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Coleção didática auxilia professor na inclusão de superdotados

  • Segunda-feira, 28 de maio de 2007, 12h15
  • Última atualização em Quinta-feira, 21 de junho de 2007, 05h01

Aos seis anos de idade, Maximiliano Arellano precisou de um banquinho para alcançar o púlpito da Faculdade de Medicina do Estado do México, há algumas semanas. O menino apresentou a universitários uma conferência sobre osteoporose. Se tivesse nascido no Brasil, Max seria obrigado a se matricular na primeira série do ensino fundamental. No Brasil, as políticas públicas que tratam da inclusão de alunos com altas habilidades e superdotação começaram a ser implementadas há apenas dois anos.

Pela primeira vez, o Ministério da Educação lançou um material didático para auxiliar professores, alunos e familiares a trabalhar com crianças superdotadas. Professores e especialistas reuniram-se na manhã desta segunda-feira, 28, em Brasília, para tratar da inclusão desses alunos no ensino brasileiro. O curso A Construção de Práticas Educacionais para Alunos com Altas Habilidades–Superdotação marcou o lançamento da coleção de livros do mesmo nome.

A coletânea teve tiragem inicial de cinco mil exemplares, mas já houve pedido para a reedição do material. O primeiro dos quatro exemplares trata da superdotação. Os demais trazem orientações a professores, pais e alunos. Para a professora Cristina Maria Delou, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o lançamento dos livros é o início de um trabalho de verdadeira inclusão. “Esse é um esforço de especialistas, do governo e da sociedade civil organizada para levar aos professores a competência necessária no atendimento a esses alunos”, disse.

Dificuldades — Especialistas apontam, entre as dificuldades para o desenvolvimento das habilidades dos superdotados, a legislação brasileira, considerada um empecilho à inclusão. Para Maria Delou, obrigar um aluno com altas habilidades a freqüentar o ensino regular é desperdício de dinheiro público. “A legislação não pode obrigar uma criança superdotada a ficar sentada 200 dias letivos ouvindo e assistindo a aulas sobre um conteúdo que ela já domina”, afirmou.

Para Kátia Marangon, coordenadora-geral de desenvolvimento da educação especial do MEC, a falta de conhecimento dos professores é um obstáculo para a inclusão de alunos com altas habilidades. “O professor, às vezes, sente-se ameaçado quando sabe que há um aluno em sala de aula que tem superdotação. Ele tem de entender como lidar com isso no dia-a-dia”, disse

Soluções — Uma das saídas encontradas pelos professores para garantir o desenvolvimento das habilidades dos alunos precoces é a aceleração dos estudos. Tanto a Constituição Federal quanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) garantem atenção especial aos superdotados. O problema é a identificação desses alunos e a garantia de seus direitos. Antes de 2005, a responsabilidade ficava a cargo do diretor da escola. Só depois da criação dos núcleos de atividades de altas habilidades e superdotação (Naah/S) é que se criou um sistema específico para a identificação e desenvolvimento desses alunos. Os núcleos estão presentes em todos os 26 estados e no Distrito Federal. 

A aceleração dos estudos é dada a alunos de notório saber. Eles são avaliados por uma banca de especialistas e, certificado o conhecimento, podem ser dispensados de matérias e disciplinas ou até mesmo de uma série ou várias. Outra solução é freqüência desses alunos em universidades no contraturno de suas aulas no ensino fundamental.

É o que está sendo feito na UFF. Há na universidade um aluno de 13 anos que já cumpriu créditos de cálculo 1, cálculo 2 e demais matérias do primeiro período do curso de matemática. A única maneira de esse aluno ingressar legalmente no ensino superior é por meio do vestibular. Como ainda não terminou o ensino médio, ele vai à universidade como ouvinte. Depois que ele for aprovado no vestibular, seus créditos serão devidamente aproveitados. A discussão sobre a inclusão de alunos com altas habilidades no sistema educacional brasileiro prossegue até o dia 31 de maio.

Ana Guimarães

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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