Evasão zero na Casa Meio-Norte
Teresina — Casa, castelo. Um lugar de sonhos. É assim que os alunos da Escola Municipal Casa Meio-Norte, em Teresina, definem a instituição na qual estudam. Moradoras de uma comunidade com condições sociais precárias, vindos, em muitos casos, de famílias desestruturadas, as crianças encontram na escola uma cultura de paz. A direção acredita que esse é o fator principal que mantém o índice zero de evasão escolar desde 2002.
Assim que chega à escola, a criança toma o café da manhã e participa do momento da acolhida, no qual todos se reúnem no pátio para cantar músicas que incitam ao amor e à religiosidade. Com olhares vivos e um entusiasmo contagiante, os alunos cantam, de mãos dadas, o tradicional Hino da Paz, da escola: “Somos campeões porque somos da paz”. Só depois de fazer uma oração de agradecimento a Deus, eles vão para as salas de aula. Ali, mais um momento de acolhida, no qual cantam e brincam de acordo com a aula do dia.
“Nossas crianças precisam se sentir bem. A escola procura formas de amenizar as perdas sociais e na família”, afirmou a coordenadora pedagógica, Ruthnéa Vieira. Os beijos e abraços nas professoras já são rotina. Assim que chegam, os alunos correm para os braços das “tias”, que os recebem como se fossem verdadeiras mães.
O carinho com os alunos começa por Ozélia Silva, zeladora da escola. Todos os dias, ela percorre as salas e dá bom-dia aos “netinhos”. Ozélia coloca-se como uma espécie de professora-zeladora. “De alguma forma, também os ensino a ter higiene e bom comportamento”, justificou.
Osana Morais, a diretora, tem a consciência de que a escola é pública. “Cada menino e cada menina são o patrão e a patroa da escola. Nosso compromisso é mais do que a educação formal. É uma missão”, disse. O ponto de chegada dessa missão, segundo Osana, é o resgate da cidadania, o senso de responsabilidade, o respeito e a paz. “Aqui, elas sabem que são amadas e queridas”, completou Ruthnéa.
Freqüência — O controle da freqüência escolar é rigoroso e tem a colaboração do conselho escolar, formado por professoras, pais de alunos e representantes da comunidade. Todos os dias, um membro do conselho vai a cada sala de aula fazer a conferência. Caso algum aluno tenha faltado, ele segue imediatamente para a casa do ausente para saber o motivo da falta.
A preocupação com as crianças estende-se à questão da merenda. Desde o ano passado, a escola serve três refeições diárias, por meio do projeto Reforço Alimentar. Graças a doações de empresas privadas, os alunos da manhã tomam café com leite e biscoitos, complementados, mais tarde, por um caldo ou mingau de milho. Os da tarde tomam leite com chocolate, quando chegam, e depois fazem o lanche.
Os recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) ficam exclusivamente para o almoço e o jantar, refeições altamente nutritivas. O cardápio inclui feijoada, risoto de frango e baião-de-dois, prato típico da culinária nordestina. “Crianças bem alimentadas produzem melhor”, destacou Ruthnéa.
Letícia Tancredi