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No Pará, banda usa a música para educar

  • Terça-feira, 03 de julho de 2007, 11h52
  • Última atualização em Quarta-feira, 25 de julho de 2007, 09h25

 Belém — Educar por meio da música é o objetivo de músicos do Pará. Eles têm trabalhado de forma voluntária para atender alunos da periferia de Belém que fazem parte da Banda Sinfônica da Escola Estadual Lauro Sodré. A banda tem tanta tradição que, em 2003, foi tombada como patrimônio histórico cultural do estado.

Fundada em 1872, a banda era exclusiva dos alunos da Escola Lauro Sodré. Ao longo dos anos, porém, passou a ter destaque na sociedade paraense e abriu as portas para estudantes de outras escolas e para a comunidade. Ela proporciona a seus integrantes, na maioria pessoas carentes, a oportunidade de sair da situação de risco social.

Ouça um treço executado pela banda

O maestro Silas Borges, na banda há 21 anos, desenvolveu o projeto Educando através da Música para incentivar os jovens a ter formação na área musical. Há três anos, o projeto oferece aulas de teoria musical, prática instrumental — sopro e percussão — e forma grupos de flauta-doce, coral e corpo coreográfico. Este ano, também foi criada a Banda Jovem, formada por alunos do terceiro ano de musicalização, os quais serão preparados para integrar a Banda Sinfônica. “As atividades que desenvolvemos permitem que crianças e adolescentes conheçam melhor a si mesmos e desenvolvam a atenção, o que os auxilia na aprendizagem”, afirma Borges.

 Para fazer parte do projeto, os alunos não podem ficar em recuperação nem tirar notas menores do que sete na escola. “Fico no pé dos alunos. Peço para ver provas e boletins. Não adianta só saber música e não ter formação escolar”, diz Borges. Hoje, mais de 700 alunos, entre oito e 21 anos, estão envolvidos no projeto musical. Eles vêm tanto da capital quanto da região metropolitana de Belém.

Alguns pais de alunos que fazem parte do projeto também se interessaram pela música. É o caso de Raimundo de Oliveira, 45 anos, pai de Luciana, oito anos, flautista há três. Em casa, quando a menina ia praticar o instrumento e mostrava dificuldade, Raimundo não podia ajudá-la. Decidiu, então, pedir à coordenação para fazer parte das aulas. Agora, pensa em continuar a estudar. Seu sonho é fazer licenciatura em música.

Resultados — Muitos estudantes que fazem parte do projeto conseguiram ingressar em bandas militares, no Conservatório de Belém e no curso de licenciatura em música da Universidade Federal do Pará (UFPA). Outros deixam o Pará para se tornar músicos profissionais em outros estados e em outros países. “A banda é o primeiro passo para eles conseguirem um emprego. Nosso orgulho é por esse trabalho partir de uma escola pública”, destaca o maestro, que também foi aluno da Lauro Sodré.

Carlos Renan Vilhena, 14 anos, toca saxofone-alto há três anos. Ele pretende fazer parte de uma banda militar para seguir os passos do avô, que também foi militar, e do tio, que tocava na banda do Corpo de Bombeiros. Desde cedo, Renan era fascinado pela música. “A banda da escola vai me ajudar muito no meu futuro profissional”, afirma.

Títulos — A Banda Sinfônica da Escola Lauro Sodré já conquistou 40 troféus estaduais e 15 nacionais. O mais recente é de 2006, quando levou o tricampeonato no 8º Concurso Nacional de Bandas e Fanfarras, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A banda faz em torno de cem apresentações por ano, dentro e fora do estado, em concertos, abertura de jogos, festas cívicas e eventos culturais. Este ano, todos se preparam para o Campeonato Sul-Americano, na categoria Drum Corpis — a banda interage com o corpo coreográfico. É a primeira vez que o grupo participa dessa modalidade.

Segundo o maestro Borges, muitas vezes a banda esbarra na falta de recursos financeiros. Instrumentos caros precisam ser trocados. As três flautas, por exemplo, são usadas por 15 alunos das turmas de prática instrumental. O grupo tem apoio da secretaria de Educação do estado e de empresas que fazem doações, mas é pouco.

No segundo semestre, serão abertas vagas para mais 400 alunos. O projeto passará a atender em torno de 1,2 mil crianças e adolescentes.

Letícia Tancredi

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