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Educação profissional e tecnológica

MEC investe na formação de professores em educação de jovens e adultos

  • Quinta-feira, 13 de abril de 2006, 16h28

A formação de professores para trabalhar na educação de jovens e adultos está na pauta do Ministério da Educação. Parte do investimento sai do orçamento destinado aos sistemas públicos de ensino que oferecem EJA – neste ano, será de R$ 548 milhões. Mas a atuação é mais diversificada. Conheça as outras ações em andamento, focadas principalmente na oferta de cursos e material didático.

 

Cefets – A partir de maio, 15 centros federais de educação tecnológica (Cefets), constituídos em pólos com outras instituições de ensino, abrirão um curso de especialização em educação de jovens e adultos. Ao todo serão 1.500 vagas, 100 em cada centro. A especialização terá carga horária de 360 horas e as aulas serão ministradas entre maio e dezembro deste ano nos pólos. O curso, que é uma iniciativa e tem o apoio financeiro do MEC, será destinado a professores graduados da rede federal pública e dos sistemas de ensino estaduais e municipais que trabalham com EJA. O objetivo desta ação é consolidar o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio para Jovens e Adultos (Proeja), criado em 24 de junho de 2005, pelo Decreto nº 5.478.

 

Saberes da Terra – Outro investimento da União na formação de professores começa em maio, com a preparação de docentes para trabalhar no Saberes da Terra: programa nacional de educação de jovens e adultos para agricultores familiares integrada com qualificação profissional. O MEC vai formar 530 educadores, dos quais 60 são professores formadores e 470 cursistas. Essa formação terá 360 horas, com etapas presenciais e a distância, que acontecerão durante dois anos: 2006 e 2007.

 

O programa é uma parceria dos ministérios da Educação, Trabalho e Desenvolvimento Agrário, com a cooperação de estados, municípios, organizações não-governamentais e movimentos sociais do campo. A formação dos professores será em serviço, uma vez que as aulas para 5.060 agricultores familiares, com idade entre 15 e 29 anos, também começam em maio. Os recursos da União somam R$ 10 milhões, dos quais R$ 6 milhões são do MEC e R$ 2 milhões de cada um dos outros dois ministérios.

 

A formação de professores em EJA e o ensino fundamental para os jovens agricultores serão oferecidos nas regiões Nordeste (Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Piauí), Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul), Norte (Pará, Tocantins e Rondônia), Sul (Paraná e Santa Catarina) e Sudeste (Minas Gerais).

 

O Saberes da Terra é dirigido aos jovens que trabalham na agricultura familiar e seu objetivo é desenvolver uma política que fortaleça e amplie o acesso e a permanência deles no sistema formal de ensino oferecendo elevação da escolaridade, qualificação social e profissional. A proposta pedagógica é fundamentada no eixo agricultura familiar e sustentabilidade. A oferta do ensino fundamental tem duração de dois anos, com calendário de aulas de acordo com as atividades agrícolas de cada município e região.

 

Educar na Diversidade – É um curso de aperfeiçoamento oferecido pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC) em parceria com a Universidade de Brasília (UnB). Iniciou em 3 de abril e se estenderá até 30 de junho deste ano, com duração de 240 horas. Destina-se à formação de quadros nas cinco temáticas da Secad, entre as quais se destaca a EJA, que tem 200 vagas abertas para professores, gestores, educadores populares.

 

Fazendo Escola – Além de investir diretamente na formação de professores em EJA, o MEC vai repassar este ano R$ 548 milhões para os sistemas públicos de ensino dos 26 estados, Distrito Federal e 4.305 municípios que oferecem educação de jovens e adultos. Os recursos públicos devem ser investidos em ações que apóiam, sustentam e promovem EJA: livros didáticos específicos para alunos e professores, merenda escolar, material didático, formação continuada e pagamento de professores. Os recursos do Fazendo Escola vão beneficiar este ano 3,3 milhões de jovens e adultos que estão cursando o ensino fundamental e médio em todo o país.

 

Material didático – Especialmente para os professores que trabalham com EJA, o MEC vai entregar em junho uma coleção de cinco cadernos elaborados pela educadora, escritora e especialista em educação de jovens e adultos Vera Barreto. São 240 mil volumes agrupados em 48 mil kits e mais 6.100 CDs-rom, que serão enviados a diretores de escolas públicas, secretarias estaduais e municipais de educação e coordenadores estaduais de EJA. Os cadernos serão para os professores e os CDs-rom, para as secretarias multiplicar o material e oferecê-lo às suas escolas.

 

O conjunto de cadernos trata, entre outros pontos, da didática e dos procedimentos que os educadores de EJA devem conhecer para trabalhar com estas classes de alunos, do perfil do público de EJA: o que procura na escola, o que sabe e o que não sabe, as relações com o mundo do trabalho e onde vivem; apresenta estratégias capazes de gerar, desenvolver e manter a sala de aula como um grupo de aprendizagem; aborda quatro instrumentos importantes para a prática pedagógica dos professores: observação e registro; avaliação e planejamento; desenvolvimento de questões, funções e utilidades do cotidiano do professor; orientações e discussões relativas à teoria do conhecimento: como os alunos aprendem e como o professor ajuda ensinando.

 

Universidades – Além das políticas públicas realizadas diretamente pelo MEC, professores são formados para EJA no ensino superior. Pesquisa do professor Leôncio Gomes Soares, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostra que das cerca de 1.500 instituições de ensino superior (IES) do país – públicas, privadas, comunitárias – que têm cursos de pedagogia, 16 oferecem habilitação em educação de jovens e adultos. Contando os campi destas instituições, diz o pesquisador, 24 cursos têm habilitação em EJA.

 

Com a pesquisa em andamento, Soares constatou que existe um crescimento da oferta. Em 2002, nove instituições tinham a habilitação e agora são 16, mas nesse meio tempo também algumas encerraram a oferta. É o caso do campus de Juazeiro da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), que foi pioneiro na área. A habilitação foi suspensa, explica, por falta de interesse dos alunos da pedagogia.

 

Na UFMG, que criou a habilitação em EJA há 20 anos, ela é oferecida nos dois últimos anos do curso de pedagogia, mas Leôncio diz que é importante estender esta formação para as demais licenciaturas: história, geografia, matemática, química, física, biologia, português e línguas estrangeiras.

 

Ionice Lorenzoni

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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