Escolas salvam quilombolas da fome
Natal – Estatísticas são fundamentais para balizar políticas públicas, principalmente as dirigidas a populações específicas, como os indígenas e os quilombolas. Com estas palavras, Ana Lúcia Pereira, integrante do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), iniciou na tarde desta quarta-feira, 26, no 4º Encontro Nacional de Alimentação Escolar, que se realiza em Natal, a mesa-redonda sobre a política alimentar para os estudantes indígenas e de comunidades remanescentes de quilombos.
Ana Lúcia observou que dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2004 revelam a enorme disparidade entre a segurança alimentar dos brasileiros brancos e a dos negros. Entre a população branca, 71,9% possuem segurança alimentar e apenas 4,1% vivem em situação de insegurança alimentar grave. Na população negra e parda, menos da metade – 47,7% – tem segurança alimentar e 11,5% estão em situação de insegurança alimentar grave.
Pesquisa feita em 2006 em 60 comunidades quilombolas revela que grande parte dos menores de cinco anos corre alto risco de desnutrição e vivem em situação precária, em péssimas condições de moradia e sem acesso a água e esgoto. Hoje, 57% das famílias quilombolas pertencem à classe E e estão entre os 4% mais pobres da sociedade brasileira.
“A alimentação escolar é fundamental para que a comida chegue a essas crianças e é possível afirmar que elas ainda não estão em estado de desnutrição graças a isso”, afirmou Ana Lúcia. No entanto, disse ela, embora as 129 mil crianças quilombolas atendidas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) estejam protegidas contra a desnutrição, a insegurança alimentar e nutricional ameaça e atinge suas famílias. Não muito diferente é a realidade dos indígenas, também expostos a uma grande insegurança alimentar.
Assessoria de Comunicação Social do FNDE
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