistas da competição nacional.

    Com mais de duas mil inscrições recebidas de todas as partes do país, a premiação é promovida pelo Ministério da Educação e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Com o objetivo de estimular uma alimentação de qualidade nas escolas brasileiras, o concurso pretende, ainda, reconhecer o trabalho dos profissionais da merenda.

    Há menos de um ano na cozinha da Escola Estadual Zélia da Costa Almeida, em Cuiabá, capital de Mato Grosso, Silvana conta que a relação com a unidade de ensino vem de algum tempo, mas nunca foi tão forte. A filha dela, que já foi aluna, hoje compõe o corpo docente. A própria Silvana trabalhou na escola, como assistente de um projeto de reforço na alfabetização das crianças, e já tinha ministrado curso voluntário de culinária.

    A descoberta como merendeira só veio na metade de 2015. Apesar do receio inicial, o trabalho a surpreendeu. “Eu achava que gostava da sala de aula, mas descobri que gosto é da cozinha, mesmo”, diz, orgulhosa, a cozinheira, que sonha com o curso superior de gastronomia. O curso técnico de nutrição dietética, ofertado pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), criado em 2011 pelo governo federal, ela já tem.

    A receita finalista não leva massa. O diferencial é a banana, produto abundante na região. “Na escola, a gente não usa embutidos, mas tem o queijo e a fruta, que viraram a base da lasanha”, diz Silvana, sobre a ideia do prato, no qual ela deveria usar os ingredientes do cardápio escolar.

    Silvana considera a merenda fundamental, principalmente para os estudantes que têm apenas a refeição servida na escola: “Muitos alunos saem direto da escola para o trabalho; então, ali, já é uma alimentação reforçada” (foto: divulgação)Além de apresentar a iguaria a alunos e professores, que aprovaram a criatividade, Silvana juntou a experiência de sala de aula com a da cozinha. ”Elaborei um projeto ensinando os alunos do segundo e do terceiro anos, por saberem manejar uma faca, a fazer a receita”, conta.     

    Reciclagem — A alimentação dos alunos é acompanhada por uma nutricionista da Secretaria de Educação estadual. Além de passar o cardápio, ela promove as chamadas reciclagens dos profissionais da cozinha, todos os anos. “Participei de uma, agora, sobre carne suína, que ainda é um mito na cozinha”, comenta Silvana. Ela sabe que alguns alunos, às vezes, só têm a refeição servida na escola. Assim, considera a merenda fundamental. “Muitos alunos saem direto da escola para o trabalho, o primeiro emprego; então, ali, já é uma alimentação reforçada”, diz. “Eu mesma, quando era pequena, amava ir para a escola, para comer.”

    A cozinheira admite que, naquele tempo, as condições de vida não eram muito boas. “Sabendo disso, aí mesmo é que você tem o maior prazer em servir”, diz. É por isso que, para Silvana, além do cuidado na higiene e no manuseio dos alimentos, a busca por cursos é um incentivo a cozinhar sempre melhor.

    Ansiosa para conhecer Brasília e viajar de avião pela primeira vez, a merendeira diz que não vê a hora de adquirir o conhecimento que terá na última etapa do concurso. “Isso já é um prêmio que eu estou ganhando.”

    A receita da lasanha de banana-da-terra de Silvana pode ser conferida na página do prêmio na internet.

    Assessoria de Comunicação Social

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  • A proposta do concurso é valorizar o papel das merendeiras e incentivar a prática de hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar (arte: ACS/MEC)Camadas alternadas de arroz com cenoura, molho bolonhesa e purê de batatas fazem parte do preparo do combinado dois sabores. Gratinado no forno, o prato é uma verdadeira mistura de cores e paladares. É assim que a merendeira Lucineide Araújo, 49 anos, define sua receita, selecionada entre as 15 finalistas do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. Criatividade e valorização de hábitos locais foram os critérios para se chegar à fase final do concurso.

