Portal do Governo Brasileiro
Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Todas as notícias > Gestão da escola: trabalho em equipe e forte presença da comunidade
Início do conteúdo da página
Educação básica

Gestão da escola: trabalho em equipe e forte presença da comunidade

  • Terça-feira, 22 de maio de 2007, 14h56
  • Última atualização em Quarta-feira, 25 de julho de 2007, 08h20

Na Escola Municipal Primeiro de Maio, na periferia de Salvador (BA), as crianças são acompanhadas de perto e se um aluno falta por três dias, recebe a visita da professora Lindalva Silva. Ela está há treze anos na escola, que passou a ser gerida pela rede pública em 1983. Lindalva conta que todo o pessoal — diretora, oito professoras, secretária, merendeira, faxineira e porteiro — se orgulha de trabalhar em equipe e em conjunto com os pais. Na visão de Lindalva, depois da eleição da diretora Simone de Jesus, em 2005, as idéias de todos ganharam mais organização.

A própria Simone atribui os bons resultados à equipe: “Dei sorte de ser diretora aqui porque peguei um grupo que gosta de trabalhar, que gosta de fazer, mesmo com todas as carências, de criar e inovar, buscando alternativas para os meninos aprenderem mais. A gente saiu daquela coisa do acomodar e reclamar. Ao contrário: a escola não tem, a gente improvisa e faz”, ensina a diretora.

A capacidade de transformar boas idéias em boas práticas veio de um curso de gestão escolar que Simone fez quando terminou a faculdade de pedagogia, na Universidade Federal da Bahia. Depois de capacitada, apresentou plano de gestão à secretaria municipal de educação e à comunidade escolar, que a elegeu diretora. Na eleição, votaram pais, professores e funcionários da escola.

À frente de uma instituição que atende 314 crianças de uma comunidade carente, a diretora investe na parceria com vários segmentos da sociedade para driblar as dificuldades. “Procuro fazer uma gestão participativa. Sempre cobro mais participação dos pais, busco ajuda na prefeitura e quero ampliar a parceria com a paróquia do bairro.” Uma das necessidades que Simone pretende resolver com o apoio da comunidade é a questão do transporte escolar. Hoje, não há meios permanentes de levar os alunos para as atividades fora da escola.

O Conselho Escolar ajuda a tornar a gestão mais democrática e transparente. Formado por quatro pais de alunos, dois professores e pela diretora, o conselho tem poder deliberativo e fiscalizador. Na prática, os membros discutem, por exemplo, medidas para frear a indisciplina dos alunos ou para atrair os pais à escola. Além disso, é preciso fiscalizar se o dinheiro recebido pela instituição está sendo bem gasto.

A nova diretora, o conselho e as professoras concordam que o papel da comunidade escolar é trabalhar para que os alunos aprendam mais. Para isso, eles se encontram regularmente. Numa dessas reuniões ficou decidido o acompanhamento individual do aluno. Hoje, cada estudante tem uma caderneta em que a professora anota habilidades e deficiências. Ao final de cada bimestre, a diretora e as professoras se reúnem para avaliar as cadernetas. “Vemos quais as habilidades os meninos não alcançaram. Um exemplo é quando eles apresentam leitura silabada. Aí, intensificamos o trabalho de leitura com aquela turma, porque geralmente não é um aluno só que precisa de reforço”, explica Simone.

Outra preocupação é envolver os próprios alunos na conservação e na organização do dia-a-dia da escola. No ano passado, os meninos e meninas escolheram seus representantes. Silas Santana tem 9 anos, está na 3ª série e foi eleito vice-presidente. “O vice-presidente ajuda a presidente. E tudo que vê de errado na escola ele avisa à diretora. Na semana passada, eu fui ao banheiro e os meninos estavam riscando a parede. Aí, eu avisei a presidente e a gente falou com a diretora”, relata Silas.

Professoras, pais e diretora também pensam em desenvolver atividades capazes de reforçar o conteúdo das aulas e que tenham relação com o universo das crianças. “No ano passado, a gente trabalhou com histórias e memórias de Itapagipe. Os meninos fizeram maquetes das redondezas e pesquisas da história do bairro, de como surgiu Itapagipe, de como era antes”, conta a diretora. O projeto será retomado este ano, agora relacionado ao meio ambiente. A idéia é aproveitar um programa desenvolvido pelo governo do estado, que está trabalhando com a conscientização dos moradores quanto à poluição, e levar especialistas à escola para dar palestras e mostrar vídeos sobre o assunto.

Até a merenda tem sabor regional. No cardápio, são privilegiados pratos típicos, como a quiabada ou caruru, com alimentos saudáveis e frescos. Para incrementar o prato do dia, a solidariedade é o tempero: na tradição baiana, camarão combina com quiabo. Mas como a escola não recebe o fruto do mar, a merendeira, cujo marido é pescador, leva camarão de casa.

Para envolver os pais na escola, a equipe cria atividades como a comemoração do dia das mães, que organizou uma aula conjunta entre pais e filhos; ou apresentações do coro de alunos, quando os pais são sempre convidados; além de reuniões semestrais para informá-los sobre o rendimento dos filhos e sobre as atividades da escola.

“Eu acho que o sucesso da escola está nessa união e comprometimento, da menina que faz a limpeza à professora na sala de aula. Eu só faço estimular, orientar e dar sugestões. E todos abraçam a causa”, conclui a diretora.

Maria Clara Machado

Confira outras notícias da Caravana da Educação

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
X
Fim do conteúdo da página