Educação no campo: metas de qualidade
O levantamento das necessidades da educação infantil no campo foi um dos resultados de encontro realizado na última semana com várias entidades. As discussões realizadas no seminário Políticas Públicas de Educação Infantil servirão de base para a elaboração de orientações curriculares específicas para a educação de crianças até seis anos que vivem na área rural.
São sugestões que abrangem desde a elaboração de material didático específico até a adequação arquitetônica das escolas. “As crianças do campo estão acostumadas a espaços amplos e abertos. Escolas feitas nos moldes da cidade trazem desconforto aos alunos”, explicou a consultora de educação no campo Joselma Assis.
As recomendações devem ser reunidas em novembro, no primeiro seminário nacional sobre o tema. O documento também conterá orientações sobre a formação de professores capacitados para enfrentar os desafios da educação no campo.
Nas regiões rurais estão os municípios e escolas com os mais baixos índices educacionais do país. A disparidade entre a situação da educação infantil na cidade e no campo preocupa especialistas. Há pouquíssimas creches em áreas rurais, embora nessas áreas a taxa de natalidade seja maior. Tanto o Ministério da Educação quanto o do Desenvolvimento Agrário atuam no sentido de minimizar o processo de nucleação — é comum, em zonas rurais, agrupar crianças de vários municípios em uma única escola. O processo, além de aumentar os gastos com transporte, é notadamente prejudicial à educação, já que a viagem desgasta os estudantes. No caso da educação infantil, que abrange crianças de no máximo seis anos, creches devem ser instaladas perto das residências.
Além dos desafios de infra-estrutura, a educação infantil no campo enfrenta os de ordem conceitual. Ainda não há material específico para atender as crianças. “É importante trabalharmos com a perspectiva da criança nessa faixa etária”, defendeu Joselma Assis. Técnicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e de universidades públicas também trabalham no desenvolvimento de um projeto arquitetônico que contemple as necessidades das escolas da área rural.
Ana Guimarães