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Educação no campo

Creches se adaptam à realidade do campo

  • Sexta-feira, 01 de agosto de 2008, 13h51
  • Última atualização em Segunda-feira, 04 de agosto de 2008, 15h05

Bambu, palha e rede. Materiais que conferem identidade aos prédios que abrigam escolas e creches da educação infantil. Representantes de secretarias municipais e estaduais, de movimentos sociais e entidades ligadas à educação propuseram soluções para adequar o ambiente das creches às realidades do campo. Eles se reuniram em Brasília nos dias 30 e 31 de julho para discutir educação infantil no campo com técnicos dos ministérios da Educação e do Desenvolvimento Agrário (MDA).

“Precisamos pensar onde colocar os atadores de rede”, sugeriu a coordenadora de educação do campo da secretaria estadual do Pará, Natalina Mendes. Em seu estado, é costume dormir em redes, disse Natalina, e as crianças se sentiriam menos ambientadas em berços ou camas.

Uma representante do Maranhão relatou que nas comunidades quilombolas de seu estado, as crianças não gostam dos muros. Para Lourdes Vicente, do movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Ceará, a cerca-viva foi uma boa opção para proteger as crianças dos animais, sem dar a sensação de aprisionamento. Na visão de Lourdes, as experiências locais podem facilitar a construção de creches e escolas de educação infantil em lugares que enfrentam problemas similares.

No Ceará, para construir as paredes das escolas, o cimento foi usado em proporção reduzida, o que proporcionou economia no orçamento e a preservação do meio ambiente. “Os tijolos são feitos com 80% de terra do próprio local e não são queimados”, ressaltou Lourdes. Para diminuir o calor, muitas escolas dos assentamentos usam bambu e palha no lugar das telhas e do concreto tradicionais.

Para Lourdes, a infra-estrutura das escolas precisa guardar estreita relação com o projeto político-pedagógico. Por isso, ela defende que, nas áreas de assentamentos e da agricultura familiar, o currículo inclua o cuidado com a horta escolar. “Assim, o trabalho funciona como princípio educativo. Além disso, o plantio ajuda a melhorar os hábitos alimentares”, disse.

No Acre, para integrar a instituição de ensino ao espaço das comunidades e despertar nas crianças a identificação com o ambiente, a idéia foi construir as escolas indígenas em forma de oca. No estado, segundo a representante da secretaria municipal de Rio Branco, Lígia Ribeiro, é difícil seguir o modelo convencional de oferta de ensino porque a população do campo é muito dispersa. “Estamos pensando um modelo de educação infantil em áreas isoladas e de grande mobilidade”, afirmou.

A idéia, de acordo com Lígia, é levar o professor até as casas das famílias mais distantes e oferecer formação tanto às crianças quanto a seus pais. “Muitos adultos são analfabetos”, lamentou. O projeto deve ser testado em 2009, com prioridade para a alfabetização de crianças, jovens e adultos. Cada professor deverá cuidar de até cinco famílias.

Apoio — O MEC oferece um modelo de escola para atender às crianças até seis anos na educação infantil. De acordo com o coordenador de Infra-Estrutura Educacional do Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional (FNDE), Erinaldo Vitório, o modelo é adequado à realidade urbana e pode ser adaptado às especificidades de cada região. “O MEC tem de velar pelo padrão mínimo de qualidade”, disse. Segundo Erinaldo, o FNDE oferece assistência técnica e/ou financeira para o desenvolvimento de projetos específicos.

Maria Clara Machado

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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