    Filha de agricultores, a pernambucana se dedica à alimentação escolar desde 1996. Em Salvador, está completando oito anos na Escola Municipal Batista de São Caetano. “Tem muito tempo que trabalho com crianças e gosto do que faço. A escola é minha segunda casa, me identifico muito e só me vejo trabalhando com isso”, afirma Lucineide.

    Agradar os estudantes com pratos nutritivos e saborosos nunca foi um grande desafio para Lucineide. Além do combinado dois sabores, a merendeira tem a receita de um macarrão ao molho incluída no cardápio oferecido nas escolas de Salvador. “Sempre busco um jeitinho para atrair as crianças, e desta vez a mistura de cores e sabores foi o maior sucesso.”

    Além de ser bastante saudável, o prato alimenta, garante Lucineide. Em novembro uma degustação foi realizada na escola. E foi o maior sucesso. Os alunos adoraram e até brincaram de identificar os ingredientes da receita.

    Todos os dias, Lucineide e as outras merendeiras da Escola Municipal Batista de São Caetano capricham para oferecer uma alimentação completa e equilibrada para cerca de 240 alunos do ensino infantil e fundamental. A receita é feita pela manhã e repetida à tarde, mas Lucineide alerta que nada é aproveitado. “Não fazermos comida para sobrar. Tudo o que é feito pela manhã fazemos à tarde de novo, aprendemos isso com a nutricionista”, destaca. “Também usamos a roupa adequada, estamos de branco com touca na cabeça, não usamos nenhum acessório”, acrescenta.

    Lucineide prepara seu combinado dois sabores, que a levou à final do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar (Foto: divulgação) Promovido pelo Ministério da Educação, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o concurso celebra os 60 anos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). A etapa final será em Brasília nos dias 28 e 29 de janeiro. “Estou só esperando a prova de fogo”, comenta a merendeira.

    “Estou muito contente, já me sinto vitoriosa porque minha receita foi escolhida entre tantas. Peço a Deus para eu fique calma na apresentação. Desejo muita sorte, e que tudo dê certo comigo e com as outras concorrentes”, conclui.

    Confira a receita do combinado dois sabores

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    Assessoria de Comunicação Social

  • As cinco vencedoras do concurso serão apresentadas na manhã desta quinta-feira, 26, em cerimônia de premiação (Foto: Mariana Leal/MEC)

    Com um olho na panela e outro no relógio, as finalistas do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar, promovido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), deram um show de criatividade e habilidade na etapa final, nesta quarta-feira, 25, em Brasília. A prova ocorreu na cozinha experimental do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Taguatinga (DF), onde foram apresentados aos jurados pratos que remetem às tradições alimentares de todos os cantos do Brasil. Teve caldo de bode, lasanha de fubá, panqueca de polenta e outras preparações que fazem sucesso entre estudantes das mais variadas regiões.

    As finalistas foram divididas em duas turmas – manhã e tarde – e se revezaram na preparação e apresentação dos pratos. Após o preparo, cada uma teve cerca de 15 minutos para mostrar seu talento aos jurados e contar a história por trás do sucesso das receitas. As concorrentes também apresentaram vídeo sobre uma atividade de educação alimentar e nutricional promovida em seus municípios, a novidade do concurso.

    "Nesta edição, tornamos obrigatória a inscrição de uma atividade de educação alimentar e nutricional promovida pela merendeira em parceria com um nutricionista de sua região ligado ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). A intenção, com isso, é fomentar hábitos alimentares saudáveis, principalmente em nosso contexto atual, no qual o Brasil enfrenta a problemática de sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes", destacou Karine dos Santos, coordenadora-geral do Pnae.

    Chefe de cozinha do restaurante Bloco C, um dos mais antigos de Brasília, Marcelo Petrarca foi um dos jurados que se mostrou empolgado com o desempenho e paixão das participantes pela atividade que desenvolvem. "Esse concurso é a valorização da atuação de todas as merendeiras que trabalham com amor", destacou o chefe.

