Pesquisadores analisam propagandas de remédio
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) concluíram, em pesquisa encomendada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que quase todas as propagandas de medicamentos veiculadas na mídia têm irregularidade. A informação é da professora Cláudia Maria Oliveira Simões, do Departamento de Ciências Farmacêuticas, do Centro de Ciências da Saúde. A professora é a coordenadora na UFSC do projeto Monitoração e Fiscalização de Propaganda, Publicidade, Promoção e Informação de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária, da Anvisa.
O estudo envolve 20 universidades públicas. A UFSC ingressou no projeto em janeiro e recebeu investimentos da Anvisa de R$ 42 mil para fazer o monitoramento. Na universidade, o projeto envolve 15 bolsistas de cursos de graduação em medicina, farmácia, odontologia, enfermagem, jornalismo, publicidade e direito, além da professora Marlene Zannin, do Departamento de Patologia, e da farmacêutica Marisete Canelo Resener.
“O projeto envolve monitoramento das propagandas e é feito a partir da gravação da programação de quatro rádios da grande Florianópolis: Band FM, Itapema FM, CBN AM e Guararema AM, em horários aleatórios. Na televisão, são analisadas as programações de duas emissoras locais: SBT e Barriga Verde, e os programas Casseta e Planeta e Malhação, da TV Globo”, diz Cláudia Maria. Segundo ela, são checados diariamente dois jornais catarinenses, A Notícia e Diário Catarinense, e folhetos publicitários em doze farmácias selecionadas, clínicas médicas, odontológicas e de fisioterapia.
Após coletadas, as propagandas são analisadas pelos alunos do projeto. A análise é norteada pela Resolução nº 102, da Anvisa, publicada em 2000, que regula a propaganda de medicamentos na mídia. Legislações mais amplas, como o Código de Defesa do Consumidor, também são utilizadas. Para cada peça publicitária, é feito um formulário, preenchido com quatro pareceres sucessivos: técnico-científico, risco sanitário, análise publicitária e enquadramento legal e conclusivo. O técnico-científico é feito por alunos de farmácia, medicina, odontologia e enfermagem. Eles analisam possíveis erros nas propagandas, de acordo com a literatura científica disponível.
Saúde – Depois, é feito o parecer de risco sanitário, onde a propaganda é analisada segundo seus efeitos e riscos à saúde da população, para a qual é direcionada a propaganda em análise. O terceiro passo é o da análise publicitária, em que a propaganda é checada pelos alunos da área da comunicação. Por último, a propaganda recebe um parecer de enquadramento legal e conclusivo, por alunos de direito, que discutem aspectos jurídicos da peça publicitária.
As atividades ocorrem na sala anexa ao Centro de Informações Toxicológicas, no Hospital Universitário, onde o projeto está instalado. Após as análises de todas as peças publicitárias monitoradas, os relatórios mensais, com os pareceres, são enviados à Anvisa, em Brasília. Lá, os técnicos da agência avaliam a possível retirada da peça publicitária de circulação e o estabelecimento de multas. (com informações da Assessoria de Imprensa da UFSC).
Repórter: Sonia Jacinto