Estudo inédito aponta trajetória dos cursos de saúde
A evasão no curso de medicina é menor entre estudantes de baixa renda do que entre os demais. Dos estudantes que ingressam neste curso no país, 8,8% têm renda familiar de até três salários mínimos. Já entre os concluintes, a porcentagem é maior: 10%. Este é o único caso, nas 14 áreas da saúde, em que a porcentagem de concluintes de baixa renda é maior que a de ingressantes. O curso de medicina também é o único em que as instituições públicas superam as privadas no número de estudantes matriculados.
Os dados constam do estudo que mapeou a trajetória dos cursos de graduação na área da saúde entre 1991 e 2004. A iniciativa, inédita, é fruto de parceria entre os ministérios da Educação e da Saúde e tem por objetivo subsidiar a formulação de uma política nacional de formação de profissionais na área da saúde. O trabalho foi divulgado nesta terça-feira, dia 28, no auditório do MEC, em Brasília. A iniciativa integra as comemorações do Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril. Este ano, o tema central é a formação de recursos humanos.
Para o ministro Fernando Haddad, o trabalho permitirá ao país avaliar e pensar políticas públicas que atendam às demandas da saúde, como o combate às desigualdades regionais. Na relação concluinte (nos cursos de saúde) por habitante, as regiões Sul e Sudeste apresentam os melhores índices na maioria dos casos, enquanto as regiões Norte e Nordeste os piores. Em 2004, no curso de medicina, a média nacional foi de um concluinte por 19.179 habitantes. No Norte, é de um por 40.884 habitantes, enquanto no Sudeste cai para um concluinte por 13.481 habitantes.
O ministro Saraiva Felipe avalia que o estudo contribuirá para adequar os cursos de saúde ao principal desafio do Sistema Único de Saúde (SUS): prestar uma assistência universal e integral à população. Para Felipe, a análise, construída coletivamente com a participação do meio acadêmico, gera uma reflexão positiva sobre a importância da articulação entre as políticas educacional e de saúde do país.
A definição dos 14 cursos avaliados é do Conselho Nacional de Saúde: biomedicina; ciências biológicas; educação física; enfermagem; farmácia; fisioterapia; fonoaudiologia; medicina; medicina veterinária; nutrição; odontologia; psicologia; serviço social e orientação; e terapia ocupacional.
Crescimento - De 1991 a 2004, o curso de saúde que apresentou maior crescimento de matrículas foi fisioterapia, de 11.379 para 95.749 (aumento de 741,5%). Em seguida, está enfermagem, que passou de 22.237 matrículas para 120.851 (variação de 443,5%). Medicina apresentou o menor aumento. Em 1991, eram 46.881 matriculados; em 2004, 64.965 (aumento de 38,6%).
O estudo aponta que a demanda pelos cursos de saúde continua elevada, especialmente no setor público, com relação de 16,2 candidatos por vaga, contra 1,9 no setor privado. Medicina é o curso mais concorrido, com 39,3 candidatos por vaga nas instituições públicas de educação superior e 11,9 nas particulares. É também o curso com maior taxa de ocupação - 95% das vagas nas universidades públicas e 85% nas privadas.
Maioria - As mulheres são maioria nos cursos de saúde. Em fonoaudiologia, serviço social, terapia ocupacional e nutrição, representam mais de 90% dos estudantes. Apenas no curso de educação física o número de homens é superior, com 54,7% dos concluintes em 2004. Em medicina, as mulheres são maioria no ingresso, mas o número de concluintes homens é superior - 52% contra 48% respectivamente.
O diretor de estatística e avaliação da educação superior do Ministério da Educação, Dilvo Ristoff, destaca o envolvimento da comunidade acadêmica na elaboração do trabalho. "É mais um passo rumo à construção de um sistema de educação superior cada vez mais comprometido com a qualidade do ensino e com a vida das pessoas", afirmou. (Assessorias de comunicação dos ministérios da Educação e da Saúde)