    Também fizeram parte do júri Mariana Rocha, representante do Centro de Excelência Contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU); Lorena Medeiros, do Conselho Regional de Nutrição em Brasília; Alda Oliveira, presidente do Conselho de Alimentação Escolar do estado de Roraima e Sofia Marinho, estudante do sexto ano do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 104 Norte, em Brasília.

    As donas das cinco receitas ganhadoras, uma de cada região do país, serão apresentadas na manhã desta quinta-feira, 26, na cerimônia de premiação que vai ocorrer no Sebrae Nacional, em Brasília. Durante o evento, as vencedoras receberão um prêmio de R$ 6 mil e uma viagem internacional.

    "Estamos muito satisfeitos com a dinâmica do concurso e tudo o que ele representa. A intenção é potencializar todo esse trabalho desenvolvido já em 2018, no sentido de replicar as receitas e práticas apresentadas em outros municípios e estados brasileiros", afirmou o presidente do FNDE, Silvio Pinheiro, com a perspectiva de preparar a terceira edição do concurso para 2019.

    Assessoria de Comunicação Social, com informações do FNDE

  • Daniela Fernanda Felizardo, na preparação da receita no último dia de competição, 25 de outubro (Foto: Mariana Leal/MEC)
    O prato campeão da região Sul do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar foi a Polenteca. A criadora da iguaria é a merendeira Daniela Fernanda Felizardo, da cidade de Bento Gonçalves (RS). “Receber esse prêmio é muito gratificante. Não é só cozinhar. Você pode ter todos os temperos à sua disposição, só que o tempero principal é o que você leva no coração, que escorre pelas suas mãos: o amor, o carinho e a dedicação”, diz Daniela.

    A competição, promovida pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao Ministério da Educação, teve o objetivo de valorizar o papel dos profissionais da merenda na promoção de uma alimentação saudável e adequada nas escolas públicas brasileiras. A premiação das cinco ganhadoras – uma de cada região do país –ocorreu no dia 26 de outubro. As receitas vencedoras têm sido divulgadas na íntegra no portal do MEC.

    Confira a receita da Polenteca:

    Tempo de preparo – 30 minutos
    Número de porções – 10

    Ingredientes:

    200g de farinha de trigo
    200g de farinha de milho amarela
    90g de ovo de galinha inteiro
    200ml de leite de vaca integral
    5g de açafrão
    500g de carne bovina (acém) moída crua
    200g de folha da beterraba
    5g de alho
    1g de orégano moído
    70g de cebola
    100g de tomate com semente
    6g de sal de cozinha
    60ml de óleo de soja

    Modo de Preparo:

    Massa:
    Bata no liquidificador a farinha de trigo, a farinha de milho, os ovos, o leite, o açafrão, o óleo (50 ml) e uma pitada de sal. Aqueça uma frigideira com um fio de óleo e, com uma concha, derrame a massa e deixe assar, virando dos dois lados. Faça dessa forma todas as unidades.

    Recheio de carne moída com talos e folhas de beterraba:
    Refogar todas as folhas com um fio de óleo e reservar. Em outra panela, refogar a cebola picada, o alho, a carne moída, o orégano e o tomate concassé (sem pele e em cubos). Misture os dois refogados. Após o preparo da massa e dos recheios, monte as polentecas.

    Assessoria de Comunicação Social 

  • A proposta do concurso é valorizar o papel das merendeiras e incentivar a prática de hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar (arte: ACS/MEC)A alimentação na casa da gaúcha Vânia Simone Mackedanz Timm, 43 anos, é marcada pelo antes e depois do trabalho como merendeira. A comida rápida e frita feita em casa para a família foi trocada pelas inúmeras receitas saudáveis que aprendeu na escola onde trabalha há oito anos. “O que eu fazia na minha cozinha não chegava perto da variedade de legumes e verduras que se usa na escola”, diz. “Agora, até horta sem veneno [sem agrotóxicos] temos no quintal de casa.”

