Cartilha usa música para alfabetizar adultos
Uma cartilha especial para jovens e adultos, ilustrada pelo cartunista Ziraldo e com impressão custeada pelo Ministério da Educação, é utilizada por quatro mil alfabetizandos do projeto Ler e Descobrir, em Belo Horizonte. Com dez mil exemplares e 388 páginas, a cartilha Ler e Descobrir para a Alfabetização vincula músicas ao aprendizado. Ela é dividida em três etapas: sílabas simples, dígrafos e gramática, com músicas como ABC do Sertão (Luiz Gonzaga e Zé Dantas), Aquarela do Brasil (Ary Barroso) e Luzes da Ribalta (Charles Chaplin e Gioffrey Parsons).
A autora da cartilha, Cláudia Maria Moretzsohn, mineira de Caratinga, há 15 anos trabalha com alfabetização e educação de jovens e adultos na região metropolitana de Belo Horizonte e em outros municípios. Cláudia é formada em história e pós-graduada em filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo ela, há muitas cartilhas de alfabetização para crianças no país, mas poucas são direcionadas a jovens e adultos. Daí surgiu a idéia de confeccionar a obra, que homenageia a atriz Vanja Orico, única brasileira a participar da filmografia de Federico Fellini. Vanja interpreta uma cantora cigana em Mulheres e Luzes (1950), do cineasta italiano. No filme, ela canta Meu Limão, Meu Limoeiro, música de domínio público.
Moradora do Rio de Janeiro, Vanja Orico sempre vai a Belo Horizonte ajudar nos cursos de alfabetização e de educação de jovens e adultos realizados pelo projeto Ler e Descobrir, que já alfabetizou cerca de 30 mil pessoas em 300 municípios. A atriz canta para os alunos, geralmente trabalhadores da construção civil ou jovens e adultos da periferia de Belo Horizonte.
Canteiros — “Nos canteiros de obras, em Belo Horizonte, 60% dos trabalhadores eram analfabetos. Ao se alfabetizarem e completarem o quarto ano do ensino fundamental, eles ganham não só o estudo, mas até aumento de salário”, disse Cláudia.
Depoimentos desses operários estão na revista Ler e Descobrir. Um deles é Manoel Francisco Inácio. “O estudo faz o ser humano separar o falso do verdadeiro, o joio do trigo, o agradável do útil e compreender a diferença de ganhar mal com o ganhar menos”, disse Manoel.
Mais informações pelo telefone (31) 3287-6006.
Repórter: Susan Faria