Especialista defende ampliação de intercâmbio com professores africanos
É preciso ampliar o intercâmbio com professores africanos para assegurar uma adequada divulgação da cultura afro-brasileira na rede pública de educação. A proposta foi defendida pela consultora da Secretaria de Educação Superior (SESu/MEC), Deborah dos Santos, em virtude do crescimento significativo da reserva de cotas para afrodescendentes, com maior demanda pelo tema.
A divulgação da cultura afro-brasileira é um dos objetivos do Programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior (Uniafro). Para intensificar o atendimento a esta demanda, prevista na legislação, que inclui o tema na rotina das escolas, é necessário adequar o próximo edital do Uniafro às necessidades atuais das universidades.
Em 2004, quando o programa foi criado, havia dez instituições de ensino superior com reserva de vagas e hoje existem 31. Este ano, o MEC destinou R$ 2,5 milhões para universidades federais e estaduais aplicarem em projetos de ensino, pesquisa e extensão, com o objetivo de promover a tradição afro-brasileira.
Para debater essas e outras questões, coordenadores dos Núcleos de Estudos Afro-brasileiros de todo o País e representantes da SESu e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC) se reuniram em Brasília no Seminário Nacional de Avaliação, nesta sexta-feira, 8, para avaliar e aprimorar o Uniafro. O encontro analisa o andamento do programa, desenvolvido desde 2005 em 22 universidades federais e estaduais.
Deborah dos Santos diz que o seminário permitirá a adequação do Uniafro para o próximo ano. “Vamos analisar os eixos atuais do programa, como formação de professores, acesso e permanência e propor mudanças para ampliar suas áreas de atuação em 2007”, explicou.
A Universidade Estadual de Londrina (UEL), uma das instituições que participam do Uniafro desde o ano passado, atua para divulgar a história africana nas escolas públicas da rede de ensino local. A iniciativa já formou 600 professores, ofereceu cursos de capacitação e, em 2007, vai elaborar um material didático alternativo sobre o tema.
De acordo com a coordenadora do projeto, Elena Maria Andrei, a iniciativa enfrenta uma dificuldade típica da região: a pouca presença de negros. “Como Londrina é uma cidade colonizada por europeus e com poucos negros, temos dificuldade em construir uma identidade dessa população, que não tem tradição no município”, justifica.
Flavia Nery