    Moradora da zona rural do município de Arroio do Padre (RS), a merendeira da Escola Municipal de Ensino Fundamental Barão do Rio Branco é uma das 15 finalistas do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. Promovido pelo Ministério da Educação, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o concurso celebra os 60 anos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

    Para participar do concurso, Vânia precisou de uma “forcinha” do filho Cristian, 20 anos. “Ele e uma vizinha professora insistiram para eu inscrever o bife verde”, destaca. Vânia não acreditava no potencial gastronômico do “bolinho”, que leva couve, mostarda, salsa e cebola, além de ovos, aveia e farinha de trigo.A receita de Vânia Simone surgiu quando ela encontrou grande variedade de verduras para a merenda dos estudantes na cozinha da escola (foto: divulgação)

    O prato inventado por ela foi inserido no cardápio da escola há um ano. A ideia surgiu ao se deparar com a variedade de verduras que a cozinha da escola recebe para a merenda dos estudantes. “Mostrei para a nutricionista o que fazia em casa, baseada no que aprendi na escola”, afirma. “Ela gostou e aprovou a introdução na merenda das crianças. A garotada amou.”

    O bife verde foi adotado nas seis escolas da redondeza de Arroio do Padre. Na escola onde Vânia trabalha, a receita é variada, para os estudantes não enjoarem. “Às vezes, faço a mistura com brócolis, no lugar da couve”, justifica.

    Para o concurso, a gaúcha usará a couve. O modo de preparo vai receber o mesmo incremento adotado nas escolas para aguçar o paladar dos alunos. “Os bolinhos são colocados em embalagens de cupcakes e enfeitados com a Bandeira do Brasil”, adianta.

    Vânia está satisfeita de ter passado pelas etapas estadual e regional e chegado à final do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. “Devo ao incentivo do meu filho”, destaca. “Ele já enfrentou temporal comigo, de moto, e nunca reclamou de me buscar no meio da estrada, onde desço à noite, do transporte, a quatro quilômetros de casa.”

    A receita de bife verde, de Vânia Simone Timm, pode ser conferida na página do prêmio na internet.

    Assessoria de Comunicação Social

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  • Finalista - Anilda BergerCriatividade e improviso foram os ingredientes que deram origem à receita do bolo salgado de arroz da merendeira Anilda Berger. Moradora na zona rural do município de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, Anilda, 51 anos, está entre os 15 finalistas do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. Promovido pelo Ministério da Educação em parceria com o Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE) o concurso celebra os 60 anos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

    Descendente dos pomeranos – povo alemão originário da Pomerânia, que chegou ao Brasil no século 19 – Anilda nasceu e cresceu na roça. A única vez que saiu da fazenda onde mora foi há dez anos, para ir ao estado vizinho, Minas Gerais, vender alho com o marido e o tio na Central Estadual de Abastecimento (Ceasa) de Belo Horizonte.

    “Alugamos um caminhão e fomos. Na estrada fui vendo a paisagem diferente. Nunca tinha ido tão longe”, relembra a merendeira, que agora está na expectativa de realizar um sonho: viajar para mais longe ainda e “de avião”. Anilda vai preparar para as “autoridades de Brasília” a receita de sucesso entre os alunos da escola rural municipal Emuef Baixo Rio Pantoja, que fica a oito quilômetros da fazenda onde ela mora.

    Para ir e voltar todos os dias da escola onde trabalha, Anilda pilota uma “motinha”, comprada há dez anos com o salário de merendeira. Rotina completamente diferente da vida no campo onde plantava e colhia junto com a família. Ela conta que no início não pilotava bem e tinha medo das subidas e descidas da região serrana.

