MEC aposta no fim da greve dos professores universitários
O secretário executivo adjunto do Ministério da Educação, Ronaldo Teixeira, achou muito positiva a reunião desta quarta-feira, 19, com o comando nacional de greve dos professores das instituições federais de ensino superior (Ifes). “Nós temos expectativa favorável de que no início da semana que vem todos estarão de volta às salas de aula”, afirmou o secretário, que vê mais pontos em comum do que divergentes entre a proposta do MEC e a dos professores.
Um dos pontos discordantes se refere à incorporação de gratificações ao salário, uma reivindicação histórica dos professores. “A questão da paridade tem a nossa concordância. A pequena divergência é sobre quando estabelecê-la, para que não haja impacto brutal no orçamento”, afirmou. Por outro lado, as partes estão de acordo quanto à criação da categoria de professor associado, ao aumento por titulação e à necessidade de contratar novos professores no projeto de expansão das universidades.
O comando de greve apresentou um documento com análise da proposta feita pelo MEC no dia 14 deste mês, que prevê liberação de R$ 500 milhões em 2006 para a folha de pagamento dos docentes de terceiro grau. A medida, autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, permite dar um reajuste salarial de até 25%.
O documento dos grevistas apresenta cinco pontos básicos: 1) paridade entre os salários dos docentes da ativa, aposentados e pensionistas; 2) isonomia: mesma remuneração por trabalho igual; 3) recuperação do poder aquisitivo diante da perda inflacionária; 4) extinção das gratificações com suas incorporações, para efetivar o fortalecimento do vencimento básico; 5) fim das remunerações por critérios produtivistas.
De acordo com a presidente do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes-SN), Marina Barbosa, estas propostas beneficiam cerca de 100 mil professores das universidades federais, do ensino básico, ligados a universidades, aposentados e pensionistas. Seu custo é de R$ 800 milhões ao ano.
O MEC vai analisar a proposta e apresentar até quinta-feira, 20, à noite, uma contraproposta, que será analisada em assembléias dos professores até o início da semana. Na próxima quarta-feira, 26, representantes do MEC voltam a se reunir com o comando de greve, que apresentará sua posição.
“A representação sindical do Andes e do ProIfes externaram pontos comuns, ainda que nossa proposta tenha sido rejeitada, mas parcialmente. Há compreensão dos professores sobre a importância de restabelecer suas atividades”, observou Ronaldo Teixeira.
De acordo com o secretário executivo adjunto, um grupo de trabalho pode reestruturar a carreira dos docentes e acabar com todos os pontos divergentes, o que levaria não só a um acordo de momento, mas à construção de uma carreira dos professores universitários.
Vários parlamentares que tentam intermediar a negociação participaram do encontro entre Andes, ProIfes e MEC.
Repórter: Susan Faria