Especialistas debatem diversidade sexual nas escolas
Pensar em uma escola livre de qualquer forma de preconceito é o desafio apontado por especialistas durante debates sobre educação, gênero e diversidade sexual. As descobertas de gênero e sexualidade manifestadas na infância e na adolescência apresentam efeitos diretos na educação escolar. Especialistas apontam a discriminação como principal causa de evasão escolar entre adolescentes homossexuais.
A escola como um espaço de reflexo das relações sociais caracteriza-se como um ambiente hostil para crianças e adolescentes que se comportam fora dos padrões aceitáveis de gênero e sexo. “O acesso de transexuais e travestis a uma universidade é difícil, eles não chegam ao ensino médio, não terminam nem o ensino fundamental”, afirma o professor Beto de Jesus, representante da Associação Internacional de Gays e Lésbicas de São Paulo.
A trajetória escolar de Andréa Stefani, travesti e representante do Centro de Apoio e Solidariedade à Vida e do Movimento de Transexuais, confirma a opinião dos especialistas ao relatar que passou dez anos sem estudar, por causa do preconceito. “A minha experiência escolar foi a pior possível, vivi um pesadelo de infância, pois eu não era atendida nas minhas expectativas. Queria ser entendida como mulher e os professores e alunos não entendiam nem respeitavam”, diz Andréa.
O despreparo de professores para trabalhar as questões de diversidade passa pela dificuldade de compreensão sobre questões de gênero e dos conceitos preestabelecidos e vivenciados pelos educadores durante a trajetória pessoal e profissional. O primeiro passo para transformar essa realidade, apontam os especialistas, já está sendo dado. “O fato de discutirmos isso em uma sala cheia de gente, de professores interessados na questão, é um começo significativo, mas precisamos colocar em prática. A escola tem que acompanhar as mudanças sociais estabelecidas”, afirma Bárbara Graner, transexual palestrante do evento.
Os especialistas apontam ainda para a necessidade de revitalização dos currículos escolares para se adequarem às questões atuais de gênero e diversidade sexual, respeitando a mudança de perfis de homens e mulheres na família, no trabalho e nas relações sociais, sob pena de o ensino perder o objetivo de formar cidadãos.
Karla Nonato