    “Até pensei em sair do emprego quando chegaram as chuvas. Persisti porque pouco antes de começar como merendeira eu tive filhos gêmeos. Não dava pra arriscar viver só da colheita”, conta. Hoje lembra orgulhosa que, antes da motocicleta, o primeiro salário foi para comprar uma máquina de lavar as roupas dos bebês.

    A merendeira Anilda Berger, nascida e criada na roça, subirá pela primeira vez num avião para mostrar em Brasília sua receita de sucesso (Foto: divulgação)Anilda trabalha há 21 anos como merendeira, mas lembra que a adaptação no emprego foi difícil, porque na roça a alimentação era com o que tinha e da forma que desse para preparar. “Cozinhava em casa sem orientação”, explica. Como merendeira, passou a seguir cardápio com as recomendações da nutricionista. “Era comida pra muita gente. Tive de fazer cursos e participar de treinamentos, além de ter horário para trabalhar. Era tudo novo pra mim.”

    Apesar da novidade, a receita que Anilda inscreveu no concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar é inspirada na necessidade pela qual passava em casa, quando misturava ao arroz o que tinha de legumes da plantação para fazer render a refeição do dia. Na escola, o bolo salgado de arroz foi criado há dois anos. “O cardápio da primeira semana de aula não chegou a tempo e improvisei com o que tinha”, conta. Anilda misturou ao arroz frango, leite e farinha de trigo. Juntou ainda tomate, cenoura e temperou com cebola, sal e cebolinha.

    De acordo com a merendeira, os estudantes começaram a pedir para repetir o cardápio nos outros dias. “A nutricionista da Secretaria Municipal (de Educação) veio conhecer o bolo salgado de arroz, provou, aprovou e o prato passou a fazer parte do cardápio da escola.”

    Anilda só teve oportunidade de estudar até a quarta série do ensino fundamental e se emociona ao comparar as condições de ensino para os meninos da roça hoje com os seus tempos de escola. “Agora os alunos chegam na escola têm merenda, fruta, lápis e caderno. Na minha época não tinha merenda. Levava de casa um pão e um ovo cozido para ter o que comer. Mudou muito. Para melhor”, afirma.

    Concurso – O concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar busca valorizar o papel das merendeiras e incentivar a prática de hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar, além de conscientizar toda a comunidade escolar sobre o tema.
    Na etapa final, prevista para os dias 28 e 29 de janeiro próximos, um júri selecionado deve apontar a iguaria mais saborosa e melhor elaborada de cada região do Brasil. As cinco vencedoras ganharão uma viagem internacional e um prêmio de R$ 5 mil.

    A primeira fase do concurso contou com a participação de merendeiras de todo o país. Foram inscritas 2.433 receitas. Desse total, 1.403 passaram pela fase eliminatória e foram submetidas, na etapa estadual, aos votos de presidentes de conselhos de alimentação escolar e nutricionistas cadastrados no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). As votações apontaram as 123 receitas que seguiram para a fase regional.

    Para participar da etapa regional, as merendeiras e merendeiros selecionados descreveram, na página eletrônica do concurso, uma atividade de educação alimentar e nutricional relacionada à sua receita. Em seguida, os presidentes dos conselhos de alimentação escolar e os nutricionistas cadastrados no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) escolheram as três melhores receitas de cada região.

    Foram utilizados os mesmos critérios da etapa anterior: criatividade, valorização de hábitos locais e a viabilidade de inclusão no Pnae – possibilidade de replicação no contexto da alimentação escolar. Agora, essas 15 receitas disputam a fase final do concurso. O bolo salgado de arroz da Anilda é uma dessas.

    Conheça a receita do bolo salgado de arroz

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    Assessoria de Comunicação Social

  • A proposta do concurso é valorizar o papel das merendeiras e incentivar a prática de hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar (arte: ACS/MEC)Reaproveitar alimentos é palavra de ordem para a merendeira Gerlinda Boening, 48 anos, que trabalha na escola pública municipal da zona rural de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo. O combate ao desperdício e a busca por uma alimentação sustentável levaram Gerlinda a uma criação de sucesso, o frango ao molho com casca de abóbora.

