Luta contra preconceito em Rondônia
Em Rondônia, a madeira presente nas reservas indígenas causa conflitos entre a população branca e os povos locais. A professora Francimaura Miranda de Sousa dava aulas na escola municipal de educação infantil Balão Mágico, em Rolim de Moura, quando resolveu desenvolver o projeto pedagógico Povos Indígenas: Conhecer para respeitar. Naquele município da zona da mata, as principais fontes de recursos são a agropecuária e a indústria madeireira.
Trabalhando com 50 crianças entre dois e três anos, Francimaura pesquisou o conhecimento prévio dos seus alunos sobre os povos indígenas. “Eles repetiam o que seus pais diziam sobre os índios e não tinham conhecimento sobre a riqueza cultural desse povo”, relata a professora. Quando mandou cartas aos pais perguntando o que achavam sobre os povos indígenas, a surpresa de Francimaura foi ainda maior: “80% deles não gostavam ou não queriam falar sobre esse assunto”, conta a professora. Ela atribui o preconceito aos conflitos econômicos da área, principalmente extração de madeira.
Com o projeto Povos Indígenas: Conhecer para respeitar, um dos 20 vencedores do 2o Prêmio Professores do Brasil, a professora trouxe a cultura indígena para dentro da sala de aula. Artesanato, música e língua dos povos indígenas do estado foram trabalhados com as crianças, que perderam o preconceito. “Era uma questão de falta de conhecimento e não de sentimento”, afirma Francimaura. Ao final de seu projeto, muitos pais tinham mudado de opinião sobre os índígenas.
Na comemoração do Dia do Índio, em 19 de abril deste ano, os pais conferiram o resultado do trabalho. “80% deles vieram à apresentação e gostaram de ver seus filhos vestidos como índios”, diz a professora. “Infelizmente alguns pais não vieram à apresentação”, lamenta.
As experiências de Francimaura e dos outros vencedores do Professores do Brasil estão sendo apresentadas no seminário do prêmio, no Hotel Nacional, em Brasília, até as 18h desta terça-feira, 16. Os vencedores ganharam um troféu e R$ 5 mil. Mas, para a professora de Rondônia, seu maior prêmio foi quebrar preconceitos. “As crianças mudaram e ainda levaram esse conhecimento para os pais”, conta.
Ana Guimarães