Ministérios lançam programa contra a Aids
O ministro da Educação, Fernando Haddad, participou nesta terça-feira, 16, da cerimônia de lançamento do Programa Estratégico de Ações Afirmativas: População Negra e Aids, no auditório do Ministério da Saúde, em Brasília. O objetivo do programa é promover ações, direcionadas à população negra, que facilitem o desenvolvimento de políticas de enfrentamento da epidemia.
Participaram do evento o ministro da Saúde, Saraiva Felipe; o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci; a ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro; o subsecretário especial de Direitos Humanos, Mário Mamede; e o vice-reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Martim Mulholland.
O programa é uma parceria entre os ministérios da Saúde e da Educação, Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e Secretaria Especial de Direitos Humanos, formalizada em dezembro do ano passado, no lançamento do Programa Brasil Afroatitude.
Coragem - Para o ministro Fernando Haddad, “é preciso encarar a complexidade com coragem. No Brasil, o social se confunde com o racial. Entre os pobres, os negros têm menores oportunidades. Devemos continuar fazendo políticas afirmativas e inclusivas, ampliando seus alcances. Testar metodologias e instrumentos, aperfeiçoando e substituindo práticas antigas por novas atitudes e comportamentos. É melhor errar testando caminhos do que errar pela indiferença e omissão”, disse.
Cotas - O Programa Brasil Afroatitude, cujo objetivo é integrar políticas de ações afirmativas para os afrodescendentes, emprega mecanismos de controle da epidemia de HIV e Aids e consolidou parcerias com 11 universidades públicas, que adotam o sistema de cotas para afrodescendentes em seus concursos vestibulares.
A UnB adotou o sistema de cotas para estudantes negros no segundo vestibular de 2004 e, hoje, conta com 700 alunos afrodescendentes matriculados. Destes, 58 são bolsistas do Programa Afroatitude e recebem ajuda no valor de R$ 241,51 por mês, durante um ano. As bolsas são distribuídas de acordo com os planos da instituição e abrangem pesquisas de iniciação científica, para investigar as relações entre vulnerabilidade ao HIV/Aids e as políticas públicas para negros. Contemplam também intervenções com populações vulneráveis, em parcerias com entidades sociais, na forma de extensão universitária.
Segundo o vice-reitor da UnB, Timothy Mulholland, “a integração das ações afirmativas e de controle da Aids com o sistema de cotas para estudantes negros na UnB está transcorrendo em total clima de normalidade. A permanência destes alunos em seus cursos se consolida, agora, com o lançamento do Programa Estratégico de Ações Afirmativas: População Negra e Aids. A UnB criou uma assessoria de diversidade e apoio aos cotistas que assegura acompanhamento aos alunos afrodescendentes”, afirmou Mulholland.
Para Lélia Charliene, aluna cotista do terceiro semestre do curso de história da UnB, “os benefícios do sistema de cotas com bolsas vão além do resgate das cidadanias e do combate à discriminação. Capacita para a realização de pesquisas e abre caminhos para futuros pesquisadores desenvolverem suas vocações científicas”. Segundo ela, o sistema de cotas interfere profundamente na formação de pessoas com dificuldades reais para estudar. “A ampliação destes programas aumentará seus efeitos benéficos”, afirmou Lélia.
Entre as personalidades presentes, destacaram-se as cantoras Margareth Menezes e Negra Li; Antonio Carlos (Vovô), do Grupo Ilê Aiyê; João Jorge, do Grupo Olodum; o ator Norton Nascimento; o cantor Helião; e o rapper Big Richard.
Repórter: José Leitão