    A receita sustentável tornou-se uma das 15 finalistas do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. Promovido pelo Ministério da Educação, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o concurso celebra os 60 anos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

    O segredo do prato está na simplicidade e sutileza da elaboração. Além de aproveitar a casca da abóbora, o modo de preparo orienta cozinhar os alimentos com pouca água para evitar o desperdício de nutrientes. Até a água do cozimento é reaproveitada.

    As dicas são frutos de anos de experiência de Gerlinda, que trabalha como merendeira há 29 anos. Ela começou a trabalhar em escola quando tinha apenas 18 anos. “Foi meu primeiro emprego. Cinco anos como contrato e depois passei em um concurso municipal. E não penso em me aposentar”, ressalta.

    A “merendeira sustentável”, como se define, começou cedo na arte culinária, na roça. “Tinha meus 12 anos quando aprendi, em casa, a fazer milagre com o que tinha”, conta. A experiência foi adquirida com a mãe e ajudou na profissão. “Vinte anos atrás não era fácil. Trabalhava sozinha para atender 150 alunos e não tinha geladeira na escola”, relembra.Trabalhar numa escola é motivo de orgulho para a merendeira Gerlinda Boening, que concluiu o ensino fundamental aos 30 anos (Foto: divulgação)

    Gerlinda foi uma das primeiras merendeiras de Santa Maria de Jetibá. Para ir de casa para a escola na zona rural andou a pé e enfrentou chuva até comprar uma moto. Chegou a levar algumas quedas nas estradas de chão, mas sempre estava preparada para os imprevistos do percurso. “Mantinha uma peça de roupa limpa no trabalho e quando chegava enlameada, eu trocava.”

    Trabalhar numa escola é motivo de orgulho para Gerlinda. De acordo com a merendeira, foi isso que a levou a concluir o ensino fundamental aos 30 anos de idade. “Eu tinha só até a quarta série e as professoras me ajudaram na aprendizagem”, conta.

    O gosto pelo reaproveitamento de alimentos aumentou com os estudos. “Aprendi que cascas e talos têm muitos nutrientes.” A merendeira também e a inventora do pão nutritivo adotado pela escola, que aproveita talos de verduras e legumes. A inovação não se limita aos pratos.

    Na hora da merenda, o refeitório é transformado em um ambiente de restaurante estilo self-service. “Os alunos escolhem o que querem comer e com quem sentar em mesas com quatro lugares que estão sempre com um arranjo em cima”, destaca.

    Gerlinda soube que era finalista no concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar por meio do celular. “Recebi uma mensagem da organização do concurso.” Para a merendeira, ser uma das 15 finalistas é uma verdadeira vitória. “Estou muito feliz e emocionada. Esse reconhecimento em quase 30 anos de serviço já valeu como prêmio”, conclui.

    Conheça a receita do frango ao molho com casca de abóbora

    Assessoria de Comunicação Social

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  • A proposta do concurso é valorizar o papel das merendeiras e incentivar a prática de hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar (arte: ACS/MEC)O sonho da merendeira Maria de Lurdes Fidelis, 51 anos, é se formar em gastronomia. A vontade aumentou depois que soube de sua classificação na final do Melhores Receitas da Alimentação Escolar. Trata-se de concurso promovido pelo Ministério da Educação, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que celebra os 60 anos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). A premiação gastronômica vai reunir em Brasília, nos dias 28 e 29 próximos, 15 finalistas de todas as regiões do país. A paranaense Maria de Lurdes é uma delas, com a torta de arroz nutritiva.

