Decidindo os rumos do Conexões de Saberes
Gestores do Conexões de Saberes se reúnem na próxima sexta-feira, 9, no Hotel Torre Palace, em Brasília, para definir os parâmetros do encontro nacional entre coordenadores, bolsistas e dirigentes do programa, que será realizado de 30 de outubro a 2 de novembro, em Recife.
Na reunião desta semana, representantes das 14 instituições públicas onde o programa está sendo implementado vão definir como será feito o lançamento do diagnóstico do perfil do candidato e a melhor forma de se coletar e tabular os dados do questionário Perfil Social Conexões. Trata-se de uma pesquisa para traçar uma radiografia social dos bolsistas do programa. O objetivo é saber quem são, onde moram e se os que entram conseguem permanecer na universidade.
Algumas instituições encontram problemas para aplicar a pesquisa, a exemplo da Universidade de Brasília (UnB), porque as matrículas deste ano já foram feitas. Segundo explicou a antropóloga e educadora Leila Chalub Martins, coordenadora do programa na UnB, a instituição teve de buscar o apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para aplicar corretamente o questionário.
O MEC está investindo R$ 3 milhões no Conexões de Saberes, um programa de âmbito nacional desenvolvido pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad). O objetivo é estimular uma articulação entre a universidade e as comunidades populares por meio de ações dos estudantes de graduação que moram em bairros da periferia. Eles recebem bolsas e desenvolvem projetos sociais na região onde vivem.
O bolsista recebe mensalmente R$ 241,00, faz uma imersão em sua comunidade, conhece as políticas públicas ali existentes, identifica formas de organização e potenciais, ações para fortalecê-las e problemas como a situação dos jovens.
É o caso de Soraia Barbosa de Santana, 19 anos, de Ceilândia, cidade-satélite de Brasília que se originou de um assentamento. Cursando o terceiro semestre de letras (UnB), Soraia, caçula de três irmãos, entrou para o programa pelo corte de renda familiar ao comprovar os R$ 500,00 mensais que o pai recebe como almoxarife. “Estou muito feliz com este dinheiro. Vai dar para comprar passe, lanche, almoço, apostila, livro e até guardar um pouquinho”, disse.
Guardar não está nos planos do jovem Rhaul de Oliveira, 18 anos, órfão de pai desde a infância. Natural de Aparecida de Goiânia (GO), ele entrou na UnB pelo sistema de cotas e cursa o primeiro ano de ciências biológicas. Segundo Rhaul, a renda mensal da família é de aproximadamente três salários mínimos. Ele é o primeiro membro da família a entrar na universidade e diz que vai usar a verba da bolsa para ajudar os irmãos a seguir a mesma trilha.
“Tenho mais dois irmãos. Um tem 20 anos, trabalha como chapa (ajuda caminhoneiros a descarregar mercadorias) e está tentando entrar na universidade pública. O outro tem 16, trabalha no programa Pró-Cerrado e em uma lanchonete onde ganha R$ 50,00 por mês. Ele está no último ano do ensino médio e faz cursinho para prestar direito”, conta Rhaul.
Mais informações sobre o Conexões de Saberes pelo telefone (61) 2104-9602.
Repórter: Sonia Jacinto