Gestão de recursos é desafio
Fazer que os recursos destinados à educação se traduzam, de fato, em ensino de qualidade para as crianças brasileiras. A questão foi abordada nesta terça-feira, 15, na Conferência Nacional de Educação Básica. O colóquio Transferência de recursos: gestão e compromisso uniu educadores, diretores de escolas, secretários de educação e especialistas.
“No Brasil temos secretários de educação que exercem a mesma função em dois ou três municípios. Temos prefeitos que vão às cidades que o elegeram apenas uma vez por semana. Isso impossibilita o compromisso deles com a melhoria da qualidade da educação de seus municípios”, argumentou Cleuza Repulho, representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Para a especialista, melhorar a gestão dos recursos federais não é um problema que apenas o dinheiro pode resolver.
A diversidade do país foi uma questão lembrada durante o colóquio. Na gestão dos recursos educacionais, por exemplo, muitos estados gastam mais com transporte escolar do que com a merenda. “Temos estados, como Mato Grosso, que precisa de carros para o transporte das crianças durante a seca e de barcos no período da chuva”, explicou Cleuza Repulho. A solução, segundo a especialista, é considerar as realidades regionais e buscar soluções individualizadas.
Presente ao evento como observadora, a técnica do Ministério da Educação Julieta Borges Lemos explicou as dificuldades que enfrenta para operar o sistema de repasse dos recursos. “Não é só uma questão de dinheiro. Às vezes, a demanda dos municípios é tanta que a equipe de servidores fica pequena”, desabafou.
Além da representante da Unesco, foram conferencistas do colóquio os especialistas Márcio Pochmann e Paulo Eduardo dos Santos. A Conferência Nacional da Educação Básica prossegue até sexta-feira, 18.
Ana Guimarães