    A vocação culinária começou cedo. Era apenas uma menina de oito anos de idade em Matelândia (PR) quando pegou nas panelas de verdade pela primeira vez. “Minha mãe tinha acabado de ganhar neném e precisava repousar. Meu pai preparava a comida cedo, antes de sair pra trabalhar. Eu tinha de esquentar na hora do almoço. Como ainda era muito pequena, meu pai fez um banquinho para eu subir, não me queimar nem deixar a comida queimar”, lembra Maria de Lurdes.

    A carreira na cozinha começou anos depois, já adulta, em um frigorífico onde trabalhou pesado por dois anos. “Cheguei a cortar 700 bifes em um almoço. Um para cada funcionário”, recorda. A vida mudou quando foi convidada para trabalhar como merendeira na Escola Municipal Dom Pedro II. O que era apenas para cobrir férias de um mês se tornou profissão efetiva, após passar em um concurso há três anos. “Foi tenso porque eram quatro vagas e a minha classificação foi quinto lugar. Tive de esperar e acabei sendo chamada”, afirma.

    A torta de arroz nutritiva criada por Maria de Lurdes para o concurso do MEC tem consistência suculenta e dá a impressão de que leva queijo. Mas, o preparo gasta menos de uma hora e tem uma diversidade de ingredientes: ovos, leite, trigo e arroz, além de cebola e tomate picados. O recheio vai desde peito de frango desfiado, cebolinha e salsinha a repolho ralado, brócolis picado e cenouras em cubos.

    A vocação culinária de Maria de Lurdes começou aos oito anos de idade, quando pegou nas panelas para ajudar a mãe (Foto: divulgação)“Quando soube do concurso, conversei com a nutricionista da escola, que queria criar uma receita usando os ingredientes disponíveis”, explica. A certeza da merendeira veio quando colocou a iguaria à prova dos alunos. “Eles gostaram da criação. Não jogaram a comida fora, nem separaram no canto do prato algo que não tenham gostado. Me senti segura para competir”, destaca.

    A merendeira acredita que o segredo da rápida aceitação do prato está no cuidado do preparo dos alimentos. Para manter o sabor e tornar o prato mais atrativo, ela costuma ralar os alimentos ou deixá-los em pedaços bem pequenos. “O menor possível. Sou chata. Pico bem e cozinho de forma que não percam os nutrientes. O brócolis, corto e refogo antes de juntar à torta”, ensina.

    Maria de Lurdes é autora de outros dois pratos que também fazem sucesso entre os 130 alunos do Dom Pedro II, que comem as merendas preparadas por ela todos os dias. “Eu e minhas colegas fazemos o pão e os biscoitos distribuídos aos estudantes. A escola não precisa comprar esses alimentos industrializados”, explica. Segundo ela, a confecção própria garante a qualidade dos produtos.

    Improvisação é com ela mesmo. Segundo a merendeira, quando o cardápio da merenda para o mês é liberado e os ingredientes demoram a chegar, ela dá um jeito. “Troco uma receita por outra ou um ingrediente por outro. Dá tudo certo”, afirma. Todos os dias a merenda feita por ela é incrementada com temperos de uma hortinha organizada na própria escola. “Frequentemente os alunos me pedem a receita do que faço para a merenda. Eles não sabem que o principal tempero é o amor. Quando se cozinha com carinho e procura-se fazer bem feito, o sucesso é garantido”, ensina.

    Durante as aulas, a torta de arroz nutritiva da Maria de Lurdes vira objeto de promoção do saber. Em sala de aula os professores trabalham as receitas nas disciplinas. A matemática explora a questão dos numerais, quantidades e situação problema, além de adição e subtração. Já o estudo da língua portuguesa aproveita o texto do preparo da iguaria, leitura e interpretação e até divisão silábica. Em ciências os alunos tratam dos grupos alimentares (energéticos, construtores e reguladores) e também de alimentação saudável e consequências de uma alimentação não saudável. Por fim, história e geografia tratam dos alimentos regionais e até o ensino religioso entra no bolo didático ao falar em desperdício.

    Conheça a receita da torta de arroz nutritiva

    Assessoria de Comunicação Social

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