Seminário avalia programa Escola Aberta
Os crimes ocorridos nos fins de semana na favela do Morro Alto, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, tiveram uma redução da ordem de 40%. Pesquisa realizada pelo Comando da Polícia Militar da capital mineira atribuiu a drástica redução nos índices ao Programa Escola Aberta. “As comunidades encontram no espaço da escola uma possibilidade de expressão e uma alternativa à violência”, garantiu a coordenadora do programa, Natália Duarte.
Além disso, a implantação de oficinas de taekwondo nas escolas, com o auxílio de sargentos da PM, ajudou a aproximar a polícia da comunidade. “Antes, os policiais entravam no morro dando batidas. Agora, reconhecem os amigos da comunidade. A iniciativa é boa para todos”, explicou a coordenadora da unidade local estadual do programa, Rogéria Freire de Figueiredo.
Esta e outras experiências serão levantadas pelos coordenadores locais do programa em encontro iniciado nesta quinta-feira, 12, com a coordenação nacional, no auditório do Ministério da Educação. Na pauta do encontro, que se estenderá até sábado, 14, estão as experiências de cada estado e assuntos como educação, inclusão social, cidadania, diversidade, lazer e cultura, mobilização popular, violência e cultura de paz.
Em Manaus, cidade que aderiu ao programa há apenas cinco meses, há relatos de famílias que aumentaram a renda a partir da iniciativa. O sucesso da oficina de ovos de páscoa surpreendeu até o coordenador do programa na região, Jocélio Coelho. “Eu nunca pensei que isso pudesse acontecer. Com os ovos de páscoa produzidos nas escolas, algumas famílias chegaram a lucrar R$ 1,2 mil”, disse. Ao todo, 48 escolas de Manaus estão integradas ao programa.
Em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, a Companhia Vale do Rio Doce, em parceria com o programa, formou 60 jovens por meio de uma oficina técnica para eletricistas. “Dez foram aproveitados pela própria Vale do Rio Doce e outros dez já estão empregados”, relatou a coordenadora Rogéria Freire.
Pesquisas — No programa, 1.550 escolas de 22 estados estão abertas às comunidades nos fins de semana. A iniciativa leva lazer, educação e cultura a 91 municípios. Pesquisas realizadas pelo Ministério da Educação, pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e pela Universidade Federal Fluminense (UFF) atestam que a simples iniciativa de manter as escolas abertas nos fins de semana resulta em melhoria na qualidade de vida das comunidades. As pesquisas também atestam que a experiência diminuiu a depredação escolar e atenuou os conflitos existentes entre escola e comunidade, além de melhorar a imagem das instituições de ensino.
O Ministério da Educação destina, em média, R$ 18 mil a cada escola a cada dez meses por meio do programa. O dinheiro é investido na realização de oficinas de artesanato, marcenaria, panificação, corte e costura, origami e outros cursos, dentre as 400 opções oferecidas. Entre as metas da Escola Aberta para 2007 está a ampliação do programa para os estados que ainda não aderiram — Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Acre e Rondônia.
O encontro entre a coordenação nacional e as coordenações das unidades locais executoras será encerrado com uma visita às escolas abertas do Distrito Federal, no sábado, dia 14.
Ana Guimarães Rosa