Educação profissional vai ao carnaval
Educação profissional virou samba-enredo. A proximidade de um instituto federal com a comunidade de um bairro de Manaus motivou a novidade. No próximo sábado, 21, a história do que é hoje o Instituto Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica do Amazonas vai para a avenida.
Do Morro da Liberdade, bairro de Manaus, para o Instituto Federal do Amazonas são três quilômetros. A interação da comunidade com o instituto é tanta que o centenário da instituição virou tema de samba-enredo da escola de samba do Morro da Liberdade, a Reino Unido da Liberdade, uma das mais tradicionais de Manaus. “Os meninos da bateria e até mesmo o presidente da escola de samba são ex-alunos do instituto”, conta o reitor da instituição, João Martins Dias.
A escola sai com 5 mil brincantes na avenida no próximo sábado. Terceira do grupo especial a desfilar, a Reino Unido da Liberdade terá duas alas exclusivas para o Instituto Federal, uma para servidores e outra para egressos da instituição. Desde que soube que ia desfilar, a professora Maria Guerreiro tomou aulas de dança, promovidas pelo próprio instituto. “Não quero fazer feio de jeito nenhum”, conta a professora, que foi criada no Morro da Liberdade. Quando criança, a escola de samba passava em frente à sua casa, mas seus pais não a deixavam pular o carnaval. Este ano ela vai pela primeira vez. “Estou muito emocionada também porque trabalho no instituto há 15 anos”, relata.
O que hoje é o Instituto Federal do Amazonas começou como uma das primeiras escolas de educação profissional do país. Criada em 1909 pelo ex-presidente Nilo Peçanha, a então “escola de aprendizes artífices” foi uma das 19 primeiras a serem instaladas no país. O enredo “O centenário dos aprendizes artífices no reino do saber, do samba e da alegria” conta toda a história da instituição, amada pela comunidade manauara. Foi a própria escola de samba que propôs o enredo.
“Essa idéia não partiu aqui do instituto não. Eu não ia propor uma encrenca dessas. Tivemos que ensaiar um ano inteiro”, brinca o reitor João Dias. Homem letrado, acostumado ao dia-a-dia de professor, este ano ele vai para o carnaval. “Tô um pouco sem jeito, mas muito orgulhoso também”, confessa.
A diretoria da escola de samba vai desfilar junto com a diretoria do instituto, em mais uma prova da interação da comunidade com o instituto federal. No enredo, a história da escola e da revolução tecnológica dos últimos 100 anos. “Agora, é esperar o resultado. Se Deus quiser, seremos campeões”, torce o reitor João Dias.
Ana Guimarães