Niterói ganha unidade do Pedro II
Referência no ensino público no município do Rio de Janeiro, o Colégio Pedro II terá a primeira unidade descentralizada em Niterói, que oferecerá ensino médio a 630 alunos - 210 já este ano. As aulas da primeira turma terão início no dia 5 de abril próximo. O Pedro II, que é uma autarquia federal ligada ao Ministério da Educação, tem 13 mil estudantes e mil professores no Rio, distribuídos em 11 unidades, que oferecem desde o ensino infantil até o médio.
"A carência maior dos municípios está no ensino médio. Por isso, estamos colocando a proposta pedagógica do Pedro II, que é uma referência de escola pública, à disposição dos municípios", explicou o diretor-geral do colégio, Oscar Halac. Ele destaca os resultados obtidos pelos alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e nos exames para o ensino superior. Segundo Halac, a criação da unidade de Niterói faz parte da proposta do MEC de descentralizar a oferta de ensino em todos os níveis.
Em Niterói, 50% das vagas foram destinadas a alunos que concluíram o ensino fundamental na rede municipal da cidade, proposta semelhante àquela executada pelo colégio em seus concursos públicos. Na parceria, o município oferece a estrutura física e o colégio participa com professores e funcionários, além da proposta pedagógica. "É a escola pública mais respeitada do país. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) está repleta de artigos que consideram prioritária a cooperação entre municípios, estados e Federação", afirmou o secretário de Educação de Niterói, Waldeck Carneiro.
Aprovados - O concurso público que definiu os ingressantes foi realizado em dezembro do ano passado e em fevereiro último. O primeiro colocado foi Fellipe Calleia dos Santos, 15 anos. "Fazer o ensino médio no Pedro II vai abrir muitas oportunidades para mim", disse Fellipe.
Ele ressaltou a importância de a escola ter uma unidade em Niterói, pois estudar no Rio de Janeiro, para ele, não seria possível. Disposto a seguir carreira na área de tecnologia, o estudante, que cursou o ensino fundamental em escola pública do município, admite ter ficado surpreso com o primeiro lugar.
A segunda colocada, Thamirys Baptista dos Santos, 14 anos, salienta que o fato de o colégio ficar perto de casa também influenciou sua escolha. Ela deu prioridade aos estudos de matemática para o concurso e ficou surpresa com a colocação.
Histórico - Em 1837, o ministro do Império Bernardo Pereira de Vasconcelos apresentou ao regente Pedro de Araújo Lima proposta para a organização do primeiro colégio secundário oficial do Brasil. Pereira de Vasconcelos acreditava que a instrução pública seria melhor do que a particular, que se mostrava inadequada, por ser oferecida em salas precárias e por professores mal preparados.
O colégio, cuja primeira sede foi a da Avenida Marechal Floriano, no Centro do Rio, originou-se do Seminário dos Órfãos de São Pedro, criado em 1739, por Frei de Guadalupe. Teve diversos nomes, como Seminário de São Joaquim e Imperial de São Joaquim, até receber a denominação de Colégio Pedro II. Foi inaugurado em 25 de março de 1838, quando as aulas tiveram início. Em 1874, o prédio passou por grande reforma. O salão nobre, inaugurado em 1875, sedia, desde então, solenidades de entrega de diplomas de bacharéis em letras, de doutores em medicina e das turmas de graduados do próprio colégio.
O último ato público de Dom Pedro II, em 14 de novembro de 1889, ocorreu no colégio, quando o imperador presidiu concurso para professores de inglês. Nos primeiros tempos republicanos, o colégio passou a se chamar Ginásio Nacional, mas posteriormente retomou o nome atual.
Repórter: Rodrigo Dindo