Projeto Despertar melhora desempenho escolar
Os professores do Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra, em Porto Velho, capital de Rondônia, trabalhavam diariamente com questões complexas. Algumas crianças estavam traumatizadas pela separação dos pais ou precisavam melhorar as notas. Havia também casos de mau comportamento, orientações sexuais diversas e uso de drogas.
Os problemas que estavam além da sala de aula exigiram da escola uma atenção especial. Com o apoio da psicóloga Eugislene Demétrio Araújo, a direção resolveu montar uma ação que fosse além dos limites da escola. O Projeto Despertar, que funciona desde 2003, conta com o apoio da psicóloga e de uma professora. No turno oposto ao das aulas regulares, elas atendem os alunos que apresentam problemas emocionais ou de aprendizagem.
Assim que termina o primeiro bimestre letivo, os professores encaminham os alunos para o projeto. Para isso, avaliam o desempenho escolar e o comportamento em sala de aula. Uma vez por semana, os estudantes selecionados conversam com a psicóloga e assistem a palestras.
Temas como auto-estima, motivação, autoconhecimento e técnicas de estudo são levados aos alunos. Além disso, Eugislene tem atenção especial com aqueles que apresentam problemas mais graves. “Um dos meninos começava a se envolver com o tráfico de drogas”, conta. Depois da intervenção do projeto, ele deixou as más companhias. Seu rendimento escolar melhorou. “Hoje, ele é excelente aluno”, garante.
Na escola não existe suspensão. Os estudantes que apresentam comportamento inadequado são convocados para ações de ressocialização. Quando rabiscam a fachada do colégio, por exemplo, eles voltam no período da tarde para limpar. A intenção, segundo a diretora Iná de Aquino Freire, é mantê-los no ambiente escolar. “A suspensão afasta o aluno da escola”, esclarece.
O resultado de tanta atenção pode ser sentido na avaliação do estudante Edjunior Pinheiro do Nascimento, que é acompanhado pelo projeto. Ele cursa a quinta série do ensino fundamental. “Eu aprendi que faltar à escola não é bom. Hoje, venho até doente”, exagera o estudante, que deixou de ser repetente para se tornar bom aluno.
Ana Guimarães