Portal do Governo Brasileiro
Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Todas as notícias > Escritor cabo-verdiano é duas vezes premiado em concurso
Início do conteúdo da página
Literatura para Todos

Escritor cabo-verdiano é duas vezes premiado em concurso

  • Sexta-feira, 04 de dezembro de 2009, 10h25
  • Última atualização em Terça-feira, 08 de dezembro de 2009, 18h47

Belém — Filho de mãe analfabeta e pai com pouca instrução formal, o escritor cabo-verdiano José Luiz Tavares, radicado em Portugal, só conheceu uma biblioteca aos 14 anos de idade. O contato com os livros, embora ocorrido mais tarde em relação à maioria dos jovens que frequentam as escolas, foi avassalador. Ele nunca mais parou de ler, e a leitura o estimulou a escrever. Dois de seus livros foram selecionados pelo prêmio Literatura para Todos. José Luiz e outros nove autores serão premiados nesta sexta-feira, 4, no encerramento da 6ª Conferência Internacional de Jovens e Adultos (Confintea), às 11h, em Belém.


Os livros de José Luiz — um foi escolhido na segunda edição do prêmio, em 2008, e outro, na terceira, este ano — reúnem poemas. “Mas eu comecei a escrever em prosa”, relembra. Quatro anos depois de entrar numa biblioteca e se deparar com a Odisséia, de Homero, numa edição para jovens, José Luiz começou a escrever contos e crônicas.  “Comecei muito tarde”, lamenta.


Para ele, a capacidade de escrever tem tudo a ver com o hábito da leitura. “Mas isso não quer dizer que todo leitor será um escritor”, avisa. Na opinião do escritor, sem a leitura, porém, teria sido impossível trabalhar um dom que, até então, não fora estimulado. “Acho que ter lido a Odisséia, naquela época, foi um pouco premonitório, como se o livro estivesse me dizendo que eu, como Ulisses, me aventuraria numa odisséia para ser escritor.”


A linguagem das obras selecionadas pelo prêmio deve ser voltada para o jovem ou adulto que esteja começando a se familiarizar com a leitura. De acordo com José Luiz, escrever para esse público significa explorar uma linguagem de fronteira, nem voltada para o público infantil, nem para o adulto. “Foi assim que eu aprendi a ler. Eu me habituei com os livros que não eram feitos supostamente com facilidade para que determinado público compreendesse.”


Na visão de José Luiz, os livros premiados pelo concurso guardam em comum a vantagem de não ser tão fáceis nem tão difíceis de ler. Por isso, estão ao alcance tanto de quem já tem um grau de habilidade avançado com a leitura quanto do jovem ou adulto que esteja começando. “Quem está começando pode encontrar mais dificuldades, é claro, mas não vai se deparar com histórias que não correspondam a sua capacidade de imaginação.”


O primeiro livro de José Luiz premiado na segunda edição do Literatura para Todos foi Os Secretos Acrobatas. Nele, o tema principal dos poemas é o corvo. “Apesar de o animal estar associado a maus agouros, o corvo, para mim, representa o povo cabo-verdiano, que é muito perseverante”, diz. A segunda obra, À Bolina ao Redor do Natal, também de poemas, foi inspirada em lembranças infantis do autor em relação à data.


Premiação — Dos dez autores escolhidos, nove receberão premiação de R$ 10 mil e um, menção honrosa. Todos os livros integrarão a coleção Literatura para Todos, com tiragem de 300 mil exemplares, e serão enviados pelo Ministério da Educação a estudantes jovens e adultos que começam a ter os primeiros contatos com a literatura.

Maria Clara Machado

X
Fim do conteúdo da página